De um dia para o outro, as ações da Sanepar negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) tiveram excelente valorização. No dia 15 deste mês, por exemplo, foram vendidas com uma valorização de 4,56% em relação ao pregão do dia anterior. No dia 16, nova alta: 2,85%. Maior ainda foi no dia 17, quando seus papéis foram negociados com um índice 6,85% maior. Para se ter ideia: quem, no dia 14, era dono de R$ 100 mil reais em ações da companhia paranaense, teve seu capital aumentado para R$ 115.700,00 em apenas três dias.

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Essas altas consecutivas ocorreram exatamente nos três dias em que o índice Bovespa médio teve comportamento bem modesto. Por exemplo: no dia 17, quando a ação da Sanepar subiu 6,85%, a Bovespa teve uma valorização de apenas 0,09%.

Gente que acompanha o mercado ficou intrigada. Princi­­­palmente em relação à alta do dia 16. Por que, repentinamente, o papel se valorizou tanto nesse dia? Por que tantos investidores adquiriram o papel?

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A explicação foi encontrada somente no dia seguinte, 17, quando o site da Bovespa publicou o "Fato Relevante" emitido pela Sanepar dando conta que um decreto do governador, assinado (mas não publicado) no dia 15, havia determinado aumento de 16% nas tarifas de água e esgoto a vigorar a partir de 19 de março. Claro, tarifa maior, dividendos maiores...

Então, indagam os curiosos aos seus respectivos botões: tinha gente que já sabia previamente que haveria reajuste na tarifa e, consequentemente, valorização das ações? Se sim, tal fato explicaria porque nos três dias citados foram negociadas mais de 470 mil ações, logicamente adquiridas na baixa. O volume médio negociado nos dias anteriores oscilava em torno de 30 mil ou 40 mil ações.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é sempre muito exigente quando se trata da obrigação das empresas com ações na bolsa de comunicar com antecedência o mercado sobre qualquer fato que influa (positiva ou negativamente) nas cotações. São os tais "Fatos Relevantes".

No caso, o decreto de reajuste baixado por Richa data do dia 15. No dia 16, o Fato Relevante ainda não estava no site da Sanepar, e só foi aparecer no site da Bovespa no dia 17 – quando quem sabia e podia já tinha feito a festa.

A propósito: o ex-presidente da Sanepar Stênio Jacob foi punido pela CVM pelo simples fato de ter tagarelado sobre planos de investimento sem antes ter publicado um "Fato Relevante".

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Olho vivo

Contramão 1

O Tribunal de Justiça do Paraná acaba de concluir a compra de 120 novos carros para seus desembargadores – um para cada um. São da marca Renault, modelo Fluence, que na loja em versão básica custam R$ 75 mil cada um. A providência vem na contramão de uma decisão tomada em 2009 segundo a qual a frota de carros do TJ seria gradativamente diminuída até se reduzir a apenas cinco para uso da cúpula do Judiciário, para fins de representação. À medida que os desembargadores mais antigos (que tinham direito a um carro exclusivo) fossem se aposentando, seus automóveis seriam também alienados. Nos últimos anos, menos de 30 magistrados contavam com o privilégio. Agora o privilégio acabou: todos voltarão a ter carros!

Contramão 2

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Como, no período, o número de motoristas também foi caindo, hoje faltam motoristas para tanto carro. Por isso, na quinta-feira, o presidente do TJ, desembargador Miguel Kfouri Neto, enviou ofício a todos os desembargadores para que indicassem funcionários de seus respectivos gabinetes habilitados para dirigi-los. "A situação perdurará apenas enquanto se ultimarem as providências para a contratação de motoristas terceirizados", diz o ofício. A gasolina também correrá por conta do TJ?

Sem política 1

Quem andava imaginando que Rebeca Dias, filha de Osmar Dias, seria candidata à Câmara de Vereadores de Curitiba, que tire o cavalinho da chuva. O motivo mínimo para que ela não concorra é o fato de nem sequer ser filiada a qualquer partido, o que inclui, lógico, o PDT presidido no estado pelo pai ex-senador e agora vice-presidente do Banco do Brasil.

Sem política 2

Não fosse esse impeditivo legal, há outros que Rebeca acha ainda mais importantes: a) ela se recusa a seguir carreira política; b) está entusiasmada com o magistério (é professora de Direito na faculdade Dom Bosco); c) prefere se dedicar ao doutorado que está conquistando pela Universidade Federal do Paraná. Ela esclarece tudo isso para tirar um peso da cabeça do pai, que já vinha se incomodando com queixas de pretensos candidatos que temiam a concorrência desleal de Rebeca.

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