Olho vivo
Emergência
A primeira obra anunciada por Beto Richa será realizada sem licitação. Trata-se da dragagem dos berços de atracação do Porto de Paranaguá, no valor de R$ 2,5 milhões. A contratação emergencial já estava sendo preparada pela administração anterior da APPA.
Dentro da lei!
Para exercer menos de 20 dias de mandato e num período de férias da Assembleia, três suplentes assumiram ontem suas cadeiras no lugar de deputados convocados para o secretariado. São eles: José Domingos Scarpellini, Alisson Vandsheer e André Pegorer. Apesar da inutilidade prática da posse, a lei manda que assim seja. E manda também que se lhes pague os devidos subsídios...
Fez muito sucesso na década de 60 o filme Adivinhe quem vem para o jantar. A produção retratava uma situação, à época, comum na racista sociedade norte-americana. Era o caso de uma família rica, branca, cuja filha (representada por Katherine Houghton) se apaixona por um negro (o ator Sidney Poitier). O jovem casal de namorados viveu o drama de enfrentar os preconceitos não apenas dos pais dela, mas também da ativa comunidade negra.
A pedido da Gazeta do Povo, o Instituto Paraná Pesquisas propôs ao eleitor uma questão parecida, perguntando-lhe: "Que político você convidaria para um almoço em sua casa?" Entre os curitibanos, 25% dos entrevistados disseram que convidariam a senadora petista eleita Gleisi Hoffmann. Ficou em 1.º lugar. Na segunda colocação, com 20%, vem o deputado federal do PSC Ratinho Jr. Já o deputado Gustavo Fruet sentaria à mesa de 18% das casas curitibanas. O prefeito Luciano Ducci (PSB) seria o preferido de 11%.
O que há em comum entre esses quatro hipotéticos convidados para almoçar? Todos eles são, em tese, pretendentes a disputar o cargo de prefeito da capital em 2014. E o resultado da pesquisa, também em tese, representaria a disposição dos eleitores de votar preferencialmente naquele que gostariam de ter como comensal em sua casa.
A dificuldade de transformar o convite para almoçar em voto reside no fato de que os supostos convidados teriam, antes, de combinar todos os complexos fatores prévios capazes de viabilizar suas candidaturas. O primeiro desses fatores é o desejo e/ou a conveniência pessoal de cada um.
Por exemplo: embora tenha sido a mais citada para compor a mesa do almoço, a senadora Gleisi Hoffmann não parece, agora, disposta a assumir o desafio de candidatar-se a prefeita de Curitiba. Ela acaba de ganhar mais de 3 milhões de eleitores de todo o Paraná uma cadeira no Senado e não teria lógica, menos de dois anos após o início do mandato, pensar em trocá-lo pela prefeitura.
É verdade que Gleisi já almejou o cargo, concorrendo com Beto Richa em 2008. Fez 19% dos votos um capital eleitoral considerável que pode ser preservado para, quem sabe, 2016.
Já o deputado Ratinho Jr., o deputado federal mais votado de 2010, com 360 mil votos (dos quais quase 100 mil só em Curitiba) não esconde de ninguém o projeto de um dia vir a se tornar prefeito da capital. Ocorre que o seu minúsculo partido, o PSC, isoladamente, assim como uma solitária andorinha, não faria verão. Precisaria ter em torno de si uma coligação partidária expressiva tarefa que não lhe parece fácil de cumprir. Afinal, os outros partidos fortes, como PSDB, DEM, PSB e o PMDB têm outros planos.
Firme vontade
Gustavo Fruet é outro que demonstra firme vontade de chegar à prefeitura. Sempre foi o deputado federal mais votado em Curitiba e como candidato a senador pelo PSDB na última eleição, foi também o mais votado, com 650 mil votos. Suplantou Gleisi e deixou o eleito Roberto Requião na rabeira entre os eleitores curitibanos.
Tucano com prestígio nacional, pode encontrar dificuldades, no entanto, dentro do próprio partido no âmbito estadual liderado hoje, em razão do cargo que ocupa, pelo governador Beto Richa. Acontece que Beto, muito embora negue, estaria mais propenso a apoiar a reeleição do tradicional aliado Lucinao Ducci, atual prefeito justamente o menos lembrado para o convite de almoço.
Com isso chega-se a este último mencionado na pesquisa cujos 11% de preferência para a mesa do almoço lhe deixam quase na posição de representar o papel de Sidney Poitier no filme de 1960. A família curitibana pode até não o querer tanto, mas Beto Richa no papel de Catherine Hepburn pode estar perguntando: "Adivinhem quem eu vou convidar."