Já não se pensa em outra coisa nos meios políticos senão em 2010. Consolidado o consenso de que a eleição municipal deste ano marca o fim do ciclo requianista e que o PT sai dela manco e magro, as oposições começam a disputar internamente para ver com quem vai ficar a parte maior do butim isto é, qual dos vários grupos que a compõem vai ocupar a cadeira de governador.
Sem condições político-partidárias de indicar e eleger um sucessor, ao governador Roberto Requião restará administrar o pouco que lhe sobra da biografia para, em abril de 2010, desocupar o Palácio das Araucárias e lançar-se candidato a um mandato parlamentar que lhe assegure aquilo que de mais precisa: imunidade e foro privilegiado. Senado ou Câmara Federal?
Taí um problema: no seu lugar deixará o vice-governador Orlando Pessuti que, com a ajuda da mulher Regina, cozinha em fogo brando um balde cheio de ressentimentos. Pessuti pretende ser o candidato do PMDB ao governo, mas não lhe passa pela idéia carregar o peso de uma "dobradinha" com Requião para o Senado uma dificuldade a mais para as combalidas forças do PMDB no estado.
Rever candidatura
Por outro lado, apesar da firme vontade e das notórias condições de que dispõe para outra vez disputar o governo, as circunstâncias que estão se criando poderão levar o senador Osmar Dias a rever sua candidatura. A circunstância que se apresenta é a hipótese cada vez mais real de o PSDB forçar (!) o reeleito prefeito Beto Richa a candidatar-se.
Nesse caso, a Osmar Dias sobrariam duas alternativas: manter a candidatura ao governo e dividir a oposição ou conformar-se com mais uma reeleição para o Senado. Por enquanto, ele pensa apenas na primeira opção, pois tem um trunfo na mão: como o seu partido, o PDT, é da base governista, e como o PT sai enfraquecido da presente eleição, não é improvável que venha a concorrer com o apoio de Lula, interessado em ter no Paraná um forte palanque para Dilma Roussef um contraponto importante ao palanque que Beto Richa dará ao tucano José Serra.
Dupla
Se, contudo, optar pela disputa ao Senado, Osmar poderá ganhar o apoio "branco" do PSDB e ainda ajudar os tucanos a conquistarem, com o deputado Gustavo Fruet, a segunda vaga senatorial.
Se for assim, tendo de enfrentar a dupla Osmar Dias/Gustavo Fruet, não sobrará eleitorado suficiente para levar Requião ao Senado. Terá de se conformar com uma cadeira bem votada de deputado federal.
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Motes de morte
Os dois últimos motes da campanha de Gleisi Hoffmann são, no mínimo, um contra-senso, na medida em que tacitamente reconhecem antecipadamente a vitória de Beto Richa um erro estratégico que profissionais do marketing político sempre evitam cometer: o peru pode até morrer na véspera, mas não deve espalhar.
Um dos motes bolados pelos marqueteiros do PT é o apelo ao eleitorado para que não despeje agora tantos votos no adversário, de modo a evitar que a eleição seja decidida já no primeiro turno. Ou seja: o PT já não esconde que sua candidata pode mesmo ser derrotada já neste domingo.
Outro mote que mostra que o PT já reconhece a reeleição Beto Richa é aquele que põe em dúvida se ele cumprirá integralmente os quatro anos do próximo mandato ou se o abandonará antes do tempo para disputar o governo.
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Olho Vivo
Hora de comprar
Semanas atrás, um grande executivo empresarial chamava a atenção do colunista para um fato interessante: as ações das empresas públicas paranaenses de capital aberto estavam em forte baixa nas bolsas e que seria um bom negócio para os investidores comprá-las agora. Segundo seu raciocínio, assim que acabar o governo Requião os papéis vão valorizar e os lucros serão grandes. O executivo não disse, mas é provável que estivesse se referindo ao anunciado aumento de capital da Sanepar com oferta de ações a baixo custo.
Ponta do Poço
Aconteceu ontem, na antiga colônia de férias do Banestado, a primeira audiência pública para debater aspectos ambientais do projeto de construção do porto da Ponta do Poço, no município de Pontal do Sul. O governo estadual havia decretado a desapropriação da área prevista para o porto, mas seu proprietário, o empresário João Ribeiro Jr., conseguiu derrubar a medida na Justiça e retomou o empreendimento.
Porteira aberta
A partir de hoje, os donos de postos de combustíveis estão convidados a sonegar impostos. Isto porque o decreto que instituiu o lacre nas bombas para impedir a manipulação dos estoques e vendas foi estranhamente revogado pelo governo. Os fiscais da Fazenda também já receberam ordens para não mais incomodar os donos de postos. O comércio de combustíveis rende ao estado cerca de 30% de sua arrecadação em ICMS. Nem os fiscais entenderam.
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Para comandar Senado, Alcolumbre terá PL e PT na vice-presidência. Acompanhe o Sem Rodeios
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