Olho vivo
Grito e silêncio 1
O governador Roberto Requião faz um grande agito para livrar-se da dívida que o estado pelo menos, segundo contrato teria com o banco Itaú. A gritaria em torno desse assunto é grande, mas o resultado, nenhum até agora. Valor da dívida: R$ 1 bilhão? R$ 2 bilhões? Que seja esse número maior, mas se assim for ele representa apenas cerca de 10% da dívida que silenciosos procuradores do Estado conseguiram sepultar, ao obter anteontem na Justiça um "abatimento" de R$ 18 bilhões na causa a que o Paraná já estava condenado a pagar à C.R. Almeida.
Grito e silêncio 2
A presidente da Associação dos Procuradores do Paraná (Apep), Vera Paranaguá Cunha, lembrava ontem outro detalhe que valoriza o trabalho de seus colegas: o valor de que o estado se livrou dá para cobrir o orçamento da procuradoria referente a um período de nada menos de três séculos. É o que chama de "a melhor relação custo-benefício que já conseguimos".
Grito e silêncio 3
Ainda sobre a decisão judicial que decidiu a pendenga de 31 anos que envolvia o estado e a C.R. Almeida. Ontem, a empresa negou que tivesse negociado precatórios acima dos limites da parte incontroversa do valor a que tem de receber. E a empresa Nutrimental, que comprou pelo menos R$ 9 milhões em títulos precatórios para compensar tributos, também se diz tranquila: todas as suas aquisições foram feitas a partir de parcelas sobre as quais não restavam dúvidas de natureza judicial.
Praticamente definidos os três principais candidatos ao governo paranaense, iniciam-se os preparativos para a montagem das respectivas alianças partidárias algo importante quando se considera, por exemplo, que o tempo de exposição de cada candidato no rádio e na televisão é igual à soma dos tempos que a Justiça Eleitoral definiu para cada partido, de acordo com o tamanho de sua representação no Congresso.
Claro, cada candidato tem o seu próprio partido. Osmar Dias sai pelo PDT; Orlando Pessuti pelo PMDB; e Beto Richa, se confirmada a decisão do diretório estadual do dia 22, será o representante do PSDB. Maior chance de ganhar a eleição terá aquele que, além de se comunicar bem com o eleitor, aglutinar a maior e melhor soma de forças partidárias em torno de seu projeto.
Tempo de propaganda eleitoral gratuita, portanto, é apenas um dos critérios para a formação das coligações. Alinhamento político e ideológico e interesses nacionais, além de estratégias próprias do xadrez eleitoral, são outros critérios. Formam-se alianças por coerênccia político-ideológica e programática, por tradição ou por simples oportunismo. Mas o fato é que todos já pensam nisso. E quais são as tendências de aliança em torno de cada candidato?
Osmar Dias (PDT)
Conta desde já com o compromisso do PT, o que não é pouco. Mas devem ainda se juntar ao seu grupo o PP, PSC, PR, PRB e, dependendo ainda de muitas conversações, o PPS. Assim, em princípio, Osmar já contaria com a adesão de pelo menos cinco partidos com alguma expressão, podendo chegar a seis.
Orlando Pessuti (PMDB)
Seu próprio partido, se de fato acabar por convencer-se de que deve ser fiel ao candidato que lançou, já lhe dá consistência, no mínimo para levar a eleição ao segundo turno entre Beto e Osmar. É o partido com o maior número de prefeitos e vereadores e o único presente com diretórios constituídos em todos os municípios. Deverá ainda agregar outros pequenos partidos, de pouca expressão eleitoral, mas detentores de alguns segundos a mais na propaganda gratuita.
Beto Richa (PSDB)
Além do PSB (do vice-prefeito de Curitiba, Luciano Ducci), o prefeito busca fechar acordo com o PMDB de Requião o que significa que teria de entrar na briga para tirar Pessuti da disputa. Não há firmeza ainda em relação a outros parceiros da última eleição, como o PPS e o DEM, que resistem à quebra do grupo que se comprometeu com Osmar Dias e ainda buscam o caminho de retorno. O PTB já teria se comprometido com Richa, mas, ao contrário do que o prefeito afirmou em Maringá, o PCdoB anunciou que não ficará com ele.
As conversações tendem a se acelerar daqui até junho, mês em que devem se realizar as convenções partidárias. Até lá, todas as definições terão sido tomadas em relação às alianças mas os primeiros movimentos já indicam que lado tomará cada um.
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