Olho vivo

Estragos 1

A executiva municipal do PMDB tem até o fim do dia de hoje para responder a perguntas bem simples: quantos e quais são os diretórios zonais do partido em Curitiba? Qual o nome de seus dirigentes? Com base na resposta que obtiver, o filiado Milton Buabssi – membro nato do diretório – poderá ingressar com petição no diretório nacional para considerar nula a convenção que, em 17 de julho passado, elegeu o senador Roberto Requião presidente da executiva local do partido.

Estragos 2

No fundo, Buabssi tem a resposta: os diretórios zonais simplesmente não existem, foram extintos em 2001. Portanto, eles não votaram na convenção de julho – o que tornou ilegal a própria convenção e, por conseguinte, a eleição da nova executiva. Se não forem tomadas as medidas de regularização, Buabssi promete levar o assunto à instância final, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Estragos 3

Embutido nas providências que o dirigente peemedebista requer, está um alerta que ele considera muito grave: a permanência do estado de ilegalidade vai causar estrago muito maior ao partido em Curitiba. Qual é o estrago? Buabssi responde: "O PMDB não poderá lançar candidatos a prefeito e vereador no ano que vem". Como se sabe, o partido já tem até candidato a prefeito – o ex-deputado Rafael Greca, vice-presidente eleito em julho.

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Quando secretário da Segurança no governo Requião, Luiz Fernando Delazari descobriu a pólvora ao afirmar, numa reunião com delegados, que impressões digitais eram fundamentais para identificar criminosos. Na ocasião, inspirado nos filmes policiais norte-americanos que costumava assistir, recomendou aos delegados que procurassem preservar cenas de crimes e que recolhessem diligentemente as digitais que pudessem ser encontradas.

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Seria uma grande revolução num estado que, na sua gestão, deixava 70% dos crimes sem identificar os autores caso se, em seguida, Delazari tivesse providenciado a contratação de profissionais habilitados para lidar com digitais – no caso, os papiloscopistas, categoria e técnica pouco prestigiadas na estrutura da Polícia Científica.

Pois bem: não é que agora as digitais do ex-secretário Delazari foram encontradas entre as fontes que distribuem informações sobre uso, supostamente indevido, de aviões privados por parte do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, e de sua mulher, a chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann? Sem exatamente lançar mão do trabalho de papiloscopistas, o Palácio do Planalto executou um trabalho de engenharia reversa para, ao final, identificar o dedo de Delazari na origem das notícias.

Esta identificação pode levar à descoberta de outro envolvido: Delazari é hoje funcionário do Senado, lotado no gabinete do senador Roberto Requião, conhecido desafeto de Paulo Bernardo. Ainda recentemente, foi condenado pela Justiça a pagar indenização de R$ 100 mil ao ministro por ofensas que proferiu contra ele na "escolinha" televisiva que comandava durante seu governo. Seria o mandante?

Fruet versus Derosso

Pela primeira vez desde que foi forçado a sair do PSDB, o ex-deputado Gustavo Fruet se encontrou com o pivô desse acontecimento – o vereador João Cláudio Derosso. O encontro se deu ontem na Câmara Municipal de Curitiba, durante sessão em homenagem ao movimento católico Focolares do qual Fruet faz parte. Convidado a fazer parte da mesa, Fruet sentou-se ao lado de Derosso.

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Após a solenidades, o ex-deputado tucano, pela primeira vez desde que eclodiram as suspeitas que pesam contra o presidente da Casa, defendeu o afastamento do indigitado vereador do cargo para facilitar as investigações. Fruet se disse coerente: quando deputado e membro de CPIs no Congresso, pediu também o afastamento de Renan Calheiros e de José Sarney da presidência do Senado enquanto durasse a apuração deles com irregularidades.

Fruet foi mais longe: lamentou que, após renunciar à obrigação de investigar o caso Consilux e o pagamento de precatórios para a empresa Cavo, a Câmara se vê forçada agora pela opinião pública a investigar atos suspeitos de seu próprio presidente. Com um detalhe: os valores envolvidos nas operações com publicidade são inferiores aos dispendidos pelo município nos dois outros casos que mencionou.

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Conforme profecias, os vereadores consideraram "muito satisfatório" o depoimento secreto de Derosso perante a Comissão de Ética. Ele negou irregularidades nos contratos de publicidade que firmou com a empresa de sua mulher, funcionária da Câmara quando da contratação. Foi dado o primeiro passo para livrar Derosso de maiores incômodos.