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Olho vivo

Enfim?

O secretário de Infraestrutura e Logística, o primeiro-irmão Pepe Richa, volta a Brasília nesta quinta-feira. Vai ao Ibama e a outros órgãos do governo federal na esperança de trazer de lá a solução para um problema que não foi resolvido nos últimos oito anos: a dragagem de aprofundamento dos acessos ao Porto de Paranaguá. Espera obter a licença ambiental para iniciar o aprofundamento (de 12 para 15 metros) do calado do Canal da Galheta e, com isso, licitar as obras que serão financiadas pelo PAC.

CPI 1

Por falar em Porto de Paranaguá, o deputado Douglas Fabrício (PPS) conseguiu protocolar ontem requerimento com 22 assinaturas para a instauração de uma CPI para investigar a Appa durante as administrações de Eduardo Requião e Daniel Fiel de Souza. O líder da oposição, deputado Enio Verri (PT), conseguiu retardar a discussão do requerimento para a sessão de hoje.

CPI 2

Nove vereadores assinaram documento que propõe a criação de uma CPI do Transporte Coletivo da capital. A proposta partiu do grupo de estudantes que, ontem, foi à Câmara Municipal para protestar contra o anunciado aumento das passagens de ônibus. Até aí, tudo normal – salvo pelo fato de que entre os signatários do documento se encontram vereadores da situação – um sintoma de que nem tudo vai bem em suas relações com o prefeito Luciano Ducci.

Durante quatro anos, de 2007 a 2010, a As­­­sembleia Legislativa aprovou 1.648 projetos. Desses, 193 foram vetados pelos governadores do período, Ro­­­berto Requião e Orlando Pessuti; 1.455 foram sancionados e viraram leis. Na média, portanto, os 54 deputados deram ao Paraná cerca de 360 novas leis por ano – uma por dia.Para quem tomou conhecimento da balbúrdia que imperava na nossa "casa de leis", fazer uma nova lei a cada dia pode ter a impressão de que, apesar de tudo, a Assembleia foi bastante produtiva. A impressão se desfaz, no entanto, quando se faz um levantamento estatístico e classificado dessa produção.

Vejamos: das 1.455 leis aprovadas, 673 diziam respeito à declaração de utilidade pública a instituições de caráter local, a grande maioria de pouca significação social. Outras 62 leis foram editadas para conceder títulos de cidadania honorária; 63 instituíram datas comemorativas no calendário; 89 deram nomes para rodovias, viadutos, colégios; 80 para transferir imóveis do patrimônio do estado para municípios.

Portanto, quase mil leis – com a exceções de praxe, naturalmente – foram feitas para servir preferentemente aos interesses eleitorais de seus autores, para distribuir agrados a pessoas e entidades. Interesses não só dos parlamentares, já que muitas das leis foram propostas pelo Poder Executivo.

"Sobraram" como leis supostamente relevantes para a sociedade não mais que 400 em quatro anos – dentre estas um sem-número das que, simplesmente, determinam burocráticos remanejamentos de verbas orçamentárias.

Então, é de se perguntar: que importância tem tido a Assembleia Legislativa na vida cotidiana de cada um dos paranaenses? Quantidade é igual à qualidade? São temas apropriados para a meditação dos deputados na hora de dormir e na hora de acordar.

Além da limpeza, pede-se qualidade.

Mudança

A faxina moral e administrativa pela qual a Assembleia Legislativa está passando é, claro, indispensável, imprescindível, inadiável. A nova direção da Casa parece que está dando conta desse recado até com maior rapidez e ousadia do que se poderia imaginar. Os contribuintes agradecem penhoradamente pelo que já se fez e espera que a desinfecção geral e irrestrita chegue ao seu fim o mais breve possível.

Isto basta? Não basta. Se a limpeza ética nos procedimentos da Casa depende quase exclusivamente das iniciativas da Mesa Executiva, há outras mudanças comportamentais que precisam ser abraçadas pelo conjunto dos seus 54 deputados. A Assembleia continuará custando muito caro à população se continuar não dando conta de sua missão constitucional – isto é, se não cumprir a função de legislar (com qualidade) e de fiscalizar (com rigor) o Executivo.

Nada melhor do que esta ocasião em que a Assembleia está sendo submetida à faxina interna para que também o cumprimento de sua atividade-fim alcance nível de qualidade e de relevância compatível. E só então é que a tarefa estará completada.

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