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"Eu o perdoaria se houvesse a certificação médica de possíveis desvios de personalidade, mas se isso ocorresse ele estaria impedido de exercer o atual cargo."Do ex-ministro Euclides Scalco, reagindo às acusações que recebeu do governador na última terça-feira.

Acostumado a intimidar e quase nunca ouvir reação dos intimidados, o governador Requião viu inverter-se o pêndulo desde a última terça-feira. Não está passando outra vez em branco a costumeira agressividade com que costuma brindar aqueles que elege como inimigos de ocasião (aliás, os adversários costumam mesmo mudar conforme a ocasião). A reação dos atingidos pelas acusações do governador na última sessão da "escolinha", a começar pela carta aberta do prefeito Beto Richa, vem reforçar e tornar ainda mais irreversível a imagem de truculência e de desrespeito que Requião tão denodadamente cultiva.

Mas isso é o de menos, pois Requião – salvo em alguns lapsos que coincidem com as campanhas eleitorais, quando faz a voz suave dos pregadores evangélicos –, não sente necessidade de mudar a imagem. O efeito mais importante parece ser o de ter despertado o sentimento oposicionista de alguns setores da política paranaense, de modo específico nas hostes em que militam os ofendidos da ocasião, isto é, a turma do PSDB.

Não é coisa pouca, pois, como se sabe, o tucanato paranaense é uma geléia de A a Z. A começar (outra vez) pelo próprio prefeito Beto Richa, que até há pouco tempo, inclusive no primeiro turno da campanha de 2006, namorou atrás da porta com Requião. E continua com Hermas Brandão, que queria ser vice. E com alguns outros, como o deputado Nelson Garcia, secretário do Trabalho, que ainda disputam vaguinhas no governo.

Beto deve, agora, ter mudado definitivamente de lado. Não se pode esperar o mesmo de Hermas e de outros – mas, pelo menos, há agora um grupo formado por gente mais autêntica, como Gustavo Fruet, Euclides Scalco, Valdir Rossoni, Affonso Camargo e Luiz Carlos Hauly disposta a depurar o PSDB. Tarefa que já marcaram para 5 de março, ocasião em que os tucano-requianistas remanescentes serão convidados a deixar o partido.

O método leão banguela

Há método. Não são obra do acaso os mais recentes ataques de Requião contra as cooperativas e o projeto que Osmar Dias apresentou para regular o setor e contra o prefeito Beto Richa. Ambos são apontados como fortes candidatos à sucessão em 2010. É preciso frear suas ambições desde já, submetendo-os ao paredão. Principalmente porque o PMDB, salvo estrelas como Doático Santos, não dispõe de figuras que despertem a simpatia de Requião para sucedê-lo, já que ele próprio (única figura forte do partido) está impedido de se candidatar outra vez. Por isso, faz o papel do leão banguela – ruge enquanto pode.

Olho vivo

Inesgotável 1 – É inesgostável a capacidade de alguns políticos fisiológicos de engendrar trucagens para acomodar interesses e pessoas em cargos e vantagens. Está em curso (ou estava!) um estratagema destinado a assegurar a volta à Assembléia do 2.º suplente do PSDB, Miltinho Puppio, não reeleito em outubro passado.

Inesgotável 2 – O truque consiste (ou consistia!) em fazer do vereador curitibano Rui Hara (1.º suplente de deputado) secretário municipal do Trabalho. Hara teria que se licenciar da Câmara e da Assembléia. Com isso, para o lugar do deputado Nelson Garcia, nomeado secretário de Requião, assumiria o 2.º suplente, Miltinho Puppio, com a missão de se comportar na Assembléia Legislativa como "tucano de bico vermelho", isto é, como prestativo aliado de Requião.

Inesgotável 3 – O mágico dessa trucagem seria o ex-deputado Hermas Brandão, que teria convencido Beto Richa a tirar Rui Hara da parada, levando-o para sua equipe. Brandão é velho amigo de Miltinho Puppio. Ambos até foram envolvidos numa mesma denúncia: no dia 5 de dezembro de 1997, foram acusados pelo então senador Roberto Requião de participar de um desvio de verba da Secretaria da Agricultura, da qual Brandão era o titular.

Debutando – O deputado Rodrigo Rocha Loures, do PMDB paranaense, debutou ontem na Câmara Federal com um discurso na Comissão de Finanças e Tributação. Disse o que os empresários mais gostam de ouvir: vai defender o crescimento econômico, mas com menos gastança e menos imposto. E que vai defender também o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), o que, segundo ele, não quer dizer que esteja alinhado incondicionalmente a Lula e ao PT.

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