Enfim surgiu uma diferença mais marcante entre os governos de Beto Richa e de Roberto Requião, tão parecidos em muitos quesitos como mostrou a reportagem "O novo estilo de governar ficou velho", da edição de domingo da Gazeta do Povo. A grande linha divisória entre a atual administração e a anterior parece se situar no modo como cada qual pensa e age em relação ao pedágio. A diferença ficou visível diante de dois fatos registrados nesse âmbito desde o mês passado.
Enquanto Requião abominava as concessionárias e prometia baixar ou acabar com o pedágio (colhendo só insucessos e atulhando o estado de ações judiciais), Richa seguiu caminho oposto: negocia com as empresas e até já anuncia a intenção de ampliar a rede de estradas pedagiadas. Na prática, o lema "ou baixa ou acaba" de Requião virou pó: não mais se fala em baixar as tarifas; fala-se em antecipar obras que só seriam feitas no fim dos contratos e em incluir novos trechos de rodovias privatizadas.
O primeiro resultado dessa mudança de política foi a formalização do acordo com a Ecocataratas para a duplicação de um trecho de 14,5 km na BR-277, entre Medianeira e Matelândia. Simples boa vontade da concessionária? Não necessariamente, pois ela já avisou que, de alguma maneira, a antecipação da obra será devidamente cobrada dos usuários. Acordo semelhante foi firmado esta semana com outra concessionária, a Viapar, pelo qual se construirá o contorno rodoviário de Mandaguari, de 10 km.
Mas a maior inflexão em relação ao governo anterior aparentemente se deu com a decisão de Richa de privatizar a ligação Maringá-Guaíra, no Noroeste, com 275 quilômetros de extensão. O governo promete, antes, recuperar direitinho a estrada visando a atrair empresas interessadas explorá-la posteriormente.
O modelo de concessão vai mudar em relação ao que vigora atualmente no pedágio estadual. Para vencer a concorrência realizada no governo Lerner, as concessionárias se comprometiam a conservar trechos em que não cobrariam pedágio. Também não será o modelo de outorga e menor preço, adotado pelo governo federal. Pensa-se numa PPP (Parceria Público-Privada), nos termos do anteprojeto que o Executivo enviou à Assembleia que, além de rodovias, permitirá também a privatização da gestão de hospitais, presídios etc.
Diferentes mesmo?
Há quem diga que também no que diz respeito às privatizações Richa e Requião não se distanciam muito. Essa gente lembra que Requião, na prática, não era tão avesso à ideia de privatizar. Por exemplo: criou uma sociedade entre a Copel e uma empresa privada para disputar o pedágio federal da Régis Bittencourt (Curitiba-São Paulo). Perdeu a concorrência, pois o pedágio que queria cobrar era três vezes mais caro do que o da vencedora, a espanhola OHL.
A defesa do tal porto público, tão presente nos discursos de Requião, funcionava assim: o governo punha (muito) dinheiro para construir terminais, como o de álcool e o de fertilizantes (ambos, aliás, não conseguem funcionar até hoje) para, em seguida, entregá-los à exploração da iniciativa particular.
Resumo da ópera: é tudo igual?
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Olho vivo
Aos costumes 1
Tudo legal, tudo regular. Não poderia ser diferente o depoimento que, finalmente, a jornalista Cláudia Queiroz Guedes mulher do presidente da Câmara, João Cláudio Derosso perante da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga gastos exagerados de propaganda autorizados por Derosso com intermediação da empresa dela, a Oficina da Notícia. Os vereadores da CPI, quase todos da situação, comportaram como de costume, isto é, procuraram não criar muitos embaraços à depoente.
Aos costumes 2
Os dois únicos representantes da oposição na CPI, os vereadores Paulo Salamuni (PV) e Pedro Paulo (PT), anunciaram ontem a intenção de renunciar à participação na comissão. Em minoria, não conseguem fazer com que a CPI ultrapasse os estreitos limites de coleta de depoimentos. Os depoentes falam o que querem e a CPI não coteja as declarações com investigações próprias para verificação de sua veracidade. Citam um exemplo: ninguém foi às gráficas que, supostamente, teriam impresso os tais milhões de exemplares da revista Câmara em Ação, que ninguém viu. Salamuni e Pedro Paulo dizem que farão esse trabalho à revelia da CPI.
Mesma
O jornal Folha de S.Paulo cita uma empresa paranaense, a Cequipel, como envolvida em suspeita de fraude em licitação de R$ 13,5 milhões do Ministério da Saúde. A empresa nega irregularidades. A Cequipel foi a empresa que venceu a licitação das "tevês laranja" no governo Requião, no finzinho de 2006.
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