Mais de meio milhão de reais. Isto é o quanto custa cada dia de atraso na liberação do edital de licitação para a obra, que há quatro meses jaz no Tribunal de Contas do Estado à espera de um parecer do conselheiro Ivan Bonilha. A revelação do prejuízo diário foi feita ontem pelo prefeito Gustavo Fruet, preocupado com a rápida corrosão dos recursos inicialmente previstos.
Ele faz as contas: sem incluir no cálculo o aporte que a iniciativa privada fará para construir o metrô, os R$ 3,2 bilhões teoricamente já garantidos (R$ 1,8 bilhão da União e R$ 1,4 bilhão do estado e prefeitura) não são reajustados. Logo, como a inflação vigente é da ordem de 6,5%, a desvalorização anual passa de R$ 200 milhões. Fruet divide este número por 365 dias e conclui que o prejuízo de cada dia de atraso é superior a R$ 560 mil. O edital de licitação do metrô foi entregue ao Tribunal de Contas em julho. Mas, desde então, o processo tem tramitado apenas com sucessivos pedidos de informação. Depois de encaminhadas, as informações são objeto de novos pedidos de esclarecimentos, alguns banais. E lá se vão já quatro meses. Só neste período, as verbas encolheram em cerca de R$ 70 milhões. E a obra, que já deveria ter se iniciado, não começará efetivamente senão nos primeiros meses do ano que vem isto é, se todos os entraves forem superados.
Os entraves criados são de natureza política? Cuidadoso, o prefeito prefere não falar sobre essa hipótese, mas não há quem não saiba que o conselheiro encarregado de relatar o processo foi nomeado por Richa para o Tribunal de Contas e guarda com ele antigas relações funcionais e de amizade: foi o procurador-geral do município na gestão de Beto e elevado ao cargo de procurador-geral do estado assim que o ex-prefeito se elegeu governador em 2010. Adversário político de Fruet, supõe-se que Richa teria influenciado seu pupilo conselheiro para não liberar o edital antes da eleição de outubro passado. A eleição passou, Richa foi reeleito mas, ainda assim, o projeto custa a sair do lugar e corre o risco de ser inviabilizado. Para compensar as perdas já sofridas, o prefeito move-se em frentes do Planalto visando a convencer o governo federal a corrigir monetariamente a oferta inicial de R$ 1,8 bilhão. Não é tarefa fácil nestes tempos em que a União se vê afogada pelo maior desajuste fiscal já registrado nos últimos 12 anos. Em todo caso, "não custa tentar", diz Fruet. Aliás, o Tribunal de Contas não é o único órgão de controle que tem feito aumentar a calva do prefeito. Também o Ministério Público tem contribuído bastante: em 12 meses, o MP formalizou nada menos de 4.220 pedidos de informação à prefeitura. Sem contar que abriu nada menos de 20 processos judiciais contra Fruet.
Olho vivo
Suspense 1
O ex-governador Orlando Pessuti ainda pena uma "suspensão" do PMDB, partido em que milita há 48 anos. A acusação do diretório tomado pelo grupo de Requião às vésperas do primeiro turno foi de infidelidade partidária. Pessuti apareceu no programa eleitoral do tucano Beto Richa para recomendar aos paranaenses que não votassem no candidato a governador lançado pelo PMDB, o próprio Requião.
Suspense 2
A pendenga tende a não dar em nada. Pessuti lembra que ele não foi o único dos peemedebistas brasileiros a apoiar candidatos de partidos opostos. Lembra que comportamento semelhante ao seu ocorreu no Rio Grande do Sul, no Espírito Santo, na Bahia, Ceará, Pernambuco... Neles, o PMDB apoiou Aécio Neves, contrariamente à aliança nacional que o partido fez com o PT para reeleger a presidente Dilma Rousseff.
Empalamento 1
O vereador Pastor Valdemir é o candidato a presidente da Câmara Municipal apoiado pelo ex-vereador João Cláudio Derosso, cuja experiência política acumulou durante os 15 anos em que foi presidente da Casa até ser afastado do cargo e perder o mandato, em 2012. Ele orienta o grupo que se articula em torno de Valdemir e que, entre outras promessas, acena com a possibilidade de ressuscitar "verbas de ressarcimento" que, ao tempo de Derosso, serviam para robustecer os holerites dos vereadores.
Empalamento 2
Uma grande construtora, responsável pela edificação do que será o maior templo evangélico de Curitiba, também teria sido chamada a empalar alguns vereadores e contribuir para o sucesso do grupo, que precisa conquistar 20 votos para garantir a maioria.
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