Proscrito do PSDB paranaense em razão de antigas divergências com o governador Beto Richa, vez por outra o senador Alvaro Dias interrompe o degredo que cumpre em Brasília para falar sobre a política paranaense. Normalmente, o senador se ocupa de sua função de líder tucano no Senado, batendo firme dia sim outro também contra o governo petista.
Tem sido a voz mais forte da oposição e o parlamentar paranaense de maior visibilidade no plano nacional e a tal ponto que seu nome foi mencionado na semana passada como um possível "tertius" na disputa interna entre Serra e Aécio pela indicação tucana à Presidência.
Coincidentemente, nessa mesma semana Alvaro foi chamado a falar sobre o cenário da província. E não deixou por menos: fez uso de sua conhecida retórica para criticar o modo como Beto Richa conduz o partido no Paraná. Centrou a crítica no fato de Gustavo Fruet, que seria o candidato natural do PSDB à prefeitura de Curitiba, ter sido "cuspido do partido".
Para o senador, a atitude contrariou a orientação da direção nacional tucana, que pretendia lançar candidatos próprios às prefeituras de todos os municípios (capitais, principalmente) onde se apresentassem eleitoralmente viáveis caso de Fruet. Ao contrário, lamentou Alvaro, Beto preferiu escolher candidato de outro partido: o atual prefeito, Luciano Ducci, do PSB, garantindo ao PSDB, no máximo, o cargo de vice, posição reservada ao vereador João Cláudio Derosso até pouco antes de cair em desgraça.
O governador acusou o golpe. Por duas vezes, foi à tevê e ao rádio para revidar Alvaro dirigindo-lhe farpas que, para bom entendedor, seriam, segundo deixou transparecer, aplicáveis a Gustavo Fruet. Beto argumentou sua preferência por Ducci enaltecendo-lhe as virtudes da lealdade e da fidelidade ao grupo. Provavelmente por entender que Fruet foi desleal ao deixar o PSDB e filiar-se ao PDT, partido integrante de outro grupo político.
Disse Richa para a televisão: "Está decidido: dentro do PSDB devemos marchar em apoio a Luciano Ducci por entender a necessidade de mais um mandato para que dê continuidade ao grande ritmo acelerado, até muito mais que no meu mandato, de obras por toda a nossa cidade. Vamos apoiá-lo sim. Tenho muito entusiasmo. É até um dever de gratidão apoiar o Luciano em defesa dos interesses da nossa cidade".
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Olho vivo
Policiais inquietos
Muito embora o clima de entendimento tenha melhorado e a tensão das relações tenha arrefecido nos últimos dias, permanece no interior das polícias Civil e Militar uma indisfarçável insatisfação. Ela se manifesta não só em relação aos salários epicentro da crise instalada há meses , mas atinge até a política de segurança colocada em prática pelo atual governo. Oficiais da ativa só não falam em público, mas comentam e fazem vazar a jornalistas críticas que colocam em descrédito ações anunciadas pelo governo.
Pontualmente, eis afirmações que saem das casernas e das delegacias:
Os fundos que financiam parte da segurança pública teriam disponíveis em 2011 cerca de R$ 30 milhões para equipar as polícias e o Corpo de Bombeiros. No entanto, escreveu literalmente um graduado policial à coluna: "O governo não comprou uma bala de munição, não comprou viaturas, não comprou armamento, coletes, cintos de guarnição, nada...".
Outro diz: "É uma falácia essa história de contratar 10 mil policiais até 2014 8 mil PMs e 2 mil civis. Podem apostar que isso não vai acontecer: não há tempo hábil para realizar todos os concursos nem há estrutura para formar tantos policiais. A Academia do Guatupê ou a Escola de Polícia poderão absorver no máximo 5 mil nesse período. E o que é pior: até 2014, pelo menos três mil dos atuais policiais terão deixado as corporações ou se aposentado, o que matematicamente significa que contratar 5 mil novos policiais servirá para aumentar o contingente em apenas 2 mil!".
De um policial civil, delegado da ativa, vem a afirmação de que, no atropelo de mostrar serviço, o governo estaria apressando a colocação em serviços de rua perigosos, de policiais ainda não formados. "Um risco para a população", diz.
De fonte da Secretaria da Segurança vem um exemplo: um dos agentes do grupo Tigre, que participou da desastrada operação de resgate de reféns em Porto Alegre no fim do ano passado, não havia cumprido ainda todas as etapas de preparação necessárias para qualificá-lo para operações daquele tipo. E acrescenta: esse agente, oriundo da polícia paulista, embora contratado pela polícia paranaense, ainda responde a processo criminal instaurado em São Paulo. "Como pode?", pergunta.
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