O entorno do governador Beto Richa mantém-se dividido quanto ao lado que o PSDB deverá ocupar na disputa pela prefeitura de Curitiba. Enquanto o presidente da Assembleia Legislativa e presidente estadual do partido, deputado Ademar Traiano, se esforça para embarcar na canoa do candidato Rafael Greca (PMN), o chefe da Casa Civil, o tucano Valdir Rossoni, acredita ser mais prudente e inteligente colocar a legenda ao lado da reeleição de Gustavo Fruet, do PDT.
Fruet assiste a pendenga interna do PSDB com um misto de satisfação e medo. Uma aliança com o tucanato lhe daria mais tempo na propaganda eleitoral gratuita e asseguraria a neutralidade da poderosa máquina governista. Por outro lado, teme enfrentar o risco de agregar para sua candidatura a rejeição que o eleitorado devota ao governador Beto Richa, principalmente desde a tragédia do 29 de abril do ano passado.
O PSDB faz convenção esta noite. É provável que, diante das discordâncias internas, o partido acabe por formalizar sua intenção apenas de lançar uma boa chapa de candidatos a vereador, liberando seus membros para aderir a qualquer outro candidato a prefeito.
Enquanto o PSDB não sabe o que faz, Fruet trabalha com partidos menores mas importantes para ampliar sua base de campanha. Conta já com o compromisso formalizado pelo PTB, mas além desta sigla seus assessores veem com otimismo as conversações com o PPS e o DEM – dois partidos que, embora gravitem em torno do governo Beto Richa, se recusam a apoiar Rafael Greca.
Há também tentativas por parte da entourage do prefeito de trazer o PSC, partido umbilicalmente ligado a Ratinho Jr., adversário na eleição municipal de 2012 e hoje presidente do PSD.
Não é tarefa fácil: Ratinho Jr., embora pertencente à equipe de Beto Richa (é secretário estadual do Desenvolvimento Urbano), hesita entre três diferentes canoas. Como líder informal do PSC, acena com o apoio do partido ora em favor de Rafael Greca ora em favor de Gustavo Fruet. Quando fala em nome do PSD, se compromete com o deputado Ney Leprevost, pré-candidato em franca campanha pelo partido.
Na última terça-feira, por exemplo, diante de mais das 2 mil pessoas que se fartaram com frango e polenta num jantar em Santa Felicidade, Ratinho reafirmou o apoio a Leprevost. Este, por sua vez, acredita que terá a seu lado também o DEM, mas quer distância do PSDB e do governador pelo mesmo motivo de quase todos os demais (com exceção de Greca): concorda que Richa mais tira do que acrescenta votos.
Como candidatos únicos de seus respectivos partidos figuram Requião Filho, do PMDB, e Tadeu Veneri, do PT. Requião, líder da oposição na Assembleia, tem se dedicado mais, porém, a percorrer municípios do interior para ajudar candidatos locais que se mantiveram fieis à corrente liderada por seu pai, o senador Roberto Requião. Nem por isso deixa de ser bem lembrado pelo eleitorado curitibano, principalmente devido à contundência com que reagiu à violência contra os professores na batalha do Centro Cívico.
Tadeu Veneri, por outro lado, fala para o público tradicional e para a militância que não desgrudou de Lula e Dilma Roussef. Manter a fidelidade deste segmento durante a campanha para prefeito da capital este ano é importante para favorecer sua reeleição para deputado estadual em 2018 ou para voo mais alto em direção à Câmara Federal.
Lembrando: faltam apenas duas semanas para que o quadro de coalizões se defina. E quando isto acontecer o povo talvez permaneça ainda mais interessado nas Olimpíada, na votação do impeachmente e nas sempre sacolejantes revelações da Operação Lava Jato.
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