Olho vivo
De kart
O ex-deputado Tony Garcia orgulha-se de ser amigo do governador Beto Richa desde os tempo em que ambos com 16 anos disputavam corridas de kart em Londrina. Por isso mesmo ajudou-o o quanto pode durante a campanha para o governo. Nem por isso, contudo, ocupará qualquer cargo na nova administração, mesmo que fosse convidado disse ele ontem para desmentir nota publicada ontem nesta coluna que incluia seu nome entre as próximas nomeações de Beto. "Não volto mais para a política; prefiro cuidar da minha vida de empresário", disse Garcia.
Nanico
O nanico PRP, um dos partidos que participaram da coligação que elegeu Beto Richa, emplacou pelo menos um representante na equipe de governo. Trata-se do presidente da legenda, Jorge Luiz de Paula Martins, que em 2004 disputou com Richa a eleição para prefeito de Curitiba. Em 2006, foi candidato ao governo do estado. Fez 2.400 votos, correspondendo a 0,04% dos votos.
Nos trilhos
Está marcada para segunda-feira a posse do novo presidente da Ferroeste, Maurício Quirino Teodoro, londrinense que atua em Cascavel na área cooperativista. Entrou na cota do empresário Luiz Abi, primo e um dos principais operadores políticos do governador Beto Richa.
Há no ar uma incômoda sensação de continuidade. Ao mesmo nepotismo que caracterizou a administração anterior e à repetição da mesma providência de suspender o pagamento de despesas, segue-se agora o requentamento da promessa de baixar as tarifas de pedágio a mesma que foi o principal mote das quatro últimas eleições estaduais e que levou ao descrédito o governo de Roberto Requião.
Sob outra roupagem, Beto Richa foi enfático ao abordar o tema em seu discurso de posse: "Estamos prontos para tratar de forma responsável questões inadiáveis, como o pedágio e suas tarifas incompatíveis com a economia paranaense", disse ele na Assembleia Legislativa.
Não se viu no discurso o tom autoritário do "baixa ou acaba", mas acrescentou-se em seguida a mesma proposta feita nos dias finais do governo Pessuti, representada pela seguinte frase: "Vamos buscar o cumprimento dos contratos, especialmente no que diz respeito aos compromissos de novas obras e a duplicação de rodovias, para melhorar a segurança dos usuários e dar maior agilidade ao transporte de mercadorias".
Em resumo, o que o atual governo propõe é exatamente o que já tentaram seus antecessores isso é, baixar e tarifa e, ao mesmo tempo, retomar imediatamente os termos do contrato original, que previam, entre outros investimentos, a duplicação de trechos da BR-277 entre Guarapuava e Foz do Iguaçu. Esses, aliás, foram os mesmos quesitos postos sobre a mesa pelo último secretário dos Transportes, Mário Stamm Jr., em novembro passado, na única discussão direta havida em oito anos entre governo e concessionárias.
Viu-se imediatamente que seria impossível se chegar a qualquer acordo pela via da negociação. Por uma razão muito simples: as concessionárias não negociam nada enquanto não forem extintas as 140 ações judiciais em tramitação. Algumas dessas ações preveem, até, a encampação das empresas ou o puro rompimento dos contratos. Logo, segundo as concessionárias, não faz sentido pensar em baixar o pedágio ou antecipar obras se tais pendências não forem superadas. Ou seja: só negociam depois que o governo se dispuser a desistir das ações.
Mas o novo secretário da área agora denominada de Infraestrutura e Logística , o primeiro irmão José Richa Filho, anunciou na sua posse disposição para cumprir a ordem do governador. Disse que já nas suas primeiras semanas de trabalho tratará de chamar as pedageiras para iniciar novas negociações. Segundo ele, o interesse é recíproco: tanto o governo quanto as concessionárias estariam dispostos a um acordo.
Embora a fé e o pensamento positivo demonstrados pelos irmãos Richa sejam essenciais quando se está diante de grandes desafios, é difícil entender por que as concessionárias estariam também interessadas. Por poucas mas bem sólidas razões: a) estão muito satisfeitas com seus extraordinários lucros; b) encontram-se contratualmente desobrigadas de realizar obras do vulto de que fala o governo; e c) estão seguras de que os contratos nunca serão derrubados a não ser mediante bilionária indenização ou enquanto o país estiver sob a égide do estado democrático de direito.
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