"Vá por partes", teria aconselhado Jack, o Estripador, ao presidente nacional do PSDB. O senador Sérgio Guerra aceitou o conselho: primeiro resolveu, há dez dias, o conflito interno dos tucanos paraenses e agora se prepara para resolver o paranaense.
No Pará, dois ex-governadores, Almir Gabriel e Simão Jatene, disputavam a candidatura ao governo em 2010. Em princípio, após as negociações conduzidas pela cúpula tucana, a vaga deve ficar para o primeiro; o outro pareceu se contentar com o Senado. Segundo consta, a unidade, enfim, foi restabelecida tudo em nome do projeto nacional de recolocar um tucano na Presidência da República.
No Paraná, o problema é semelhante. Há mais candidatos e opções do que alternativas de acomodação mas o critério de solução é o mesmo que prevaleceu no Pará, isto é, também aqui o principal objetivo será o de armar o melhor ambiente eleitoral possível para o candidato tucano, seja José Serra, seja Aécio Neves.
A interlocutores (vários), o senador Sérgio Guerra anunciou na semana passada que a partir de agora vai dedicar seu tempo ao Paraná. Precisa também colocar ordem na cristaleira sem quebrar os cristais o que significa que terá de podar as divergências que separam os dois pré-candidatos do partido, o senador Alvaro Dias e o prefeito Beto Richa. Ambos precisam contentar-se com o resultado e, ao mesmo tempo, não causar mais divisões que venham a prejudicar a eleição de presidente.
Há uma terceira alternativa ainda não descartada, com a qual lidará o senador Sérgio Guerra. É a de tentar reconduzir o senador Osmar Dias à posição de membro efetivo da aliança partidária da qual se viu expulso desde que Beto Richa, contrariando as previsões, lançou-se como seu adversário.
À primeira das alternativas, isto é, aquela que envolve a disputa direta entre Alvaro e Richa, ainda prevalece o critério estabelecido há três meses, em momorável reunião realizada em Brasília. Nela, após a ameaça do prefeito Beto Richa de deixar o partido caso não fosse o escolhido, decidiu-se pela realização de uma pesquisa de opinião pública. Sairia candidato quem estivesse em melhor posição.
Duas dúvidas ainda persistem a esse respeito: quando fazer a pesquisa janeiro, fevereiro ou março? E que instituto de opinião deve fazer o trabalho Ibope, Ipespe/Lavareda, Paraná Pesquisas? São itens ainda em negociação entre as partes.
Há na cúpula do PSDB, contudo, quem não acredite na eficácia desse método. Por isso não poucos conselheiros, estrategistas e até dirigentes de outros partidos de oposição debatem com Guerra outros meios de definir o quadro.
A primeira coisa a fazer, argumentam, é evitar que o senador Osmar Dias seja o comandante do palanque do PT e de Dilma Rousseff. Haveria dois jeitos de conseguir isso. Um deles, é neutralizá-lo lançando o irmão Alvaro como candidato. Nesse caso, Osmar concorreria à reeleição para o Senado, com o apoio do PSDB. O outro jeito é lançar o próprio Osmar. Mas, em qualquer caso, o que fazer com Beto Richa?
É a costura dessa unidade, sem desgostar nenhuma das partes, que passa agora a atormentar os neurônios de Guerra, Serra, Aécio e toda a turma de cima do PSDB.
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Olho vivo
As dúvidas 1
Na quinta-feira,véspera do evento da Federação da Agricultura do Paraná, cenário do bate-boca entre o vice-governador Orlando Pessutti e o prefeito Beto Richa, agentes da segurança do governador Roberto Requião estiveram no Expotrade. Fizeram algumas exigências, entre elas a de que ele deveria entrar pela porta de emergência, próxima ao palco. Requião tem dificuldades para andar desde que desabou o palanque em que estava, em Paiçandu, no norte do Paraná, há duas semanas.
As dúvidas 2
Dez minutos antes do início do evento, porém, o cerimonial avisou que Requião não iria. Iniciada a cerimônia, abriu-se a artilharia dos discursos dos políticos presentes unânimes na crítica ao prefeito Beto Richa, bastante corrosiva quando chegou a vez de Orlando Pessuti falar.
As dúvidas 3
Dúvidas começaram a circular bem antes de se dissipar o fumacê do tiro ao alvo: Requião sabia que Pessutti rodaria a baiana contra Beto? Colocada a questão, começaram também a surgir perguntas sobre o comportamento do governador a partir dos fatos:
- Se não apoiar Pessutti, sinaliza que de fato patrocina o suposto acordo branco do PMDB com Beto Richa e o PSDB?
- Se apoiar seu vice, implodirá o acordo e detonará seus afilhados Romanelli e Alexandre Curi?
- Se calar, consente?
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