Só não vê quem se recusa a enxergar: são cada vez maiores as evidências de que o governador Beto Richa já entrou de sola na campanha para se eleger senador em 2018. Neste momento, sua prioridade é recuperar a popularidade perdida. E para isto se serve de algumas relações de troca com aliados que ocupam cargos importantes para alavancar seu projeto – o prefeito Rafael Greca e o ministro da Saúde, Ricardo Barros.

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Nesta segunda-feira (16) deu para perceber que foi colocado sobre o pano verde as cartas de um jogo de baralho em que todos ganham. Sob o palanque armado no auditório do Museu Oscar Niemeyer, prefeitos de quase todo o estado foram acarinhados com palavras e benesses distribuídas por Beto e Barros. Destaque especial mereceu Greca, cuja missão – após ter sido eleito prefeito apadrinhado pelo governador – é agora de aplainar a montanha de rejeição que o padrinho enfrenta na capital. Uma via de mão dupla, já que Greca, em compensação, ganha recursos que foram negados ao antecessor.

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Por sua vez, o ministro da Saúde, além de também contribuir para a recuperação política de Richa, aproveita para pavimentar a campanha da esposa, a vice-governadora Cida Borghetti – aliás, também presente no mesmo ato –, candidata declarada à sucessão em 2018. Barros anunciou a liberação de mais de R$ 400 milhões do ministério para municípios, para alegria dos prefeitos e gratidão de parlamentares autores de emendas incorporadas ao total.

Curitiba foi particularmente privilegiada – embora quase tudo o que foi dado como novidade eram verbas represadas desde o ano passado. Incluindo R$ 18 milhões agora “antecipados” pelo governo estadual para pagar hospitais, quando na verdade não era antecipação, mas pagamento atrasado de parcelas vencidas em 2016 e que, debalde, o ex-prefeito Gustavo Fruet cobrava.

Aos repasses que recebeu para a saúde, Greca pôde somar um “checão” de R$ 49,9 milhões que Richa lhe entregou como “cota extra” do ICMS. Os outros municípios também receberam proporcionalmente à sua participação na geração do tributo. Greca agradeceu em estilo exagerado e em tom agradável aos ouvidos de Richa: “essa visão de antecipar o ICMS qualifica o governador Beto Richa como um líder nacional”. Na plateia, um presente cochichou: “Menas, Greca, menas!”.

Promessa de campanha de reintegrar o transporte coletivo, o prefeito foi desde logo brindado com calorosa aprovação de Richa, que providenciou facilidades para a unificação da primeira linha, ligando o município de Colombo à CIC, a partir de segunda-feira (23). Ninguém falou nisso, mas a unificação só tem sentido se a tarifa também for única, isto é, igual à cobrada em Curitiba (R$ 3,70). A tarifa em vigor no trecho Colombo-Cabral é de R$ 3,80. Alguém terá de subsidiar a diferença de R$ 0,10.

Indiscutível: tudo o que foi anunciado vem em benefício do povo. O problema é ver que tudo se transforma em palanque.

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Quando? 1

A cada 100 detentos das penitenciárias estaduais do Paraná, pelo menos 10 pertencem à facção criminosa PCC. Eles somam cerca de 2 mil presidiários, que dividem o espaço com membros de quatro outras pequenas – mas não menos perigosas – organizações. O levantamento foi revelado pelo secretário da Segurança, Wagner Mesquita, com base sendo cadastrados e atualizados desde 2010.

Quando? 2

O diretor jurídico do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarpen), Ricardo de Carvalho Miranda, explica porque o PCC é tão forte no Paraná: “Ao deixar de garantir aos presos alguns direitos básicos estabelecidos em lei, o estado permite que as organizações criminosas assumam seu papel ao fornecer advogados, remédios e roupas”. Afirmação preocupante: o PCC só vai acabar ou diminuir nos presídios do Paraná se o estado cumprir suas obrigações? Quando?