Numa escala de zero a dez, o governador Beto Richa tirou nota 4,07 na sondagem encomendada pela Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) ao instituto Paraná Pesquisas. Com esta nota, o governador não teria alcançado nem sequer a média que o Paraná obteve no último Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica).
A coluna teve acesso parcial à pesquisa, mas com dados que mostram que os índices de reprovação da administração Richa não mudaram nos últimos seis meses. A avaliação dos 2.521 eleitores de todas as regiões do estado ouvidos entre os dias 19 e 23 apresenta resultado praticamente igual ao da sondagem feita pelo mesmo instituto em setembro do ano passado: agora, 71% disseram desaprovar o governo, enquanto que na pesquisa anterior o índice foi de 73% – ou seja, ficou dentro da margem de erro.
O presidente da Fiep, Edson Campagnolo, que examinou com mais detalhes o relatório da Paraná Pesquisas, aponta vários fatores para a manutenção do patamar negativo. Começa lembrando que o discurso da campanha de reeleição de Richa em 2014 se mostrou falso logo após o pleito, quando tributos foram aumentados absurdamente para cobrir os rombos que a má administração havia aberto no mandato anterior.
A partir da revelação da real situação financeira do Estado, as demais medidas tomadas por Richa já no início de 2015 – dentre as quais o represamento de salários do funcionalismo e o confisco da previdência – descambaram para a tragédia do Centro Cívico e para seu profundo desgaste político.
Acha que isto é tudo? Campagnolo vê ainda mais razões para a inversão dos índices de aprovação. Dentre elas, a tentativa de prorrogar os contratos de pedágio e, sobretudo, o surgimento de graves casos de corrupção – como os investigados pelas operações Publicano e Quadro Negro. Aliás, no quesito “corrupção”, a nota de Richa ficou em 3, um ponto abaixo de sua própria média. Para quem já chegou a deter 80% de aprovação, o governador amarga hoje tímidos 26%.
Campagnolo relativiza a má performance de Richa: com maior ou menor culpa, ele simplesmente não escapou do generalizado descrédito que tomou conta da política brasileira, principalmente após a deflagração da Operação Lava Jato.
Impeachment
A sondagem Fiep/Paraná Pesquisas também quis medir o grau de apoio dos paranaenses ao impeachment de Dilma Rousseff. E constatou que mais de 74% querem vê-la fora da Presidência, contra apenas 19% que se manifestam a favor de sua permanência no cargo. Menos de 7% dos entrevistados se mostraram indiferentes ou não souberam/quiseram opinar.
A rejeição a Dilma é mais feminina do que masculina – 76% das mulheres querem o impeachment enquanto que entre os homens a taxa cai para 72%. Outro detalhe: quanto mais jovens, mais os eleitores defendem o afastamento da presidente.
Olho vivo
O prefeito Gustavo Fruet (PDT) tem evitado se dizer candidato à reeleição. Há quem interprete esta postura de esfinge como sinal de que ele estaria a ponto de desistir da disputa. Outros veem nela algum grau de esperteza: enquanto não se lançar pública e definitivamente, se preservará de ataques mais contundentes dos potenciais adversários.
Por outro lado, em meio à atenção dada pela opinião pública à Lava Jato e ao impeachment, os que já se lançaram candidatos (como Ducci, Greca, Requião Filho e Leprevost) perdem acústica para promover o debate eleitoral municipal.
A maioria dos políticos paranaenses está de olho mesmo é em 2018. A penúltima informação de bastidor: Ratinho Jr., agora no PSD, teria desistido de concorrer ao governo e planeja disputar o Senado.
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