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Estratégico 1

O que faz um “consultor estratégico” na Sanepar? Nem mesmo a Sanepar é capaz de explicar porque gasta quase meio milhão de reais todos os meses para pagar salários de 31 “consultores estratégicos” que mantém em sua folha. O Ministério Público já disse que eles, além de terem pouca serventia para os propósitos da companhia, não poderiam ser contratados sem que, antes, os cargos fossem criados por lei. Por isso, em abril de 2014 o MP recomendou a extinção dos cargos e a exoneração dos ocupantes. A Sanepar não obedeceu.

Estratégico 2

Pelo contrário, continuou nomeando. Uma das últimas nomeações beneficiou a esposa do secretário da Segurança, Fernando Francischini. Dona Flávia deixou uma diretoria do Detran para virar “consultora estratégica” nível III da Sanepar, conforme a resolução 88/2015 assinada pelo presidente da estatal, Mounir Chaowiche, em 23 de março. Salário: R$ 13.386,59. Em 7 de abril, no Facebook, a nomeada posta fotos de férias que curtia na Disney.

Que sorte! 1

A Comissão da Verdade, que investigou agressões aos direitos humanos no período de 1946 a 1985, provou que os presidentes e outras figuras do regime militar (1964/85) cometeram ou deram guarida a atrocidades, assassinatos, tortura... Perfeito, fatos incontestáveis que merecem repulsa eterna. Mas daí vem o vereador Pedro Paulo (PT) e apresenta projeto para que todos os nomes ligados ao golpe de 64 sejam retirados de ruas, avenidas, praças e prédios públicos municipais.

Que sorte! 2

Sorte do vereador que a Comissão da Verdade não tenha abrangido período anterior a 1946. Neste caso, Pedro Paulo também deveria, por coerência histórica, sugerir a mudança dos nomes das avenidas Getúlio Vargas e Marechal Floriano, por exemplo. Quem não se lembra de Olga, a mulher de Luiz Carlos Prestes, que a ditadura getulista entregou aos nazistas para morrer em campo de concentração? E quem não sabe que um dia Florianópolis se chamou Ilha do Desterro porque eram para lá mandados os inimigos de Floriano?

Ciência e fé

Há exatos 20 anos nascia em Curitiba o Instituto Ciência e Fé com a proposta de examinar as duas realidades. Do grupo fundador fizeram parte Euclides Scalco, Newton Freire Maia, Ubaldo Puppi, Hélio Puglielli, Alzelli Bassetti, Aroldo Murá Haygert, Belmiro Valverde, Luiz Carlos Martins, dentre outros. O ICF consolidou-se e rejuvenesce: os médicos Cícero Urban e Raul Anselmi Junior e padre Ricardo Hoepers são a nova geração, lá atuando especialmente no jornal Universidade, mantido pela instituição.

Atenas é o lugar onde nasceu a democracia. O povo se reunia em praça pública e decidia ali mesmo, pelo voto direto, o que o governo da cidade-estado devia fazer. A estes espaços públicos dava-se o nome de ágora. Séculos depois, a democracia foi se “aperfeiçoando”: em vez do voto direto, o povo passou a votar em algumas poucas pessoas para governar ou para votar em seu nome. A democracia direta virou democracia indireta. Nossos modernos parlamentos tiveram esta origem.

Eles seriam a “caixa de ressonância” da sociedade, como dizem pomposamente os parlamentares. Há certas ocasiões, no entanto, em que o povo decide dizer que seus governos e parlamentos já não o representam. Vê-se isto atualmente – o povo nas ruas dizendo coisas que seus representantes não dizem, não pensam ou não querem.

Mas, nesta segunda (13), a Assembleia Legislativa do Paraná teve seu momento de “ágora”. Foi quando se discutia um requerimento que pedia urgência para a tramitação do projeto que muda a Paranaprevidência. O governo tem pressa. Alguns deputados se lembraram, então, que há dois meses o Centro Cívico teve seus dias de “ágora”. Foi quando a multidão ali reunida obrigou o governo e a Assembleia a não terem pressa em votar as matérias que o governo queria impor. Dentre elas exatamente aquela que, em fevereiro, daria a Beto Richa o poder de, em 48 horas, avançar no dinheiro dos aposentados atuais e futuros.

O projeto, aperfeiçoado mas não ainda perfeito, voltou à Assembleia. O líder do governo, deputado Luiz Claudio Romanelli, requereu urgência na votação. Isto é, estava pedindo aos seus pares que, de novo, o aprovassem rapidamente, sem muita reflexão, discussão e chance de melhorar.

Houve protesto. Muitos deputados se lembraram do camburão e conseguiram convencer Romanelli a retirar o requerimento. Foi um momento importante. Nunca antes na história da Assembleia, a folgada maioria governista havia se comportado desta maneira, isto é, contra o desejo do governo. Paradoxalmente, fez lembrar um pouco a velha Atenas, berço da democracia direta.

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