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O governador Orlando Pessuti tem demonstrado sua disposição de confirmar o que sempre se pensou sobre ele – um sujeito conciliador, bonachão, de bem com a vida. Esse traço de personalidade ficou ainda mais realçado quando comparado ao estilo belicoso do antecessor, o ex-governador Roberto Requião. Significa, então, que Pessuti seria um homem que, de tão pacífico, estaria sempre disposto a engolir todos os sapos?

Não é bem assim. Pessoas de sua estrita confiança, que com ele convivem diariamente, foram autorizadas a transmitir sua irritação com o comportamento do PT estadual, que sistematicamente o tem ignorado como candidato do PMDB ao governo. Não entende a razão pela qual os petistas, depois de frustrada a aliança que pretendiam fazer com o PDT, passaram a cogitar uma candidatura própria, quando, ao contrário, poderiam muito bem dispor-se a uma aproximação com o candidato do PMDB que seria benéfica para ambas as partes.

Pessuti tem lembrado que desde o início, quando o PT ainda pensava ser possível montar com Osmar Dias um grande palanque para a presidenciável Dilma Rousseff, que ele se dispunha a ser o "segundo palanque". Esta vontade foi transmitida direta e repetidamente ao presidente Lula e aos líderes estaduais do PT. Não obteve, porém, o retorno esperado.

"Se me desprezam – teria dito o governador aos seus mais próximos –, posso me sentir livre para não corresponder com o apoio que a candidata Dilma precisa no Paraná". Com isso, raciocina, o PT está arriscado a ter apoios muito frágeis no Paraná, colocando em risco não só uma votação expressiva para Dilma como também a eleição de sua candidata ao Senado, Gleisi Hoffmann. E mais: prejudicam o desempenho de um aliado de primeira hora e dão de bandeja a Beto Richa a eleição já no primeiro turno, principalmente se Osmar Dias for forçado a desistir do Palácio Iguaçu para disputar a reeleição ao Senado.

No plano administrativo, o governador diz que não tem do que se queixar. Tem obtido junto ao governo federal apoio e boa vontade para resolver alguns dos graves problemas que Requião deixou pendentes, dentre os quais o mais importante – a multa milionária que o estado tem de pagar à União. No plano político-eleitoral, porém, não tem havido a mesma correspondência, com frutos em mão dupla, ressalta.

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Olho vivo

Herança 1

Ninguém desconhece o peso da herança maldita que o Paraná terá de pagar depois dos sete anos do governo Requião. Ações judiciais bilionárias tendem a espocar dentro do bolso dos contribuintes no próximos governos. Surge agora mais uma, que, embora prevista há muitos meses, está próxima de juntar-se aos prejuízos que já são contabilizados. Diz respeito à compra da famosa draga para o Porto de Paranaguá.

Herança 2

Como todo mundo sabe, o governo abriu licitação internacional para aquisição do equipamento que, em tese, poderia manter o porto livre dos perigos à navegação que ainda hoje o rondam. Pois bem: a licitação foi feita e ganhou uma empresa de Londrina que oferecia a draga por R$ 46 milhões. O segundo lugar, que fez oferta de R$ 41 milhões por equipamento absolutamente idêntico, entrou na Justiça e conseguiu que a licitação fosse anulada.

Herança 3

Mesmo assim, o superintendente do Porto de Paranaguá, Daniel Fiel de Souza – sucessor indicado por Eduardo Requião –, assinou carta de crédito no valor maior, esperando que uma eventual liminar reconhecesse a regularidade da concorrência e o pagamento pudesse ser efetuado. O negócio, então, estaria consumado, com poucas possibilidades práticas de uma reviravolta.

Herança 4

Acontece, porém, que a demora nas decisões dependentes da Justiça brasileira impacientam o estaleiro chinês fabricante das dragas gêmeas. Os chineses já comunicaram às duas empresas paranaenses que se dispuseram a comprar uma delas que encontraram novos compradores e a preços melhores, já que, superada a crise financeira mundial, aumentou a demanda por esse tipo de equipamento.

Herança 5

E daí? Daí que grandes somas já foram gastas nessa operação. Caravanas de convidados (dentre os quais um funcionário do Tribunal de Contas) foram levadas à China, assim como equipes técnicas, para vistoriar as dragas. Mas há mais prejuízos à vista: novas ações milionárias por perdas e danos em breve deverão ser penduradas no lombo dos contribuintes. E a dragagem do porto? Bem...

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