Prova dos 9
Hoje será o dia da “prova dos 9”. Os manifestantes em defesa da Petrobras e contra o impeachment dizem ter reunido 5 mil pessoas na marcha da Praça Santos Andrade à Boca Maldita. A Polícia Militar, sabe-se lá por quais critérios, diz que não chegavam a mil. Neste domingo à tarde é a vez da turma do “Fora Dilma”. E, então, se verá qual dos grupos teve maior capacidade de mobilização de adeptos de suas respectivas causas. Será a hora de fazer as contas.
Independentes
Devem se intensificar durante a semana as articulações para a formação de um bloco independente na Assembleia Legislativa – deputados que não querem se alinhar ao governo Beto Richa mas também não pretendem ser vistos como de oposição. Os líderes da articulação são os deputados Ney Leprevost (PSD) e Tercílio Turini (PPS). Pelas suas contas, é possível que o bloco seja integrado por uns 15 ou 16 parlamentares. A intenção – como diz o nome do grupo – é votar as matérias (contra ou a favor) sem precisar adotar o comportamento “bovino” usual entre os situacionistas.
Cuma?
Indicado pelo governador Beto Richa para a presidência da Elejor (Centrais Elétricas do Rio Jordão), uma subsidiária da Copel, o ex-deputado Reinhold Stephanes Jr. reuniu um grupo de peemedebistas para festejar sua ascensão. Pelas tantas, anunciou aos presentes que não ficaria muito tempo no cargo pois teria de se afastar a tempo de concorrer à eleições para prefeito de Curitiba no ano que vem. O clima esquentou. Um dos presentes levantou uma questão crucial: “Se você não conseguiu nem se reeleger deputado, por que acha que o PMDB vai querer tê-lo como candidato a prefeito?”
O presidente da Câmara Federal, deputado Eduardo Cunha, pôde dar seu “showzinho” na CPI da Petrobras na quinta-feira passada. Nem precisou ser coagido a comparecer. Pelo contrário, se ofereceu para falar e, ao final de uma sessão que durou cinco horas, saiu mais forte do que entrou. Nenhum parlamentar lhe fez qualquer pergunta. Preferiram gastar seus tempos (cinco minutos para cada um) para derramar elogios a Cunha, pois se convenceram de que são falsas as acusações de que seria um dos beneficiários da petropinas identificados pela Lava Jato.
Convenhamos: quem leu os autos (agora públicos) enviados ao STF pelo procurador-geral Rodrigo Janot se convence logo de que, de fato, são vagas e inconsistentes as referências que o doleiro Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa fizeram sobre supostas entregas de dinheiro a Eduardo Cunha. Muito provavelmente, se outros elementos não forem encontrados, o inquérito contra ele será arquivado.
Não será caso único. À exceção de situações como a do senador Collor de Mello, que deixou batom na cueca porque há documentos que provam transferências para sua conta pessoal, outros inquéritos tomarão o mesmo destino. Uma pena, porque a Lava Jato parecia ser a mais ampla e irrefutável comprovação da corrupção na Petrobras e capaz de abalar a República e levar à condenação a maioria dos 54 indiciados.
Dadas as inconsistências e contradições das delações premiadas, este instituto tende a perder credibilidade. No afã de se livrar das penas a que fatalmente seriam condenados, Youssef e Costa não tiveram muito pejo de lançar nomes às feras. Embora comprometidos em dizer a verdade, seu compromisso termina no exato momento em que o juiz (no caso, Sergio Moro, da Justiça Federal de Curitiba) vê nas declarações algum verniz de veracidade. A partir daí o ônus de comprovar a veracidade caberá ao inquérito autorizado pelo STF.
Outro exemplo da fragilidade das delações envolve dois paranaenses – a senadora Gleisi Hoffmann e seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo. Desde outubro seus nomes eram mancheteados como culpados.
Quando, porém, saiu a “lista de Janot” o nome de Paulo Bernardo não constava dela. Janot se utilizou de um critério de lógica: viu nos autos que a suposta doação de R$ 1 milhão para a campanha de 2010 teria sido pedida por Paulo Bernardo, mas que os dois delatores, em quatro diferentes depoimentos, disseram ter ouvido essa afirmação um do outro, sem demonstrar certeza ou prova quanto ao destino da grana. Diante disso, Paulo Bernardo saiu da lista.
Já o da senadora Gleisi Hoffmann entrou – embora pese sobre ela a mesma acusação que Paulo Bernardo sofria. Se a lógica de Janot favoreceu o ex-ministro, o mais provável, então, é que, na sequência do inquérito, o caso de Gleisi tome também o caminho do arquivo, assim como poderá acontecer com muitos dos outros investigados no STF.
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