Os últimos dias foram marcados por inúmeros boatos fartamente reverberados pelas redes sociais. Falavam a respeito de um suposto processo de desmanche do sistema de saúde pública que estaria sendo posto em prática pela administração do prefeito Rafael Greca (PMN). Boatos são boatos e devem ser devidamente separados da verdade real.
Diziam os boatos que várias das dez UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) existentes em Curitiba seriam fechadas.
Os boatos seria mentirosos? Onde estaria a verdade?
A verdade é que pelo menos metade das UPAs de fato deixará de funcionar de conformidade com a concepção de política de saúde que deu origem a elas. Foram pensadas e implantadas como unidades 24 horas equipadas para atender casos de média complexidade. O objetivo seria o de diminuir as filas nos prontos-socorros e, ao mesmo tempo, cobrir deficiências das unidades básicas de saúde – os chamados “postinhos” – destinados a atender apenas os casos mais simples.
O boato era verdadeiro. De fato, a Secretaria Municipal de Saúde caminha para fechar cinco das 10 UPAs de Curitiba. Deixariam de funcionar de acordo com o objetivo original e passarão a atender especialidades. Quem precisar de atendimento urgente e cuidados médicos de maior complexidade que procure os sempre superlotados pronto-socorros ou os hospitais credenciados pelo SUS.
Uma das UPAs a cerrar suas portas é a da Matriz, que funciona em dependências do Hospital de Clínicas. A partir da mudança política da saúde municipal, as instalações serão devolvidas ao HC para que este dê a elas o destino que considerar mais conveniente – provavelmente uma clínica oftalmológica. Ou exclusivamente para atender intercorrências pós-cirúrgicas dos seus próprios pacientes.
O entendimento de profissionais da área é de que as mudanças idealizadas pela administração municipal são um passo atrás – isto é, representam o cumprimento da promessa eleitoral de levar Curitiba de volta ao passado. Vários populosos bairros ficarão sem suas UPAs, como Fazendinha, Boqueirão, Campo Comprido, Pinheirinho e a já citada da Matriz.
Até que ponto estas mudanças vão ajudar no aprimoramento da assistência ainda não se sabe. Imagina-se que o interesse seria apenas o de economizar recursos, sempre escassos na área de saúde. E que a pretendida transformação de UPAs em centros de especialidade também será insuficiente par atender esta demanda.
Entre boatos, verdades e mentiras, aproximam-se do fim os 180 dias que Greca se deu de prazo para resolver os problemas de saúde de Curitiba.
Olho Vivo
O senador Roberto Requião está com um projeto ambicioso na cabeça: acredita que crescem suas chances de se candidatar à presidência da República em 2018. Para ele, Lula já não tem mais chances: embora primeirão em todas as pesquisas, o ex-presidente já teria atingido seu teto, já que os índices de rejeição são maiores que os de adesão ao seu nome.
O projeto de Requião, que está levando a sério ao ser uma das poucas vozes a defender Lula e Dilma, implica em mudar de partido, deixando o PMDB para se filiar ao PT. Otimista, diz aos mais próximos que, com o apoio de Lula na campanha, lhe dará uma “arrancada” de pelo menos 15% dos votos.
Até outro dia, Greca já tinha nomeado 403 comissionados, ultrapassando o limite de 360 que havia estabelecido. Mas ele continua nomeando: agora já são 502 as nomeações para cargos em comissão. Pelas contas, o dispêndio com estes cargos chegará a pelo menos R$ 50 milhões durante o ano – bem mais do que custa a manutenção de cinco UPAs.
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