Os ventos mudam de direção sem aviso prévio. Quem ontem era contra o impeachment hoje vira a favor ou vice-versa – como mostram as ciclotímicas previsões de votos na sessão da Câmara dos Deputados que decidirá (ou não) pela defenestração de Dilma da Presidência neste domingo.
Mudar de ideia não é pecado. Ao contrário, nunca mudar pode ser sintoma de outro mal, o fanatismo. Mas no caso do impeachment o que impressiona é a evidência de que a dança obedece mais ao ritmo das conveniências pessoais, da esperteza e do oportunismo.
É difícil identificar aqueles que trocam o passo inspirados em nobres razões ou porque se convenceram quanto aos fatos jurídicos que fundamentam o impeachment. Carreira, cargos e votos são mais importantes.
Olho vivo
O presidente da poderosa Federação da Agricultura do Paraná (Faep), Ágide Meneguete, suspeita que existem “interesses de grupos” dentre os que querem a extinção dos atuais contrato de pedágio no estado, que terminam em 2021, “para eles próprios assumirem as concessões”. Meneguete defende a prorrogação das concessões com renegociação que permita, desde já, a redução das tarifas e a duplicação total do Anel de Integração.
Segundo Ágide, não é inteligente manter por mais seis anos os atuais contratos sob as mesmas condições desfavoráveis ao setor produtivo. É melhor negociar já a prorrogação para obter imediata diminuição das tarifas, o início da duplicação e a realização de outras obras urgentes. Esperar o fim dos contratos para, só em 2021, fazer nova licitação, só serve para adiar soluções que precisam ser breves.
Enquanto isso, na Assembleia, deputados decidiram formar uma frente parlamentar de luta contra a renovação dos contratos do pedágio. Liderada pelo deputado Ademir Bier, a frente promete iniciar imediatamente os trabalhos porque “o governo do estadual está com as negociações avançadas em favor da prorrogação”. Segundo ele, os argumentos favoráveis são “uma fantasia de quem defende a continuidade desse assalto à produção e à economia do estado”.
A OAB/PR enviou certidão à Câmara Municipal desautorizando o advogado que, na sessão de ontem, se apresentou para defender os taxistas contra o ingresso do Uber como alternativa de transporte na cidade. Ele se disse presidente da Comissão de Trânsito da OAB, mas a certidão diz o contrário: a comissão foi extinta em 31 de dezembro de 2015. Ao ocupar a tribuna, o advogado chateou-se com um aparte do vereador Paulo Salamuni e mandou-o “calar a boca”. Os vereadores se revoltaram com o desrespeito. O presidente Ailton Araújo mandou a segurança retirá-lo da tribuna. Saiu arrastado.
A Inbra, empresa que estava recauchutando 11 mil coletes balísticos da Polícia Militar num galpão em Almirante Tamandaré, é tradicional fornecedora de serviços e de equipamentos para a secretaria de Segurança Pública. Segundo o portal da Transparência do governo estadual, durante 2015 e nos primeiros três meses de 2016, a empresa recebeu verbas do Paraná Seguro que montam a quase R$ 1 milhão. A última encomenda do governo foi de 640 coletes balísticos masculinos e 110 femininos, ao custo de R$ 590 mil.
Após denúncia de que alguns lotes estavam com data de validade vencida e que já não serviam para proteger os policiais (um morreu), os equipamentos passavam por “recall”. A fabricante informou que o desgaste das fibras que compõem os coletes foi provocado pelo excesso de suor dos usuários.
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