Com Beto Richa exposto (até agora) em cinco investigações autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), observadores políticos consideram no mínimo imprudentes os movimentos do pré-candidato Ratinho Jr. que se empenha em ter o governador como seu companheiro de chapa na condição de candidato a senador. E de, ainda, ter-lhe oferecido o direito de indicar o nome de sua preferência para a vice.
“Foi muito precipitado”, disse à coluna uma figura forte que milita no mesmo partido de Ratinho Jr., o PSD. A sensação aumentou após a afirmação de que um dos delatores de que teria pessoalmente entregue R$ 1 milhão a Pepe Richa, irmão do então candidato Beto, na porta de um supermercado em Curitiba, e que tal valor foi de caixa 2.
Dê-se-lhe a Beto e a seu irmão o benefício da presunção de inocência. Ambos negam que a campanha tenha recebido valores ilícitos. Mesmo porque, coincidentemente, há registro no TSE de uma doação legal da JBS no mesmo valor, transferido por meio de operação bancária eletrônica, no dia 24 de outubro de 2014.
De qualquer modo, a mesma fonte que pôs em dúvida a estratégia de Ratinho de seduzir Beto Richa acrescenta: o PSD está rachado, assim como PSC, também liderado pelo pré-candidato. Há muitos entre os filiados aos dois partidos que rejeitam esta aliança, ou qualquer outra em que virtuais candidatos precisem dar muitas explicações sobre inquéritos que envolvam casos de corrupção.
A inoportunidade se tornou ainda mais aguda desde a semana passada quando o caldeirão político nacional entrou em estado de ebulição por conta das delações dos executivos da JBS. A tal ponto este caldeirão ferve que nenhum brasileiro hoje é capaz de afirmar, sem qualquer sinal de dúvida, de que Michel Temer ainda será presidente da República na semana que vem.
Estes fatos jogam no limbo quaisquer arranjos políticos que visem às eleições para o governo do estado em 2018. Ou seja, o jogo está outra vez zerado. Só mesmo depois de a fervura baixar será possível recomeçá-lo.
Música 1
“Enquanto houver doença em Curitiba, não haverá música.” A frase é do prefeito Rafael Greca quando, em janeiro, anunciou o cancelamento da 35.ª Oficina de Música. Ele queria dizer que a prefeitura não poderia contribuir com R$ 900 mil para realizar o tradicional evento porque tais recursos deveriam ser repassados para a saúde pública. A crise na saúde continuou, todo mundo sabe – assim como a música, fora da Oficina, prosseguiu em altos decibeis.
Música 2
A “música” vem da vizinhança da Câmara Municipal, onde servidores públicos se concentram para protestar contra o “pacote de recuperação” – mais conhecido como “pacote de maldades” – que Greca mandou para os vereadores aprovarem. A música, que entoa repetidamente o estribilho “retira!”, não soa bem para os ouvidos sensíveis do prefeito nem dos vereadores – principalmente para estes, sobre os quais recairá a culpa final pelo cancelamento do reajuste salarial dos funcionários e pelo confisco de R$ 600 milhões do fundo previdenciário municipal, entre outras maldades.
Música 3
O Instituto dos Advogados do Paraná promove debate sobre Prerrogativa de Foro e Abuso de Autoridade – dois projetos polêmicos em tramitação no Congresso Nacional. A ideia é fazer uma reflexão científica e moderada sobre os temas, bem como sobre suas consequências políticas. O professor René Dotti será o presidente de honra do evento e o senador Alvaro Dias fará conferência sobre prerrogativa de foro, já que ele é o autor da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que propõe a sua extinção. O evento está sendo promovido pelo IAP e pela Federação das Indústrias do Paraná, mas a intenção é ouvir todas as vertentes.
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