Seja qual for o instituto de pesquisa ou o cenário em que está colocada sua candidatura a governador, o vice Orlando Pessuti (PMDB) dificilmente aparece com mais do que míseros 5% pouquíssimo a frente aos cerca de 30% a 40% atribuídos a Richa, Alvaro e Osmar. Os mesmos institutos, no entanto, mostram duas das principais razões para tão baixo desempenho: é pouco conhecido pela população e altos os seus índices de rejeição.
O que fazer diante dessa situação dramática para alguém com 40 anos de carreira política, muitos palanques animados pela própria sanfona, vários bem votados mandatos de deputado, secretário de Estado e dois mandatos de vice-governador?
Não ser tão conhecido quanto os demais candidatos é explicável: normalmente discreto, simples, bonachão, nunca fez o perfil do político fissurado em "aparecer", nunca esteve em vitrines muito vistosas nem nunca teve grandes equipes de comunicólogos e marqueteiros para divulgar seus feitos ou burilar a imagem.
A rejeição, aferida junto aos entrevistados quando perguntados em quem não votariam "de jeito nenhum", normalmente acompanha os desconhecidos ou aqueles que, sendo bem conhecidos, realmente a merecem. Os cerca de 25% de eleitores que dizem que não votariam em Pessuti "de jeito nenhum" são reflexo dos dois motivos. O primeiro, de forma direta; o segundo, de forma indireta pois Pessuti, aliado fiel, se contamina com o estigma da rejeição que muita gente devota a Roberto Requião.
Pessuti reconhece tais fragilidades e sofre com o descrédito que até mesmo seus companheiros de partido lhe dedicam. A tal ponto que, a começar pelo líder do governo na Assembleia, deputado Luiz Cláudio Romanelli, muitos peemedebistas não escondem o desejo de buscar o aconchego do adversário Beto Richa. Outros torcem por Alvaro Dias.
Pior do que com os muxoxos desses infiéis peemedebistas, Pessuti padece também com a contínua ameaça de ter a cabeça colocada na bandeja como parte de acordos de bastidores. Por exemplo: talvez seja conveniente para a eleição de Requião para o Senado que Pessuti seja afastado da disputa ao governo. Nesse caso, o PMDB, ainda que informalmente, apoiaria Beto Richa e, em troca, o PSDB não lançaria candidato a senador para deixar caminho livre para Requião.
O vice-governador está bem consciente dessas dificuldades. Como bom cabrito, não berra ou berra pouco e baixinho. Pelo menos por enquanto. Pacientemente, espera o dia 3 de abril (faltam apenas 70 dias!) para empunhar a caneta de governador.
É a oportunidade para resolver todos ou alguns dos obstáculos que enfrenta agora para consolidar sua condição de candidato viável ou, pelo menos, para ser um ator necessário no palco da disputa entre os dois candidatos do segundo turno. Se, por exemplo, chegar a somar 10% ou 15% no primeiro turno, Pessuti poderá definir a vitória de um ou de outro em caso, como se prevê, de uma eleição apertada. Um fiel de balança a ser cortejado por ambos.
Com o governo nas mãos, planeja superar seus problemas em três rápidos tempos:
primeiro, tornar-se conhecido;
em seguida, mostrar-se como bom administrador fazendo um governo com personalidade própria e resolvendo algumas das questões graves que desmoralizam o governo Requião: pedágio, Porto de Paranaguá e segurança pública, para citar os casos mais emblemáticos de fracasso do antecessor;
e, em terceiro lugar, reverter o quadro de descrédito dentro do próprio PMDB, buscar o apoio de outros partidos (incluindo o PT em seus sonhos) e ser aclamado com foguetório na convenção de junho.
Se conseguir cumprir esse roteiro, ganhará confiança de que chegará à meta principal de ser protagonista considerável na liça eleitoral. Caso contrário, de acordo com o tratamento que receber do PMDB e de Requião hoje variável entre ruim e péssimo definirá como comportar-se na hipótese de se ver sem condições de candidatar-se. Tem três opções históricas para servir-lhe de parâmetro:
poderá agir como o vice de Ney Braga, o jurista Hosken de Novaes, na eleição de 1982: foi um verdadeiro magistrado, não pendeu para nenhum lado. Resultado: Ney foi derrotado para o Senado por Alvaro Dias; Saul Raiz perdeu o governo para José Richa.
poderá incorporar o espírito de João Elísio Ferraz de Campos, o vice de José Richa. Deu continuidade ao governo, não mudou substancialmente a equipe e trabalhou para levar o antecessor para o Senado. Deu certo.
poderá reproduzir Mário Pereira, o vice de Requião na gestão 1991-94: chutou o pau da barraca e deixou Requião se virar sozinho. Requião venceu com sobra, mas sem a ajuda de Pereira, que saiu do PMDB e hoje trabalha para Osmar Dias.
Dona Regina, a mulher de Pessuti, defende a terceira hipótese.
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