Enquanto alguns políticos do Paraná repensam ou até mesmo desistem de projetos que imaginavam fáceis de decolar, outros põem em marcha, sem sinais de retorno, objetivos traçados há muito tempo.
Na primeira categoria, está, por exemplo, o governador Beto Richa, que oscila entre ficar no Palácio até o fim do mandato ou renunciar nove meses antes para se candidatar ao Senado. Investigado em três operações – Publicano, Quadro Negro e Lava Jato –, sua dúvida consiste em, não mantendo cargo eletivo, perder o foro privilegiado que ainda o protege.
O desmanche é generalizado. A senadora Gleisi Hoffmann também já não pensa em reeleição, preferindo o caminho mais seguro de disputar uma cadeira na Câmara. Roberto Requião ainda se diz candidato a governador, mas tentará mesmo ficar no Senado se conseguir se manter no comando do PMDB estadual. A vice Cida Borghetti, que planejava suceder Richa, já não sabe o que fazer se o governador decidir ficar até o fim do mandato. Ratinho Jr., por sua vez, é um pote de dúvidas: sente resistências dentro do PSD e PSC, partidos que lidera, quanto a uma eventual disputa ao governo. Por isso já estaria mais propenso a disputar uma vaga de senador, mas ainda não sabe com que companhia.
Na segunda categoria aparecem inabaláveis até agora os irmãos Alvaro e Osmar Dias, cada vez mais articulados para concorrerem, respectivamente, à presidência da República e ao governo estadual.
Pré-candidato declarado, o ex-senador e ex-vice presidente do Banco do Brasil Osmar Dias corre o interior do estado fazendo e refazendo contatos políticos, dando palestras e entrevistas. Esta semana, visitará 11 municípios do Norte Pioneiro depois de ter passado a anterior no Norte e Noroeste.
Já o senador Alvaro Dias espera alavancar sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto a partir do favoritismo que, em dupla com o irmão, acredita poder conquistar no Paraná. Mas não desprega os olhos do cenário nacional. Seu maior trunfo será o de se colocar na campanha presidencial como um dos raros políticos do país que não precisam responder a acusações de envolvimento nas peripécias imorais que abastecem o noticiário diário.
Autor da proposta de emenda constitucional que extingue o foro privilegiado – uma das bandeiras que a população levou às ruas nas manifestações do último domingo (26) – Alvaro tem viajado o país em busca de um caminho partidário e de alianças regionais suficientes para dar sustentação à sua pré-candidatura e à campanha. Pensa que a nascente nova legenda Podemos, em constituição, pode ser uma opção (veja ao lado).
Atento à rejeição que o eleitorado devota aos enrolados com a corrupção, tem tomado o cuidado de não se enredar com a parte podre da política – estratégia que poderá fazer toda a diferença em 2018.
Podemos, o exemplo que vem da Espanha
Um novo partido político deverá surgir no cenário nacional bem antes de setembro – mês limite para filiações de quem pretende concorrer às eleições de 2018. Uma característica deverá prevalecer na formação de seus quadros: não serão aceitos políticos com ficha suja ou investigados na Lava Jato.
Vai se chamar Podemos – à semelhança do partido criado na Espanha em 2014, apenas quatro meses antes das eleições, tempo, no entanto, que lhe foi suficiente para conquistar quase 10% dos votos e das cadeiras no parlamento.
Assim como na Espanha, o Podemos brasileiro pretende “converter a indignação em mudança política”. Alguns congressistas, dentre eles o senador paranaense Alvaro Dias, articulam a formação do novo partido a partir do registro do antigo PTN, sem ligações com a turma que hoje manda no Executivo e nas duas casas do Congresso.
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