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Olho Vivo

Temores 1

O PT do Paraná contabiliza uma boa história de sucessos nas campanhas para senador que disputou no estado. Elegeu Flávio Arns em 2002 e, em 2006, Gleisi Hoffmann perdeu para Alvaro Dias, mas fez 45% dos votos. Gleisi é novamente candidata, desta vez com a vantagem de que serão duas as cadeiras em disputa.

Temores 2

Vai competir, em princípio, com Requião (PMDB), Ricardo Barros (PP), Abelardo Lupion (DEM) e com Gustavo Fruet (PSDB). Se repetir o desempenho de 2006 – principalmente a dobradinha Dilma Rousseff/Osmar Dias se consolidar – são grandes suas chances de eleger-se para uma das vagas. E para a outra? Para a outra se engalfinharão o governador e os demais, fato que enche Requião de temores e o faz, desde já, a praticar o tradicional jogo pendular entre as candidaturas à Presidência. Serra ou Dilma? Ficará com a que lhe proporcionar mais vantagens na briga pelo Senado. Corre o risco de não poder se amarrar a nenhum dos dois e tendo como companheiro de chapa o vice Orlando Pessuti, o mais fraco dos candidatos ao governo.

Temores 3

Gustavo Fruet é o nome que mais mete medo em Requião. Mais votado deputado federal em 2006 (200 mil votos) e um dos poucos paranaenses com prestígio nacional, poderá estar na chapa de Beto Richa, hoje favorito para o governo e, portanto, previamente beneficiário do desempenho eleitoral do prefeito e do presidenciável José Serra.

Hoje é o dia em que o Tribunal de Justiça escolherá, entre os integrantes de uma lista sêxtupla, os três nomes que serão submetidos ao governador do estado para que, dentre eles, nomeie o titular de uma das 120 cadeiras de desembargador, vaga desde maio quando da aposentadoria de Antonio Lopes de Noronha.

Nos tempos em que o TJ era composto por apenas 11 desembargadores, ser um deles era a suprema glória, o coroamento de uma longa carreira, geralmente iniciada como juiz-substituto em alguma remota e inóspita comarca do interior. Conhecia-se a cada um deles pelo nome.

Com o passar dos anos, a quantidade de desembargadores foi crescendo, crescendo... Hoje são 120, quase tão numerosos, proporcionalmente, quanto o são os sargentos da Polícia Militar.

Nem por isso, ser desembargador deixou de ser importante. A tal ponto que para chegar ao posto nem sempre bastam aos candidatos uma carreira brilhante na magistratura, na promotoria ou na advocacia. Muitas vezes é necessário também ter bons padrinhos e contar com influência política.

Isso se dá especialmente quando a vaga a ser preenchida é uma daquelas que constituem 20% do quadro – isto é, uma vaga do "quinto constitucional", destinada a advogados indicados pela OAB ou a promotores e procuradores escolhidos pelo Ministério Público. É para o preenchimento de uma dessas vagas que o pleno do TJ se reúne a partir das 13h30 de hoje.

De uma lista sêxtupla definida pelo Ministério Público, os eleitores tirarão três nomes: os mais votados constituirão uma lista tríplice que, em seguida, será entregue ao governador para que, dentre eles, nomeie livremente o novo desembargador.

Logo, para os seis candidatos, a primeira etapa da campanha a que se dedicaram consistiu em garantir presença na lista tríplice. É o resultado dessa campanha – isto é, do poder de convencimento de cada um dos seis – que aparecerá na votação de hoje. O que leva os observadores a considerar como líquido e certo que, da tríplice, figurará em primeiro lugar o nome da promotora Angela Curi, que concorre com Antonio Cioffi de Moura, Paulo Roberto Santos, Valério Vanhoni, João Henrique Silveira e Ramatis Fávero.

Por quê? A explicação é dada discretamente por alguns dos atuais desembargadores com os quais a coluna conversou. Segundo eles, favorecer a escolha de Angela pode servir para melhorar a boa vontade da Assembleia e do governador do estado para com o Tribunal, de modo a facilitar a liberação de mais recursos para o Judiciário. O argumento está fundamentado no fato de a candidata ser sobrinha de Aníbal Khury – cujas ligações com o Judiciário, quatro anos após sua morte, ainda desperta grande simpatia. E por ser prima do deputado Alexandre Curi, primeiro-secretário da Assembleia, neto de Anibal, que herdou do avô os gens que o tornaram um dos homens mais poderosos do Paraná por décadas.

Conquistar essa boa vontade poderá significar, por exemplo, o pagamento de bolada próxima de R$ 200 mil referente a parcelas atrasadas do auxílio-moradia que os desembargadores têm direito. Em dezembro passado, pouco depois da eleição da atual direção do TJ, a conta bancária deles foi engordada com R$ 30 mil – primeira parcela do auxílio. Falta o resto.

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