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Não se acuse de incoerência o líder do governo na Assembleia, deputado Luiz Cláudio Romanelli. Nem se diga que ele seja capaz de pensar e agir diferentemente de Requião, a cuja orientação, por dever de ofício e longa amizade, presta estrita obediência.

Uma das últimas emanações do Palácio da Araucária aconteceu na semana passada. Foi um aviso do governador de que qualquer deputado que ousasse introduzir mudanças no projeto de aumento do funcionalismo, de 6% (ao final aprovado), passaria a ser tratado sem pão e sem água. Nem mesmo audiências concederia aos que se rebelassem ao seu desejo, muito menos teriam atendidos seus pedidos paroquiais.

Romanelli levou ao pé da letra a orientação. Aliás, não teria mesmo como fazer interpretações subjetivas da claríssima ameaça do chefe e do respeito que ele devota aos deputados e à Assembleia, pois, bem objetivamente, ele os considera meros serviçais.

Ontem, já no finzinho da sessão, Romanelli decidiu colocar mais uma vez em prática o pensamento de Requião. Foi quando da votação de uma indicação legislativa formulada pelo deputado Ney Leprevost (PP), que pedia ao governador a aquisição de um aparelho de ecografia para o hospital de Castro.

Romanelli foi rápido em aproveitar a oportunidade para votar contra e informar a distinta platéia que, neste governo, pedidos do gênero feitos por parlamentares da oposição (caso de Leprevost) e nada são rigorosamente iguais a nada. Que o governo só atenderá pedidos de deputados que o apoiem e nunca os oposicionistas. Leprevost reagiu, lembrando o líder situacionista do princípio constitucional da impessoalidade.

Fora essa lembrança, Romanelli provavelmente terá no futuro de dar explicações aos pacientes que precisarem de ecografia em Castro, pouco preocupados em saber se o aparelho é da situação ou da oposição. Talvez, no caso extremo de o equipamento ser fornecido, seja preciso também saber se os doentes são de oposição ou de situação antes de se lhes prestar o serviço médico.

Voltando ao aumento dos servidores: ontem o governo informou que ele só será implantado na folha do mês de junho. Requião culpou a oposição que, ao propor emendas, atrasou um dia a aprovação do projeto e – que lástima! – faltou tempo para pagar o reajuste em maio, como estava prometido. A exemplo dos doentes de Castro, os servidores (seriam de oposição?) é que sofrem.

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Olho vivo

Guerra nas estrelas 1

Pelo menos meia dúzia de brilhantes astros da constelação política do Paraná se envolveu – para o bem ou para o mal – num episódio que teve como personagem um apagado satélite. Foi a filiação do ex-deputado Sâmis da Silva ao PSDB, acontecimento que mereceu ser marcado com pompa e circunstância inversamente proporcionais à grandeza do neo-tucano que orbita no PMDB de Foz do Iguaçu.

Guerra nas estrelas 2

O satélite é filho do deputado Dobrandino da Silva, ex-presidente estadual do PMDB e ex-líder do partido na Assembleia. Foi deputado com os votos do pai e também integrou o secretariado de Requião. Sua fidelidade aos dois leva à conclusão que não mudou de partido sem a anuência deles. Na última eleição, perdeu a prefeitura para o reeleito Paulo Mac Donald, do PDT, mesmo tendo apelado ao último recurso de mandar apagar o nome e o retrato de Requião da sua propaganda eleitoral.

Guerra nas estrelas 3

Sâmis foi atraído para o ninho tucano pela gravidade de Beto Richa, visivelmente interessado em minar Foz do Iguaçu, um dos principais redutos de Osmar Dias. E essa foi a causa do alvoroço que a repentina adesão de um peemedebista ao tucanato causou, dentro e fora da órbita do PSDB. Tucanos protestaram, assim como espantados ficaram também Osmar Dias (PDT) e Alvaro Dias (PSDB), o deputado Reni Pereira (PSB de Foz), o PPS de Rubens Bueno, e o coordenador tucano para o Oeste, deputado Alfredo Kaefer.

Guerra nas estrelas 4

O espanto ficou por conta do simbolismo da filiação, não pelo brilho do filiado. É que a iniciativa de Richa foi por todos interpretada como um claro sinal de que ele entrou para valer na campanha para o governo do estado disposto a tudo. Invadiu a área do "aliado" Osmar Dias e quis mostrar a Alvaro (com quem disputa a preferência dos tucanos); quis também mostrar ser capaz de atrair uma parcela do PMDB – o que faz parte da ideia de que precisa fazer do primeiro apenas candidato a reeleger-se senador e jogar as pretensões do segundo no fundo buraco negro.

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