Feito candidato do PSDB ao governo, o prefeito Beto Richa enfrenta agora o desafio de montar a mais ampla frente partidária possível para dar substância à sua campanha. Até agora, a aliança está magra: conta tão somente com o PSB, liderado pelo vice Luciano Ducci, que o substituirá no cargo a partir de abril. Não há firmeza em nenhuma das demais legendas que sustentaram sua reeleição em 2008.
Um partido, claro, já saiu. É o PDT, de Osmar Dias, que com ele disputará a eleição. O PPS ainda pensa ser possível restabelecer a antiga aliança, desde que um dos dois, Beto ou Osmar, desista de concorrer. Se isso não for possível, o PPS cogita lançar candidato próprio na pessoa de seu presidente, Rubens Bueno. O DEM, se depender do seu presidente estadual, deputado Abelardo Lupion, também quer candidatura única, mas não esconde a preferência por Osmar.
Surgem agora rumores, contudo, de que o DEM pode ficar ao lado de Beto Richa e aliviar sua angústia por aliados. É que o ex-governador e empresário da área de seguros João Elízio Ferraz de Campos teria abandonado a ideia de disputar o Senado pela legenda e estaria se oferecendo (assim como parte de sua poupança) para ser o vice na chapa do prefeito.
Se a ideia se concretizar, poderá ressurgir no Paraná uma estrutura de poder que tem suas origens no Bamerindus: João Elizio foi diretor do antigo banco, conselheiro político e tesoureiro de campanha de seu último dono, o ex-senador José Eduardo de Andrade Vieira, que por sua vez é tio de Fernanda, mulher de Beto.
Só vai faltar ressurgir o velho bordão da propaganda: "E a poupança Bamerindus continua numa boa".
Olho vivo
Estocolmo 1
O diretório estadual do PT, por esmagadora maioria (17 votos a 1), aprovou na última segunda-feira o rompimento do partido com Requião em solidariedade ao ministro Paulo Bernardo, acusado pelo governador de ter-lhe apresentado propostas indecentes. O PT recomendou aos filiados que ocupam cargos comissionados na administração que pedissem exoneração. Seriam uns 300 nomes mais ou menos, instalados principalmente nas secretarias da Agricultura e de Ciência e Tecnologia, cujos titulares (Walter Bianchini e Lygia Pupatto) representavam o PT.
Estocolmo 2
Pois bem: até o fim de semana, cinco dias após a decisão, não havia notícia de que os secretários e os demais petistas tivessem largado o osso. Parece estar se repetindo com eles o mesmo que se deu com o PSDB há alguns meses: em retaliação às ofensas do governador ao prefeito Beto Richa, o partido recomendou que secretários e servidores comissionados indicados pelo tucanato deixassem o governo. Os deputados estaduais de "bico vermelho" também se comprometeram a fazer oposição na Assembleia. Nada, porém, aconteceu.
Estocolmo 3
Os casos do PSDB e do PT parecem ser uma manifestação da "Síndrome de Estocolmo" um desvio psicológico, cuja designação nasceu de um episódio de sequestro ocorrido na Suécia em 1973, em que as vítimas se apaixonaram por seus captores. A ciência descreve com precisão esse estranho comportamento.
Estocolmo 4
Diz assim a enciclopédia eletrônica Wikipedia a respeito da síndrome: "As vítimas começam por identificar-se emocionalmente com os sequestradores, a princípio como mecanismo de defesa, por medo de retaliação e/ou violência. Pequenos gestos gentis por parte dos captores são frequentemente amplificados porque, do ponto de vista do refém, é muito difícil, senão impossível, ter uma visão clara da realidade." O melhor, então, é não magoar seus algozes. No caso, Requião.
Meia volta 1
Em março de 2008, o engenheiro Marcelo Fortes foi demitido da Sanepar por ter avaliado por R$ 500 mil um imóvel pelo qual a empresa, por razões estranhíssimas, queria pagar R$ 2 milhões quatro vezes mais do que dizia a própria avaliação. Quando o caso veio à tona, denunciado por esta coluna, a diretoria da Sanepar tomou duas paradoxais medidas: demitiu o funcionário e foi à Justiça para manter o pagamento exorbitante.
Meia volta 2
Demitido, Fortes recorreu à Justiça do Trabalho, que acaba de proferir sua decisão: considerou nula a demissão, determinou a reintegração e, ainda por cima, mandou a Sanepar pagar R$ 50 mil ao engenheiro a título de indenização por danos morais. Mais: diante da suspeita de que houve malversação de recursos públicos, a juíza do Trabalho Graziela Orgis convocou o Ministério Público Federal para investigar.
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