Não tem fim o fogo-amigo no interior do governo. E é de tal intensidade que o líder da oposição, deputado Valdir Rossoni, corre o risco de perder o emprego. Seus serviços podem ser dispensados já que, a cada dia, uma bomba traiçoeira é atirada por funcionário do governo contra outro funcionário do governo.

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A penúltima (a última ainda não se sabe qual é) foi detonada ontem pelo presidente do Conselho de Administração da Sanepar, o advogado Pedro Henrique Xavier, e atingiu a procuradora-geral do Estado, Jozélia Broliani. Em carta enviada aos outros oito membros do conselho, PHX anuncia sua disposição de responsabilizar Jozélia pelos prejuízos sofridos pela Sanepar em razão da suspensão da assembléia-geral extraordinária que a companhia faria em 5 de outubro.

Lembrando os fatos: a assembléia foi suspensa em decorrência de decisão do STJ, acatando mandado de segurança do grupo Dominó (sócio privado da Sanepar). A assembléia se destinava a promover aumento de capital da empresa, com aporte exclusivamente de recursos do governo do estado. Com isso, a participação acionária do Dominó, hoje de 39,7%, seria quase reduzida a pó – com o que, lógico, o grupo não concordava.

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Pois bem: PHX diz que Jozélia não recorreu da decisão no prazo certo e com instrumento adequado. Por isso, determinou à diretoria jurídica da Sanepar que "sejam apurados os prejuízos que a injustificável procrastinação causou à companhia, na medida em que a impediu de transformar substancial dívida em capital social, com todas as conseqüências econômico-financeiras decorrentes, tudo com vista à ulterior propositura de ações judiciais para o devido ressarcimento".

Se a carta de PHX tivesse ficado apenas nesse terreno técnico-jurídico, tudo bem – seria coisa normal na administração pública. Mas acontece que ele aproveitou a ocasião para puxar o fio da longa meada de encrencas que cultiva com o seu melhor inimigo íntimo, o ex-procurador Sérgio Botto de Lacerda.

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E precisa de oposição? 2

Na carta aos seus pares no Conselho de Administração da Sanepar, Pedro Henrique Xavier acusa Jozélia Broliani, que em março assumiu a PGE em substituição a Sérgio Botto, de "ser mais leal a Sérgio Botto de Lacerda do que à Administração Pública".

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PHX insinua uma ligação perigosa entre o fato de o ex-procurador ter mantido tratativas para atuar como advogado da Sanedo/Vivendi (um dos sócios do Dominó) e a suposta omissão de Jozélia em mover as medidas jurídicas para garantir a realização da assembléia-geral. Não afirmou. Apenas deu margem a uma pergunta: ao omitir-se, a procuradora teria tido a intenção de beneficiar o amigo Sérgio Botto que, à época, negociava o valor dos honorários que receberia para defender os interesses da Sanedo/Vivendi?

Desse jeito, o governador Roberto Requião não precisa reclamar da "oposição patife" nem da "imprensa canalha". A turma de dentro faz melhor serviço.

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Olho vivo

Maionese 1 – A confusão que tomou conta do Colégio Estadual do Paraná ontem, e que resultou na detenção pela Polícia Militar de dois alunos no interior da escola, não surpreendeu quem acompanha a crise que lá se instalou desde a nomeação da professora Madselva Feiges como diretora-geral do estabelecimento, no início do ano. Seus métodos – considerados autoritários – vinham desagradando a professores, pais e alunos do CEP, a ponto de seu caso ter chegado ao Ministério Público e à Ouvidoria do Estado.

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Maionese 2 – Além desses dois órgãos, uma lista com 25 queixas contra a diretora foi levada também ao secretário da Educação, Maurício Requião. Que nada fez. E, como nada fez, a maionese desandou. Uma das queixas era muito grave do ponto de vista da qualidade do ensino do principal colégio do estado: Madselva ignorava recomendações dos professores e dos conselhos internos e aprovava alunos reprovados em até sete disciplinas.

Mui amigo 1 – Na última "escolinha" Requião disse que não tinha nenhuma ligação com o araponga Délcio Rasera, embora o tivesse nomeado como seu assessor direto no Palácio Iguaçu. Rasera, segundo Requião, pertencia a Jaime Lerner, que usava em proveito próprio os seus serviços de espionagem. Agora, na prisão do ex-presidente da Federação Paranaense de Futebol, Onaireves Moura, parece repetir-se o método de abandonar os amigos.

Mui amigo 2 – A convite de Requião, Onaireves filiou-se ao PMDB em 2003. No mesmo ano, promoveu um festivo churrasco de avestruz na Granja do Cangüiri e até deixou por lá, de presente, alguns exemplares das exóticas aves de sua criação. Também foi considerado muito amigo quando atuou para dar à TV Paraná Educativa a transmissão exclusiva dos jogos do Campeonato Paranaense. Agora, preso pela Polícia Civil, a quem Onaireves passará a pertencer?

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"Não agiremos por impulso e nem por pressão. Nossa atitude na Assembléia sempre será ponderada e a favor dos interesses do povo."

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Do presidente do PSB paranaense, Severino Araújo, anunciando que os dois deputados do partido, Reni Pereira e Ribas Carli, não são da situação nem da oposição, muito pelo contrário.

celso@gazetadopovo.com.br