O comediante Ronald Golias fazia sucesso desde meados do século passado no humorístico “A praça é nossa” com o bordão “Onde estou? É tudo tão estranho!”. Era a maneira como expressava espanto diante de situações inusitadas.
O bordão resistiu ao tempo e permanece sob medida para ser repetido diante de tudo o que hoje aí está. Nem se está falando dos espetáculos patéticos que se desenrolam em Brasília, patrocinados, em sua maioria, pelo presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha e seus aliados amestrados.
Pode-se empregá-lo também em relação à sucessão de fatos incríveis que estão ocorrendo aqui mesmo, na paróquia. Felizmente, desta vez, eles entram na categoria de eventos positivos, diferentemente dos costumes que tanto contribuem para a má fama do Paraná e dos seus políticos. Veja uma pequena relação de fatos que provam que o “impossível acontece”:
Arrependimento
O presidente do Tribunal de Contas, Ivan Bonilha, informa que há 490 irregularidades no contrato da prefeitura de Curitiba com o Instituto Curitiba de Informática, o ICI. Coisas graves, gravíssimas, que começaram na gestão do ex-prefeito Cassio Taniguchi, há 17 anos, e se mantiveram nas de Beto Richa, Luciano Ducci e Gustavo Fruet. O Tribunal deu 45 dias para que agora se resolvam as 490 irregularidades.
O fato positivo da decisão é que ela configura um tardio – porém elogiável – arrependimento de Bonilha. Afinal, ele tinha o poder de corrigir as irregularidades, pois foi Procurador-Geral do Município por sete anos (gestões Beto Richa) e, por cinco, conselheiro do ICI.
Outros tempos
Parecem também ser outros os tempos na Câmara Municipal de Curitiba, que agora se mostra arrependida de quase tudo o que aconteceu no reinado de 15 anos do vereador João Cláudio Derosso (que, aliás, foi condenado esta semana a devolver mais quase R$ 1 milhão aos cofres públicos).
Três decisões tidas como impossíveis foram tomadas pela mesa presidida pelo vereador Ailton Araújo:
• Apesar dos apelos de boa parte dos ilustres edis, os vereadores de Curitiba não ganharão o 13.º salário;
• Os assessores jurídicos da Câmara deixarão de receber gratificação de 60% sobre seus salários. Eles se intitulavam procuradores e pensavam ter o mesmo direito dado aos do município;
• Após 17 anos sem nunca dar expediente, o servidor Ygor Siqueira acaba de ser demitido dos quadros da Câmara. Ganhava R$ 17 mil por mês. Ygor é o presidente da Boca Maldita, confraria que se reúne todo dia 13 de dezembro para distribuir comendas a personalidades de ocasião. No 59.° jantar anual que se realiza neste domingo, serão homenageados o juiz Sergio Moro e o ministro do STF Luiz Edson Fachin.
MP incômodo
O Ministério Público de Contas é um “atrapalho” na vida dos conselheiros e de governadores. Volta e meia ele causa constrangimentos, como a recente recomendação para rejeição das contas de Richa de 2014. Mas não há mal que sempre dure: os conselheiros propuseram e a Assembleia vai votar uma emenda que reduz o número (de 11 para 7) e as competências dos procuradores. Reduz também incômodos – coisa que não deixa de se incluir entre as boas notícias para os incomodados.
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