Olho vivo
Batisti
Vai para o plenário da Assembleia na segunda-feira proposta do deputado Ney Leprevost de conceder o título de "persona non grata" a Cesare Batisti o italiano que seu país considera terrorista e autor de quatro assassinatos. Lula negou a extradição solicitada pelo governo italiano, decisão polêmica que, no entanto, foi confirmada anteontem pelo STF. Leprevost justifica a proposição: "É um ato de respeito à colônia italiana do Paraná". O título não seria inédito no Paraná: por proposta do mesmo deputado, Hugo Chávez também o recebeu em 2008.
Do bem
Muito antes de ser escolhida chefe da Casa Civil, a senadora Gleisi Hoffman já havia se comprometido a estar em Curitiba em 18 de julho, quando receberá do presidente do albergue São João Batista, Rafael Pussoli, o diploma de "Personagem do Bem". A homenagem será pelos 57 anos da instituição de atendimento à população carente. Só de refeições, a Casa serve 800 por dia. A homenagem é para grupo restrito de personalidades: Belmiro Castor, Cida Borghetti, Luciano Ducci, Raul Randon e Ricardo Almeida.
Posse
Será na terça-feira a posse do advogado Sérgio de Souza como o mais novo senador do Paraná. Suplente de Gleisi por indicação do ex-governador Orlando Pessuti, Sérgio se apresentou ontem ao presidente do Senado, José Sarney.
O tom da fala do governador Beto Richa enaltecendo a nomeação da senadora Gleisi Hoffmann para a Casa Civil pode revelar mais do que a civilidade litúrgica. Segundo ele, a presença de Gleisi no coração do poder é um fator facilitador para boas relações com o governo federal. Perfeito. Mas, na cabeça do governador certamente estava presente outra realidade com a qual já está lidando.
Esta outra realidade é o fato de que ficou ainda mais inevitável a hipótese de que Gleisi será sua adversária na eleição de 2014, quando Beto se apresentará para a reeleição. Vitaminada pela experiência no Executivo federal e pelo apoio que lhe dispensarão Dilma e a máquina do governo, Gleisi se tornou uma ameaça ainda maior.
Principalmente, também, se ela ajudar a eleger Gustavo Fruet prefeito em 2012 e o tiver como aliado em 2014. Trata-se de uma estratégia de aproximação com o ex-deputado tucano que já estava em curso há pelo menos dois meses, quando ficou clara a impossibilidade de ele ser lançado pelo próprio partido, o PSDB, que, pela vontade de Beto, deveria apoiar a reeleição do prefeito Luciano Ducci.
Sem vez no PSDB, Gustavo não só busca outra legenda como costura uma aliança que inclui o PT, partido dos fortes ministros Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo. Conversas mais concretas se darão nos próximos dias em Brasília.
Os lances deste xadrez, portanto, estão em pleno curso. O que já obrigou Beto a mudar o tom que dispensava a Gustavo: em entrevista, passou a admitir lançá-lo candidato pelo PSDB, sem, contudo, negar apoio a Luciano Ducci.
E lá se vão as economias de Dudu
Graduado em Direito pela prestigiosa Faculdade Brasileira de Ciências Jurídicas do Rio de Janeiro, o conselheiro Hermas Brandão lembrou-se da lição recebida nos bancos acadêmicos: "In dubio pro reo", na dúvida, em favor do réu. Outro bacharel, o conselheiro Artagão de Mattos Leão, pensou da mesma forma.
Foram deles os dois únicos votos favoráveis à absolvição do réu, o ex-superintendente Eduardo Requião, durante o julgamento das contas de 2004 da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), na sessão plenária do Tribunal de Contas, ontem.
Ambos contrariaram a opinião do relator do processo, o auditor Ivens Linhares, que recomendou a condenação de Eduardo ao pagamento de R$ 11,3 milhões aos cofres públicos em razão de prejuízos causados por má gestão dos portos durante aquele ano. Quatro votos acompanharam a decisão condenatória do relator.
O relatório de Linhares apontou cinco irregularidades classificadas como muito graves. Uma delas, a principal, dizia respeito ao pagamento por serviços de dragagem que a empresa Bandeirantes não prestou. Textualmente, o relatório define este episódio como típico da prática de "ilegalidade e ofensa aos princípios da moralidade, economicidade e eficiência."
Eduardo Requião ainda pode recorrer da decisão e argumentar que não teve responsabilidade pelos fatos apontados pelo auditor, reconhecidos como verdadeiros pela maioria dos conselheiros do Tribunal de Contas. Se não conseguir provar a inocência, terá de apelar para as economias que costuma guardar em casa.
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