Anote aí no seu caderninho para conferir em dezembro: o novo desembargador do Tribunal de Justiça será o desembargador Carlos Augusto Hoffmann. Isso só não acontecerá se, por um milagre da natureza, os ventos da abertura democrática "lenta, gradual e segura" bafejem o Judiciário paranaense, que ainda se vale de uma lei dos tempos de Geisel e do seu então ministro Armando Falcão para alijar os magistrados mais jovens da possibilidade de chegar ao cargo.

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Hoffmann é o terceiro na lista de antiguidade. Mas, como os dois primeiros – o ex Oto Sponholz e o atual Vidal Coelho – já alcançaram a presidência, ficam fora do páreo. E por que não será eleito o sexto, o décimo segundo ou o nonagésimo dos 120 desembargadores que compõem o Tribunal?

Porque o regime militar, que tinha óbvios interesses em manter o Judiciário sob controle, baixou em 1979 a Lei Complementar n.º 35 que, em seu artigo 102, determina: "Os Tribunais, pela maioria dos seus membros efetivos, por votação secreta, elegerão dentre seus juízes mais antigos, em número correspondente ao dos cargos de direção, os titulares destes".

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Ou seja, os mais jovens até podem concorrer à presidência e ganhar, mas basta ao antigo "perdedor" recorrer ao STF para inverter o resultado. Aliás, o STF – à falta de instrumentos legais mais democráticos – tem decidido assim quando pendengas do tipo chegam à sua instância.

Isso não lembra os velhos tempos da eleição indireta para presidente da República, governadores, prefeitos de capitais? Lembra. E lembra tanto que há um surdo movimento por "diretas já" dentro do Tribunal, formado por magistrados mais novos, ainda crianças quando a Redentora assomou o poder em 1964 e que cresceram sob os influxos do movimento nacional pela redemocratização.

Esse movimento esbarra, contudo, na "ditadura" do Órgão Especial, colegiado de 25 desembargadores – dos quais 13, a maioria, são, obrigatoriamente, os mais antigos, e, portanto, interessados em manter o regime. Tanto que está em votação um regulamento pelo qual um desembargador antigo nem precisará apelar para o STF para impugnar um candidato mais novo: a impugnação será feita aqui mesmo, sem maiores delongas ou constrangimentos. Em resumo: pode estar prematuramente sepultada a segunda tentativa do desembargador Celso Rotoli de Macedo – 12.º da lista de antiguidade – e aparente favorito dos mais novos.

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A volta da contribuição

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Atenção servidores estaduais aposentados e pensionistas: vocês, logo logo, vão voltar a contribuir para a Paranaprevidência! Já está nas mãos da secretária da Administração, Maria Marta, e do diretor-geral da Secretaria da Fazenda, Nestor Bueno, um estudo contratado a peso de ouro junto a uma consultoria do Rio de Janeiro que recomenda o retorno da cobrança da contribuição.

Objetivo da medida: cobrir o rombo atuarial de R$ 3 bilhões na conta da Paranaprevidência. Além de propor a reimplantação da contribuição de 11% para os inativos, sugere a criação de um fundo à parte para a Polícia Militar.

Não custa lembrar: a isenção da contribuição foi estabelecida em 2003, com muita festa e propaganda, pelo governador Roberto Requião. Que agora reconhece que a sua "bondade" coloca em risco a Previdência Estadual.

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Olho Vivo

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Promessa é...

O líder do governo na Assembléia, deputado Luiz Cláudio Romanelli, prometeu solenemente ontem, da tribuna, votar contra a aprovação da "reforma tributária" proposta por Requião caso fique provado que ela aumentará a carga tributária dos paranaenses. A promessa foi feita depois de um desafio lançado, em aparte, pelo deputado Valdir Rossoni.

... dívida

Rossoni afirmou que a oposição votará a favor se for convencida de que a reforma não passa de mais um novo tarifaço com finalidade meramente arrecadatória. E pediu que Romanelli fizesse o contrário: que votasse contra se ficar demonstrado o aumento da carga. O líder governista topou.

Casa Militar?

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Idéia antiga volta a ser cogitada na Assembléia: a criação da Casa Militar do Legislativo, congênere daquela que faz parte tradicional da estrutura do Executivo. Ninguém conseguiu explicar ainda a utilidade que teria o novo gabinete – além daquela visível de dar um cargo polpudo para algum amigo coronel aposentado.

Canseira

A Syngenta cansou do Paraná e preferiu doar ao governo do estado a polêmica fazenda onde desenvolvia experimentos com sementes transgênicas, na Região Oeste. Duas pessoas morreram em 2007, na porteira da propriedade, porque o governo não agiu na hora certa para reintegrar a área, invadida e depredada por militantes sem-terra.