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Olho vivo

Bolsa Beto 1

Beto Richa diz que, como governador, ampliará os benefícios do Bolsa Família. Vai criar o Bolsa Paranaense, pelo qual dará R$ 50 por mês a todos os inscritos no programa federal. Parece bonito. Mas o caso merece uma perguntinha: quanto vai custar? É uma conta fácil de fazer: há no Paraná quase 500 mil famílias beneficiárias do programa do Lula; o acréscimo de R$ 50 saídos dos cofres estaduais para todas elas representaria, portanto, uma despesa mensal de R$ 25 milhões. Vezes 12 meses, R$ 300 milhões no ano. Vezes os quatro anos da gestão, R$ 1,2 bilhão.

Bolsa Beto 2

É pouco ou é muito? Do ponto de vista da fome de quem recebe R$ 50, pode ser pouco. Mas, do ponto de vista das possibilidades orçamentárias do estado, pode ser muito. Para se ter noção do tamanho da despesa proposta por Richa, basta lembrar que R$ 500 milhões é o quanto o orçamento estadual destina para investimentos. Logo, o Bolsa Paranaense corresponderia a mais da metade desse valor por ano.

Fake

Falsificaram o Twitter de Osmar Dias. Há duas versões – uma verdadeira e outra um fake, como os internautas definem a falsa. As mudanças são quase imperceptíveis – salvo pela linguagem e pelas informações erradas que o fake divulga.

Não foram poucos os leitores que, por e-mail, protestaram contra as projeções estatísticas elaboradas por um professor da UFPR e publicadas ontem nesta coluna. Segundo tal análise, mantidas as atuais circunstâncias que cercam a campanha e respeitados os índices de variação dos candidatos nas pesquisas do Ibope/RPC, as urnas do dia 3 de outubro dariam a eleição para Osmar Dias com 53% contra 47% de Beto Richa.

O colunista não é matemático nem estatístico. É jornalista. E, como tal, informado sobre a utilidade das pesquisas como instrumento de aferição das tendências eleitorais, reuniu as 150 páginas com tabelas e gráficos que retratam as três rodadas produzidas pelo Ibope desde o começo de agosto e pediu a um profissional (aliás, com doutorado nos Estados Unidos) que aplicasse a metodologia adequada para identificar eventuais tendências e em que medida elas poderiam evoluir.

O professor, que quer manter anonimato, fez inúmeras ressalvas, quase todas registradas na coluna de domingo, para se eximir de responsabilidade quanto à eventual inexatidão de suas previsões. "Política não é matemática – alertou em suas anotações – e inúmeros fatores podem mudar completa e repentinamente os índices." E acrescenta: "Os resultados a que cheguei só podem ser considerados matematicamente confiáveis se os índices que me foram dados a trabalhar forem igualmente confiáveis e se fatos novos não interromperem a linha estatística."

Muito embora outro tanto de leitores tenha aplaudido a análise, considerando-a plausível, a coluna reencaminhou os e-mails críticos ao autor do trabalho. Um dos críticos dizia, por exemplo: "Esta projeção é absolutamente ridícula". Outro afirmava se tratar de absoluta irresponsabilidade de quem a fez e de quem a publicou.

O professor respondeu, relembrando as mesmas ressalvas já feitas e lembrando que seus cálculos não se circunscreveram aos resultado finais das rodadas do Ibope, mas também dos índices segmentados que compuseram tais resultados. E que viu neles motivos consistentes para sustentar a probabilidade de seus cálculos.

A segmentação de que fala o professor diz respeito à variação das preferências eleitorais, por um ou outro candidato, por faixa etária, região geográfica, nível de escolaridade etc. Cita os segmentos em Richa apresentava os melhores índices:

- Entre os mais ricos, Richa caiu de 58% para 53%. Osmar subiu de 28% para 36%.

- Entre os de instrução superior, Richa manteve os mesmos 55% das rodadas anteriores e Osmar subiu de 26% para 35%.

- No eleitorado de Curitiba, Beto perdeu 6 pontos (68% para 57%) e Osmar ganhou 10 (de 18% para 28%).

- Na região metropolitana, Richa caiu 11 pontos (de 64% para 53%); Osmar ficou estável em 27%.

O professor anotou também que, nas primeiras rodadas do Ibope, a rejeição a Beto Richa era de 7%, mas subiu 3 pontos e chegou a 10% na divulgada no fim de semana. A rejeição a Osmar Dias também subiu, de 12% para 13%, proporcionalmente menos do que a do adversário.

(*) As pesquisas Ibope citadas foram registras no TRE-PR sob números 19.644/2010 e 21.413/2010, realizadas, respectivamente, entre os dias 23 e 25 de agosto e entre os dias 8 e 9 de setembro. A margem de erro de ambas é de 3 pontos para mais ou para menos. Registro no TRE-PR n.º 21.185/2010.

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