Por que os institutos de pesquisa medem os índices de rejeição dos candidatos? A pergunta fatídica que o Ibope voltou a fazer na rodada que saiu neste fim de semana "Dentre estes possíveis candidatos a Prefeito de Curitiba, em qual o(a) sr(a) não votaria de jeito nenhum?" serve para dar aos interessados uma noção quanto às possibilidades de crescimento de cada concorrente no decorrer da campanha. Quanto menor a rejeição, maior a chance de crescimento; inverta-se a equação e ter-se-á resultado logicamente contrário.
Saber o índice de rejeição tornou-se especialmente útil nessa rodada em que os três principais candidatos apareceram empatados nos índices de preferência: Luciano Ducci ganharia no primeiro turno com 25% e teria Gustavo Fruet, que apareceu com 24%, como seu concorrente direto no segundo turno. Ratinho Júnior ficaria em terceiro (23%) e Rafael Greca (6%) num distante quarto lugar. Na verdade, ainda que desconsiderada frise-se, desconsiderada a elevada margem de erro de 4 pontos porcentuais definida pelo Ibope à sua sondagem, se a eleição fosse hoje ela seria decidida por pequena diferença, a favor ou contra, entre qualquer dos três primeiros colocados.
Entretanto, como ainda estamos a dois meses da eleição e os decisivos programas gratuitos de televisão ainda não se iniciaram (começam no dia 21), o atual empate técnico pode sofrer grandes alterações. Além da tevê, há inúmeros outros fatores a pesar no resultado final, o que torna impossível, portanto, prever agora como o eleitor se comportará diante da urna em 7 de outubro. O empate técnico detectado pelo Ibope, portanto, serviu apenas para aumentar o grau de incerteza.
Rejeição
Não se deve esquecer, porém, da rejeição atribuída a cada um. A rejeição, embora não imutável, é uma barreira que os cientistas políticos acreditam mais difícil de ser rompida do que a capacidade de conquistar votos. Segundo o Ibope, pela ordem, aparecem como mais rejeitados Rafael Greca (32% dos eleitores não votariam nele de jeito nenhum), Luciano Ducci (24%), Ratinho Júnior (22%) e Gustavo Fruet (12%).
Em tese, portanto, Gustavo é o candidato que mais espaço tem para crescer dentre os quatro, apesar do esforço dos adversários de fermentar sua rejeição ao acusá-lo de incoerência em razão de sua aliança com o PT. Parece não ter produzido resultados, porque sua queda no índice de preferências é menor do que a margem de erro da pesquisa: ele caiu de 26% para 24% no espaço entre as duas pesquisas feitas pelo Ibope em Curitiba, uma em março e a deste início de agosto. Curioso é que, na pesquisa de quatro meses atrás, a rejeição a Gustavo era quatro pontos porcentuais maior, somando 16%.
Observe-se, contudo, que a rejeição a Luciano Ducci também caiu. Em março, aqueles que diziam não pretender votar nele de jeito nenhum constituíam 32% do colégio eleitoral, ao passo que nesta última os que o rejeitam diminuíram para 24%, o que pode explicar o crescimento do índice dos que manifestam vontade de votar nele de 18% para 25%. Aparentemente, Ducci cresceu entre os que diziam estar indecisos na primeira sondagem.
A rejeição a Ratinho também caiu: era 28% no fim de março e agora soma 22%. Entretanto, em fenômeno inverso ao que ocorreu com Ducci, a preferência por seu nome se manteve praticamente estável antes com 24%, agora com 23% , o que reforça a percepção de que o crescimento do atual prefeito se deu principalmente entre quem ainda não sabia em quem votar no mês de março.
Satisfação
Ducci, no entanto, apresenta uma dificuldade adicional para manter o incremento de sua ascensão: na comparação entre as duas pesquisas do Ibope (março e agosto), a taxa de aprovação de sua administração caiu de 57% para 48%. Os que desaprovam seu governo saltaram de 32% para 39%.
A estreita vinculação de seu nome ao do governador Beto Richa patrocinador de sua candidatura , como fator de aceitação no eleitorado, talvez não lhe socorra tanto quanto esperava se a avaliação do governo estadual se mantiver em queda: em março, Richa era aprovado por 63% dos eleitores, ao passo que em agosto essa taxa caiu para 53% dez pontos porcentuais a menos.
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As duas pesquisas citadas são do Instituto Ibope Inteligência. A primeira foi realizada entre os dias 27 e 29 março, com 812 entrevistados, admitindo 3 pontos porcentuais de margem de erro, para cima ou para baixo. Foi registrada no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) sob nº 01/2012. A segunda, com 602 entrevistas e 4 pontos porcentuais de margem de erro, foi realizada de 7 a 9 de agosto. Está protocolada no TRE-PR sob nº 40/2012.
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