Duas importantes reuniões políticas ocorreram ontem ao mesmíssimo tempo. Uma, promovida pelo PSDB, festiva e realizada em hotel cinco estrelas, deu a largada para a campanha do prefeito Beto Richa ao governo. Comparecimento imenso, com direito a discursos e aplausos frenéticos. A outra reunião foi mais fechada, séria – mas não menos interessante: nela estavam presentes apenas quatro pessoas, mas justamente os presidentes dos principais partidos que compuseram a aliança que reelegeu Richa prefeito em 2008.

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Esse encontro paralelo se deu na sede do PDT, no Alto da XV, em Curitiba, e reuniu, além do presidente do partido, deputado Augustinho Zuchi, também os do PPS, Rubens Bueno, e do DEM, deputado Abelardo Lupion. Parece que só faltou o PP, do deputado Ricardo Barros. Em caravana, foram pedir ao senador Osmar Dias para que não se impressionasse com a outra reunião e que mantivesse a esperança na recomposição da aliança, conforme rezavam os compromissos firmados entre todos, incluindo o PSDB. Tradução: se dependesse apenas da vontade desses dirigentes, seus partidos optariam pela candidatura de Osmar Dias e não pela de Richa.

Osmar, que já se preparava para, diante do fato consumado do lançamento de Richa, acelerar as tratativas com o PT para montar uma outra frente, refluiu um pouquinho, só um pouquinho, em face do apelo dos visitantes. Terminada a reunião, já logo em seguida viajou para Cascavel para, na companhia de Gleisi Hoffmann, candidata petista ao Senado, assinar ordens de serviço para construção de obras federais na região.

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De lá, ele afirmou que o evento do PSDB para lançar Beto Richa, embora não constituísse nenhuma surpresa, serviu pelo menos para uma coisa – para sentir-se livre para buscar outros parceiros políticos. O que significa ficar mais à vontade para manter as conversas, por exemplo, com o próprio PT.

Disse, no entanto, que não espera formar a aliança apenas com o objetivo de disputar a eleição de governador, mas de formar um grupo político que se comprometa com um projeto de governo. "A pergunta é: Que Paraná nós queremos? E será em torno desse Paraná que queremos que o grupo se unirá e permanecerá", disse Osmar. A experiência está demonstrando que alianças que visem apenas a ganhar eleições não sobrevivem, argumentou o senador.

As alianças em que Beto pensa

Mas não é só Osmar que está pensando em formar alianças. Beto Richa, lógico, também pensa nisso. Vê a possibilidade de uma parceria até com o PMDB, ao citar como bom nome para ser seu vice o deputado Alexandre Curi. Cita também o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Nelson Justus, do DEM.

Nesse caso de ter como vice um representante do DEM, porém, Richa vê no deputado Abelardo Lupion um embaraço. Segundo ele, Lupion tem interesse pessoal em ser candidato a senador e "fica inventando essa historinha de que eu teria assumido compromisso de retribuição de apoio ao PDT. Ele faz esse discurso porque acha que tem condições de ser candidato ao Senado. Nunca houve esse compromisso".

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Lupion reagiu: "Reafirmo que houve esse compromisso e que há testemunhas. E outra coisa: o mais importante é salvar a aliança e se para isso minha candidatura ao Senado for um embaraço, retiro-a no mesmo momento. Não tenho interesses pessoais, tenho o interesse político de contribuir com a melhor solução para eleger José Serra, que, aliás, é do partido do prefeito, presidente da República. Beto Richa atrapalha esse projeto".

Alvaro e a fratura exposta no PSDB

Internamente ao PSDB, a festa de lançamento também serviu para expor fraturas. O senador Alvaro Dias manteve, ontem, a saraivada no adversário. Lamentou que o slogan de campanha "Beto fica", que levou o povo a reeleger o prefeito, está sendo desrespeitado. "O eleitorado disse que o queria por mais quatro anos na prefeitura, mas ele quer deixá-la ao completar pouco mais de um ano. Isto é trair a confiança popular", disse o senador.

E aproveitou para contestar o argumento de que José Serra teria cometido a mesma traição quando, nas mesmas circunstâncias, renunciou à prefeitura de São Paulo para candidatar-se a governador. "Ali foi necessário para não entregar o governo de São Paulo nas mãos do PT. Aqui está se fazendo exatamente o contrário: ajudam Dilma Rousseff se eleger presidente e traem José Serra. É incompreensível essa visão política tão amadora."

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