Desvenda-se aos poucos a real situação que o desembargador Carlos Hoffmann vai encontrar no próximo dia 2, quando assumirá a presidência do Tribunal de Justiça, quanto ao uso de carro e motoristas pelos magistrados que compõem a corte. Segundo boas fontes, são exatamente, hoje, 39 os desembargadores, de um total de 120, que ainda contam com o privilégio de ir e voltar do trabalho a bordo de veículo oficial exclusivo conduzido por um motorista (funcionário público) o dia inteiro à sua disposição, com combustível e manutenção igualmente pagos pelo Erário.
O assunto é polêmico no TJ pelo menos desde 2005, quando três desembargadores Valter Ressel, José Maurício Pinto de Almeida e Luiz Lopes assinaram requerimento para o TJ acabasse com a mordomia (que, na época, valia para os 50 mais antigos membros da corte) e com a utilização de placas frias nos veículos. Somente dois anos depois, porém, em 2007, é que o Órgão Especial tomou uma decisão "moralizadora": à medida que desembargadores com-carro se aposentassem, os veículos seriam dispensados.
Como nos últimos dois anos ocorreram 11 aposentadorias, o número de carros exclusivos se reduziu aos 39 atuais. Ou 34, se se considerar que seria justo e de direito que os cinco desembargadores que integram a cúpula diretiva devam manter a prerrogativa em função dos cargos de representação que ocupam.
Então, estaria próximo o fim da mordomia? Nem tanto. Como a aposentadoria dos desembargadores acontece compulsoriamente quando completam 70 anos de idade, essa prática tende a valer pelo menos pelos próximos 21 anos!
A maior sorte pertence ao desembargador Marcus Vinicius de Lacerda Costa. Com 49 anos, ele é o mais jovem do TJ e, a prevalecer a regra atual, poderá usufruir de transporte grátis e exclusivo até 2040. Estaremos no ano de 2033 e os desembargadores Telmo Cherem e Carvílio da Silveira Filho também terão carro e motorista pagos pelo orçamento público. Ambos chegaram ao TJ sem concurso (foram escolhidos pelo critério do "quinto constitucional") e nasceram em 1953.
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) estuda uma fórmula para mudar essa situação. Em princípio, considerou o método de redução gradativa instituído pelo Tribunal parananense aceitável, mas recebe pressões de magistrados mais rigorosos para acabar radicalmente com a prática.
Internamente no TJ também há pressões nesse sentido. Um grupo de magistrados ainda se movimenta com o objetivo de extinguir o privilégio, que consideram inconcebível num país pobre e em que o Estado se debate com falta de recursos para custear serviços tão essenciais para a população mais carente, como saúde e educação.
Esse mesmo grupo, no entanto, vê com desconfiança a possibilidade de o novo presidente do TJ enfrentar a questão. Conhecido pela extrema prudência e cautela com que costuma pensar e agir, o desembargador Carlos Hoffmann certamente preferirá esperar que o CNJ decida por ele. Quando nova regulamentação for anunciada, ele simplesmente a aplicará. Caso contrário, esperemos até 2040!
* * * * * *
Olho vivo
IPVA injusto 1
Em setembro de 2008, quando o governo mandou para a Assembleia a tabela do IPVA de 2009, um carro que custava naquele mês, segundo a tabela Fipe, R$ 30 mil, hoje, em razão da crise econômica, não vale mais do que R$ 25 mil de acordo com a mesma tabela. Embora o imposto deva incidir sobre o valor venal do veículo no momento em que o tributo é lançado, em janeiro, o proprietário pagará pelo valor maior, desatualizado. Assim, ao invés de recolher R$ 625,00 (alíquota de 2,5%), terá de pagar R$ 750,00.
IPVA injusto 2
Até o governo acha que isso não é justo e se mostra disposto a devolver a diferença aos proprietários que constatarem tal discrepância. Só que deixa nas mãos do contribuinte a tarefa de "buscar seus direitos".
O sujeito tem de ir a uma agência da Receita Estadual para protocolar burocraticamente um requerimento e esperar para ver o que acontece. Pergunta-se: por que o governo não facilita a vida dos contribuintes atribuindo logo o valor correto? Certamente porque espera engordar a arrecadação apostando na desinformação do contribuinte.
Bem público
Site oficial de notícias do governo do estado faz propaganda partidária do PMDB, claro ao noticiar que o partido recolhe assinaturas contra o aumento do ônibus de Curitiba. Mas denuncia o presidente municipal da sigla, Doático Santos, que, embora funcionário público, em horário de expediente, faz plantão na Boca Maldita para cabalar apoios.
Congresso frustra tentativa do governo de obter maior controle sobre orçamento em PL das Emendas
“Embargo ao Carrefour no Brasil inclui frango”, diz ministro da Agricultura
STF e Governo Lula se unem para censurar as redes sociais; assista ao Sem Rodeios
Procurador pede arquivamento dos processos federais contra Trump