Faltando pouco mais de 20 dias para a eleição do novo presidente da Assembleia Legislativa, a segurança do deputado Valdir Rossoni de que seria o escolhido começa a diminuir. Forças ocultas trabalham fortemente nos bastidores para propor uma alternativa. Elas já teriam se fixado no nome do deputado Nelson Garcia, na esperança de conseguir derrotar Rossoni no voto ou, melhor ainda, até mesmo inviabilizar a sua candidatura na reta final.

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As forças ocultas não seriam tão ocultas assim. O ex-deputado e ex-presidente da As­­sembleia e atual conselheiro e presidente do Tribunal de Contas, Hermas Brandão, seria um dos articuladores do movimento. Embora ele negue qualquer participação, há observadores que somam indícios em sentido contrário e que colocam Brandão como um dos generais da batalha de resistência a Rossoni.

O primeiro dos fatores que levam a identificá-lo está guardado na memória do próprio Hermas e na de tantos quantos acompanharam o episódio da escolha de vice na chapa de Roberto Requião na eleição de 2006. Ele pretendia ocupar a posição, mas Rossoni – já então presidente estadual do PSDB – impôs-lhe a derrota, levando o partido a apoiar Osmar Dias. Meses depois, reeleito governador, Requião nomeou Hermas conselheiro do Tribunal de Contas.

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Mas por que o deputado Nelson Garcia teria sido escalado para o confronto com Rossoni? Porque Garcia é um daqueles tucanos conhecidos pelo "bico vermelho" – facção da bancada estadual do partido que se manteve fiel a Hermas Brandão, que apoiava o governo Requião e que não seguia a orientação de Valdir Rossoni, fogoso líder da oposição na Assembleia na época.

De tão fiel a Requião e a Hermas e de tão infiel ao próprio partido, Garcia foi feito secretário do Trabalho de Requião, ocupando o posto ao longo dos últimos quatro anos.

Outro indício: embora tenha sido um dos primeiros a trabalhar nos bastidores para viabilizar a candidatura de Beto Richa ao governo, o que fez naufragar as pretensões do senador Alvaro Dias ou a construção de uma aliança com o PDT de Osmar Dias, o conselheiro Hermas Brandão volta-se agora contra a criatura.

O conselheiro de Andirá estaria desgostoso com Beto Richa em razão do apoio que este empresta ao seu adversário Valdir Rossoni e da nomeação do peemedebista Luiz Claúdio Romanelli para a Secretaria do Trabalho – justamente a mesma pasta que considerava território seu e antes ocupada pelo correligionário Nelson Garcia.

Bibinho comanda pelotão de resistência a Rossoni

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Os escândalos que mancham a Assembleia são também um divisor de águas na batalha da sucessão ao atual presidente, deputado Nelson Justus. Além da velha e cômoda tendência lampedusiana de alguns deputados de "mudar para deixar tudo como está", não se descarta, por exemplo, o papel importante que já estaria desempenhando o ex-diretor geral da Casa, Abib Miguel, o Bibinho, no comando de um pelotão de resistência.

Arquivo vivo (e agora solto) das entranhas da Assembleia, Bibinho teria muito interesse e muito poder de fogo para "influenciar" a opinião de alguns dos 54 eleitores que escolherão o novo presidente. A estimulá-lo na silenciosa tarefa de opor-se a Rossoni está a anunciada (e talvez quixotesca) disposição deste de revolver os porões e de promover uma revolução nos costumes da Casa.

Mas o êxito eleitoral de Rossoni depende, além de sua própria atuação política interna e da contenção do seu temperamento belicoso, também do governador Beto Richa. Richa o apoia abertamente e assumiu tal compromisso ao levar para a Casa Civil o deputado Durval Amaral, que também reunia condições para disputar a presidência da AL.

Se quiser, o governador pode usar a munição que o poder político do cargo lhe confere para enfrentar as forças ocultas. Se não usá-la, a derrota poderá ser também sua e não só de Rossoni.