Na edição de 1.º de outubro do ano passado, 28 dias antes da licitação para a compra da draga pelo Porto de Paranaguá, esta coluna revelou que ela já havia sido escolhida. A draga estava pronta, em exposição no estaleiro vendedor no Mar da China. A coluna informou também que o edital da concorrência internacional continha especificações técnicas que coincidiam perfeitamente com as da draga DG0017, cuja foto, fornecida pelo site de uma corretora da Nova Zelândia, foi também publicada neste espaço na mesma edição.
Terça-feira, a Agência Estadual de Notícias, ao confirmar as dificuldades judiciais que o governo enfrenta para concluir a compra, divulgou fotos próprias, de autoria de Rodrigo Leal. Tais fotos, submetidas ao exame de especialistas, revelam tratar-se da mesma draga mostrada nesta coluna há nove meses. E, por tabela, confirma a suspeita de que a licitação tinha toda a aparência de direcionamento uma suposta ilegalidade que mereceria ser investigada pelo Ministério Público Federal.
Participaram da licitação duas empresas importadoras paranaenses, a Interfabric, de Curitiba, e a Global Connection, de Londrina. Abertos os envelopes em 29 de outubro, revelou-se o vencedor: a Global, com preço de R$ 46 milhões. O certame, porém, foi suspenso por ordem judicial (e não anulado, erro que esta coluna cometeu e foi corrigida pela diretoria jurídica da Appa).
A medida liminar da Justiça Federal que decretou a suspensão acatou as razões da perdedora, a Interfabric. Ele argumenta ter pedido R$ 41 milhões, mas quem venceu foi sua concorrente, a Global, com preço superior em R$ 5 milhões. A Appa alega que a Intefabric foi desclassificada porque apresentou uma draga que não estava pronta para operar, além de apresentar restrições documentais e fiscais.
Mesmo com a concorrência suspensa, a Appa já assinou carta de crédito no valor maior em favor da Global. Espera apenas uma decisão da Justiça que lhe seja favorável para liberar o pagamento. A corretora paranaense e os fabricantes chineses estão impacientes.
O encarregado de desatar este nó a partir de agora será o novo superintendente do Porto de Paranaguá, Mário Lobo Filho. Caberá a ele convencer (ou não!) o governador Orlando Pessuti a referendar a honestidade do processo como querem o ex-governador Roberto Requião, o irmão deste, Eduardo, e seu sucessor no comando da Appa, Daniel Fiel de Souza.
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Olho vivo
Finalmentes
Comando nacional do PT realizou reunião terça-feira à noite em Brasília para discutir a situação paranaense, embaraçada desde que caiu no impasse a aliança com Osmar Dias. O candidato a governador do PDT exige a petista Gleisi Hoffmann na sua vice, mas o PT a quer no Senado. A decisão da reunião foi de esperar um comunicado oficial e definitivo do diretório estadual (que será respeitado) para dar a palavra final.
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