Olho vivo
Vice de Luciano
Escolher o nome do vice-prefeito também é a preocupação nas hostes de Luciano Ducci, do PSB. Setores do PSDB, que concordaram em abrir mão da candidatura própria para apoiar candidato de outro partido, exigem que pelo menos o vice seja tucano, mas reconhecem que a dificuldade aumentou desde que o vereador João Cláudio Derosso foi abatido. A solução seria buscar um nome de prestígio em outro partido. Um dos citados é o deputado Osmar Bertoldi (DEM), que já se desincompatibilizou do cargo de secretário municipal para poder se habilitar. E ontem um novo nome apareceu o do deputado Rubens Bueno, presidente estadual do PPS. A dificuldade está no fato de que a filha de Bueno, a vereadora Renata, já foi lançada candidata a prefeito pelo partido.
Carimbada a união entre o pedetista Gustavo Fruet e o PT, a primeira entrevista coletiva que reuniu os dois lados, ontem, já deu para deixar clara uma das dificuldades que a campanha certamente sofrerá. Reproduzindo o que muita gente pensa, os jornalistas cobraram de Fruet a contradição: como pode o ex-deputado que, na Câmara Federal, foi um dos mais ferrenhos críticos do governo petista estar agora abraçado ao PT?
Fruet, deputado do PSDB durante os dois mandatos do presidente Lula, fez parte das comissões de inquérito que investigaram o mensalão prática de que o governo e partidos da base se valeram para manter a maioria no Congresso e que consistia em liberar estipêndios regulares a parlamentares e suas legendas pelas tortuosas vias oferecidas pelas agências de publicidade de Marcos Valério.
A participação do então deputado e agora candidato a prefeito pelo PDT ajudou a detonar o escandaloso esquema e transformar em réus os seus autores, prestes a ser julgados pelo STF.
Na entrevista de ontem, Gustavo não se surpreendeu com as perguntas e parecia ter ensaiado a resposta: "Eu não combati o PT; eu combati a corrupção", disse ele, lembrando que vários outros partidos estavam envolvidos no mensalão. "Não nego o meu passado de luta contra a corrupção. É uma questão de princípio com o qual me manterei sempre coerente, independentemente de partidos ou de governos. A corrupção, infelizmente, existe em todos os partidos", repisou.
Nesse ponto, como exemplo, não deixou de lançar a farpa oportuna: "A Câmara Municipal de Curitiba era comandada pelo PSDB do presidente João Cláudio Derosso, mas antes mesmo de receber sinais de apoio do PT, fui à Câmara e diante de todos os vereadores, condenei os desvios e pedi a punição dos culpados." Segundo ele, apesar de a repercussão política ser de menor escala, os valores desviados na Câmara de Vereadores (R$ 34 milhões) são proporcionalmente maiores do que os do mensalão (R$ 75 milhões, calculados pelo Ministério Público Federal).
Os petistas presentes no caso, toda a direção municipal aplaudiram. Pareceram estar convencidos com as explicações de Gustavo, mas isto não lhe basta: ele terá agora de convencer também boa parte da classe média curitibana que, segundo indicam as pesquisas, devota simpatia por ele mas ainda não digere pacificamente sua aliança com o PT. Os adversários que terá de enfrentar durante a campanha estão prontos para explorar a incoerência.
Escolha cheia de perigos
Terminadas as fases do namoro e do noivado com o PT, a preocupação agora passa a ser com a escolha do vice na chapa de Gustavo Fruet, que obrigatoriamente terá de ser um petista. Um petista cujo passado não tire do candidato o discurso anticorrupção com que justificou a naturalidade com que aceitou o apoio que o PT lhe ofereceu.
De fato, escolher um vice é tarefa sensível e perigosa. Perguntem isso ao ex-senador Osmar Dias, presidente do PDT, sigla que acolheu Fruet em suas fileiras. Em 2006, candidato pela primeira vez ao governo estadual, Osmar perdeu a eleição para Roberto Requião por míseros 10 mil votos num universo de quase 7 milhões de eleitores. Uma das principais razões da derrota foi a má escolha do vice de sua chapa, indicado por um dos partidos da aliança que montou. Tratava-se de um empresário e político do PP do Oeste do Paraná cuja vida pregressa forneceu combustível em quantidade suficiente para queimar a chance de vitória sobre Requião, que soube explorar a fraqueza.
Até o momento, há consenso no PT de que o vice de Gustavo Fruet deve ser o deputado Angelo Vanhoni, mas que ainda reluta em dar resposta positiva ao apelo. Mas há outros interessados na posição, como o ex-vereador André Passos e a presidente do diretório local petista, a ex-vereadora Roseli Isidoro. A questão não será decidida já: o partido tem até o dia 23 de junho, data da convenção conjunta, para referendar o nome de sua preferência.