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Discretos mas promissores movimentos podem resultar num impensável novo cenário na disputa pela prefeitura de Curitiba em 2012. Esses movimentos visam a construir uma aliança política entre o ex-deputado Gustavo Fruet e setores do PT paranaense, segundo revelou à coluna, na última sexta-feira, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, um dos participantes das conversas preliminares que se iniciaram há algumas semanas.

O ministro teceu elogios ao prefeito Luciano Ducci e considera que seria natural que o PT lhe prestasse apoio por ser ele filiado ao PSB, um dos principais partidos que compõem a base do governo federal. Entretanto, por respeitar sua condição de aliado do governador Beto Richa, que é do oposicionista PSDB, não vê como o PT possa contribuir para a reeleição de Ducci.

Por outro lado, lembra Paulo Bernardo, o PT certamente terá candidato próprio em 2012. Os deputados Tadeu Veneri (estadual) e Dr. Rosinha (federal) já anunciaram disposição de disputar a escolha do partido. Pragmático, o ministro admite, porém, que a eleição tende a se polarizar entre Luciano Ducci e Gustavo Fruet (se este de fato sair do PSDB e filiar-se em outra legenda para assegurar a candidatura), com forte chance de só se decidir em segundo turno. Neste caso, será natural que o PT venha a apoiar Fruet.

O raciocínio é claro: a eventual reeleição de Luciano Ducci à prefeitura em 2012 antecipa a reeleição de Beto Richa ao governo em 2014. Ora, em 2014, ano em que se dará também a eleição presidencial, o PT obrigatoriamente terá papel de grande protagonista. Dilma – por quê não? – poderá concorrer à reeleição. Logo, o partido também buscará um candidato forte ao governo do Paraná para disputar com Richa, assim como procurará fazer em outros estados.

Que candidato forte poderia representar o PT na eleição do Paraná? A pergunta induz a uma resposta rápida: a senadora Gleisi Hoffmann, mulher e companheira política do ministro Paulo Bernardo – a petista que, como candidata ao Senado em 2010, somou mais votos (3,2 milhões) que o candidato a governador (3,04 milhões).

Uma eventual aliança com o PT não poderia resultar no mesmo desastre eleitoral que vitimou o ex-senador Osmar Dias na eleição de 2010? Da parte de Paulo Bernardo, este raciocínio não se sustenta. Segundo ele, o que derrotou Osmar foi a rejeição dos eleitores à sua aliança com o ex-governador Roberto Requião e não o apoio de Lula e do PT. Tanto, diz ele, que Gleisi, embora sendo do PT, foi a mais votada para o Senado, com meio milhão de votos acima do segundo colocado, Requião.

Incoerência

Conversas estão apenas começando. O processo será longo. Ok! Mas, e a coerência política, não conta? É bom lembrar: Gustavo Fruet, como deputado federal da bancada do PSDB, foi um dos mais aguerridos parlamentares da oposição durante todo o governo Lula. Logo, tanto para um lado quanto para outro, o apoio que se poderá se tornar mútuo em 2012 e em 2014 incluiria a todos – PT, Gleisi e Gustavo – no rol daqueles que terão dificuldades em explicar a oportuna, repentina e estranha ligação entre eles.

Paulo Bernardo acredita que este fator se limita apenas às aparências: "Gustavo sempre fez uma oposição respeitosa e inteligente no Congresso e todos reconhecem suas qualidades. A oposição é essencial para a democracia, assim como o respeito e a disposição do governo federal de sempre ajudar, como temos feito, o atual prefeito e o governador a investirem na cidade e no estado, sem preocupação com os efeitos políticos".

O que está em jogo agora – argumenta o ministro – é a política, que colocou em lados opostos antigos aliados (Gustavo Fruet e Beto Richa) e aproxima os que antes estavam separados. "Não haverá dificuldades para a opinião pública compreender esse novo cenário", completa, mesmo porque, segundo indicam as pesquisas, a maioria dos eleitores de Gustavo está inclinada a manter seu voto nele mesmo que mude de partido.

Apesar de as conversações já se terem iniciado com Fruet através, até agora, de interlocutores, não há ainda qualquer compromisso entre as partes. "Ainda nem conversamos diretamente com Gustavo. Será um processo longo e sujeito a muitas circunstâncias. Temos ainda muito tempo para pensar e repensar o que agora está em mente", finalizou.

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