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Olho vivo

Ranger

Egressos do governo de Luciano Ducci começam a encontrar destino no governo do estado, o que já causa ranger de dentes em algumas áreas. Uma delas é o Departamento de Estradas de Rodagem (DER), cuja diretoria sempre foi ocupada por engenheiro de seus quadros. Contrariando a tradição, teria sido designado para assumir o lugar em janeiro um assessor municipal prestes a desocupar sua mesa.

Em reforma

A Granja do Canguiri, que já foi residência dos governadores José Richa e Roberto Requião, passa por reformas. Além da troca dos azulejos da piscina e da instalação de uma academia de ginástica, a casa sofre mudanças estruturais e decorativas. Até agora as despesas somam perto de R$ 150 mil. Beto Richa tem aproveitado os espaços da granja para raros passeios de bicicleta, acompanhado de dois seguranças que pedalam "viaturas" de duas rodas que custaram, cada uma, R$ 2.250,00.

IntervaloEsta coluna voltará a ser publicada a partir de 3 de janeiro próximo.

Eram notoriamente exageradas as notícias que anunciavam para o último dia 21 o fim do mundo. Sobrevivemos todos ao Calendário Maia e seguimos em frente marcando o tempo pelo Gregoriano. Assim, nos é possível ainda comemorar alegremente o Natal de 2012 e soltar foguetes na passagem para 2013. Nem por isso, neste espaço de análise política do jornal, podemos fugir à realidade de que, não o mundo, mas pelo menos a primeira metade do mandato de Beto Richa obedeceu à previsão maia, isto é, chegou ao fim.

Talvez o governador, tomado pelo mesmo contido ânimo do estadista britânico Winston Churchill após derrotar o exército nazista no Norte da África, na Segunda Guerra, pudesse agora repetir: "Este não é o fim, não é nem o começo do fim, mas é, talvez, o fim do começo". A grande questão, porém, no caso do governo Richa, é saber distinguir com precisão cada uma dessas etapas do tempo.

Por exemplo: observando os resultados políticos e administrativos dos dois primeiros anos do mandato, seria possível afirmar que seu governo um dia começou? Se nem começou, não há como dizer que terminou uma primeira etapa. Pela mesma lógica, portanto, também não há como afirmar que, em 1º de janeiro, se dará o começo do fim.

Complicado, né? Mas tentemos entender. Do ponto de vista administrativo, é generalizado o consenso (entre amigos e adversários) de que Richa não deixou marcas importantes nesses 24 meses no comando do estado. Nem mesmo parece ter aproveitado esse tempo para definir rumos e dotar o estado e o governo de condições para persegui-los. Passou distante, portanto, daquilo que, na campanha, definiu como choque de gestão, um novo jeito de governar. Não há sinais aparentes de que tenha conseguido atingir tais objetivos dada a paralisia que acomete a maioria dos setores governamentais.

Do ponto de vista político, o fato mais marcante foi a aposta errada que fez na eleição de Curitiba. Desfez-se do candidato natural do seu partido, o PSDB, Gustavo Fruet, e jogou suas fichas na reeleição de Luciano Ducci, do PSB. Perdeu não só o pleito: ao colocar o vitorioso Fruet no colo do PT, abriu também uma fenda enorme no projeto da própria reeleição em 2014.

No interior não teve muito melhor sorte. Perdeu Londrina e, nos demais grandes colégios, elegeu somente candidatos de partidos aliados. O seu PSDB ficou com apenas 38 municípios que, somados, representam 350 mil votos num universo de 7 milhões de eleitores.

Diz-se que, ao cooptar os deputados do PMDB e desbancar a pretensão do senador Roberto Requião de presidir o partido, obteve sua primeira grande vitória política desde que assumiu o governo. De fato, talvez tenha inviabilizado a tentativa de Requião de concorrer ao Palácio Iguaçu, mas isto não é garantia suficiente para manter o PMDB unido e aliado até 2014, pois forças poderosas vindas do Planalto Central, interessadas na reeleição de Dilma Rousseff e na eleição de Gleisi Hoffmann, certamente se alevantarão.

A vitória sobre Requião está lhe custando caro sob outro aspecto. Richa esperava marcar o "começo do fim" do mandato com fornadas de empréstimos que lhe permitissem realizar obras. Com o voto contra de Requião no Senado, o primeiro financiamento, de US$ 350 milhões, só voltará à discussão no ano que vem. Outras autorizações que dependem do Senado, totalizando perto de R$ 1,3 bilhão, podem passar pela mesma dificuldade.

Isso tudo não é exatamente o fim do mundo, mas, por essas e outras, não há dúvida de que, se marcarem outra data para o Juízo Final, o Paraná chegará atrasado.

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