Relatório divulgado ontem pela Secretaria de Segurança Pública aponta para uma leve reversão dos índices de criminalidade no estado: em 2011, o número de homicídios registrados no Paraná foi 5,8% menor em relação ao ano anterior. Em Curitiba a redução foi ainda maior, uma diferença de 8,7%. No cômputo geral, isto significa que pelo menos 193 paranaenses livraram-se da sanha assassina de seus desafetos.
Admitamos que este bom resultado seja decorrente da nova política de segurança posta em prática pelo governo Beto Richa, como quer seu secretário Reinaldo de Almeida Cesar. Segundo ele, o embasamento técnico e a fundamentação teórica foram os principais fatores para a diminuição. "São peças fundamentais para combater o crime, porque proporcionam o estabelecimento de metas e ajudam a fazer um planejamento de acordo com a realidade de cada região."
Muito bem. O secretário fala em estabelecimento de metas o que soa tão incompreensível para os ouvidos leigos quanto as teorias sobre a oscilação da massa não nula dos neutrinos, partículas subatômicas emitidas pelo Sol, e sua possível influência sobre as leis gerais da relatividade. O leigo não entende isso, assim como não entende como pode o governo estabelecer como meta a precisa ocorrência exata de 2.825 homicídios no fechamento de 2012, conforme reza a matéria oficial divulgada para comemorar o feito.
Meta por meta, por que não 1.000 assassinatos? Ou por que não o ideal de homicídio zero? Meta e isso qualquer leigo entende é o alvo que se pretende atingir, passível de ser quantificado por se ter controle absoluto sobre os meios necessários para alcançá-lo. Teria agora a Secretaria de Segurança meios para determinar com precisão o número de assassinatos futuros? Acredita-se que isto só seria possível combinando com os assassinos, o que não é, convenhamos, o caso.
Mesmo sem combinação, os gestores da segurança pública, reunidos na manhã de ontem para examinar o relatório e definir estratégias, chegaram a calcular outras metas de quase igual precisão. Por exemplo: eles concluíram que o ano fechará com a redução de exatos 49% no total de homicídios da Região Metropolitana de Curitiba. É de se ficar curioso: que fórmulas matemáticas teriam sido empregadas para definir tal índice e não, por exemplo, redondos 50%, 40% ou 60%?
Independentemente dessas divagações em torno de metas milimétricas, o fato é que o Paraná precisa mesmo reverter a história da criminalidade que o assola. Comparar apenas um ano com o anterior imediato nem sempre indica uma tendência real. Assim, a simples constatação de que em 2011 se matou menos do que em 2010 não significa necessariamente que de 2012 pra frente continuaremos anotando sucessivos índices de queda.
Nos últimos cinco anos (incluindo 2011), Curitiba e região metropolitana experimentaram um aumento de 38% nos homicídios índice 13 vezes maior do que o crescimento populacional registrado no mesmo período. Em 2007, foram 1.116 os crimes na Grande Curitiba; em 2011, foram 1.543. Considerando todo o Paraná, o aumento foi de 24% durante o período, também muito maior do que o demográfico.
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Olho vivo
Tudo aqui 1
Está marcada para as 9 horas de hoje a realização da audiência e consulta pública aberta pela Secretaria do Planejamento para a implantação de nove unidades do projeto "Tudo aqui" estruturas que reunirão em um só local todos os serviços públicos mais requisitados pela população. Para quem conhece as Ruas da Cidadania existentes em Curitiba desde os tempos do prefeito Rafael Greca é possível imaginar como será o "Tudo aqui", modelado de acordo com os "Vapt vupt" criados no Ceará.
Tudo aqui 2
A intenção do governo é firmar uma PPP (parceria público-privada) pela qual empresas privadas ficarão encarregadas de custear a instalação das estruturas do "Tudo aqui" (edificações, mobiliário, equipamentos, etc.) e de contratar pessoal necessário para fazê-las funcionar. Logicamente, esses agentes privados serão remunerados pelos serviços prestados. São detalhes e sugestões do empreendimento que serão apresentados e discutidos na audiência dessa manhã.
Movimentado
Se há um candidato a prefeito de Curitiba que está se movimentando bastante é o deputado Ratinho Jr, do PSC. Seus dias e noites estão sempre ocupados com tratativas para a ampliação da aliança com a qual pretende concorrer contra Luciano Ducci (PSB), Gustavo Fruet (PDT) e Rafael Greca (PMDB). Sobram-lhe poucos partidos para conquistar adesões, mas acredita que conseguirá os 4 minutos de televisão que considera ideais para fazer a campanha e para levar a eleição ao segundo turno.
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