Investidores que aplicaram em ações da Sanepar acusam o governo estadual de “torrar” R$ 1,2 bilhão do patrimônio da companhia. Segundo eles, bastou uma “canetada burocrática” para que em poucos dias os papéis da empresa caíssem de R$ 15,00 para os R$ 11,75, cotação do fechamento da Bovespa nesta sexta-feira (10).

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Em janeiro, após uma reavaliação dos ativos da Sanepar feita por uma empresa privada, o apetite dos grandes bancos (dentre os quais o BTG, do notório André Esteves, que andou preso na esteira da Lava Jato) foi aguçado pelas perspectivas de grandes lucros. Eles esperavam que o governo iria autorizar um aumento das tarifas de água e esgoto da ordem de 26%, o que lhes oferecia a perspectiva de faturar gordos dividendos e ganhar com a valorização das ações.

De fato, no último dia 7, a Agência Reguladora do Paraná (Agepar) deu parecer para um aumento de 25,7% – dentro da margem esperada pelos investidores. Mas com um detalhe: o aumento seria diluído em oito anos; o primeiro aumento, a vigorar a partir de 1.º de abril, seria de apenas 5,7%. Os investidores achavam razoável uma diluição em quatro anos, o que duplicaria os índices de aumento no período.

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A frustração gerou uma corrida de venda das ações da Sanepar na Bolsa, provocando uma repentina baixa de mais de 20% – o equivalente, segundo os investidores, a um prejuízo de R$ 1,2 bilhão.

Os investidores acusam: a recomendação da Agepar obedeceria ao projeto político do governador Beto Richa de se candidatar ao Senado. Reajuste imediato e maior dos que os imediatos 5,7% causaria grande estrago à sua campanha.

A definição do índice de abril ainda depende de audiências públicas. Mas o mercado acha que a credibilidade já foi por água abaixo. Tanto que a decepção com a Sanepar arrastou outras estatais de saneamento e energia. A Copel também teve suas ações desvalorizadas, assim como companhias de outros estados.

É impossível agradar gregos e troianos – capitalistas de um lado e interesses políticos de outro.

Devagar

O ex-senador Osmar Dias aproveita o fim de semana para nova peregrinação pelo interior do estado. Pré-candidato ao governo, afirma que ainda não está fazendo campanha, mas que seu périplo é importante para insistir, pela enésima vez, que ainda não está procurando construir alianças com quaisquer partidos ou grupos políticos, apesar do assédio que diz sofrer de todos os lados. “É muito cedo, tem muita água para correr debaixo da ponte”, diz.

De ônibus 1

O Sindicato das Empresas do Transporte Coletivo de Curitiba volta a afirmar que não há como o setor aceitar tarifa técnica inferior a R$ 4,57. Estudos encomendados pelo Setransp à consultoria Ernest Young indicam que o número de passageiros pagantes caiu nada menos que 20% nos últimos cinco anos, reduzindo a proporção.

De ônibus 2

Quem quiser pode traduzir os argumentos do Setransp de várias formas. A primeira é que, mantida a tarifa do usuário em R$ 4,25, decretada por Rafael Greca, é impossível às concessionárias aceitar a reivindicação de reajuste de 15% que fazem motoristas e cobradores; no máximo, dá para chegar em 5,5%. Não se descarta greve da categoria se as partes não chegarem a um acordo – o que deveria ter acontecido já antes do dia 26 de fevereiro.

De ônibus 3

Outra forma de traduzir a insistência do Setransp: as concessionárias não estão dispostas a atender à promessa que Greca fez ao eleitorado de que a frota de ônibus seria renovada. Duas soluções impensáveis para o impasse: o poder público volta a subsidiar o sistema ou a prefeitura decreta novo aumento da passagem para dar o que os empresários querem.

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