“Volta Curitiba!” era o grito de guerra do então candidato Rafael Greca durante a campanha eleitoral. Não só o slogan foi eficaz – ganhou a eleição – como o prefeito está procurando cumprir a promessa ao pé da letra. Exemplo disto pode ser encontrado em duas áreas muito sensíveis: saúde pública e moradores de rua.
Em 2012, fim da gestão prefeitural do médico Luciano Ducci, apenas uma das 110 Unidades Básicas de Saúde (UBS), que o povo conhece por “postinho”, atendia em horário estendido – isto é, ficava aberta para atendimento a pacientes até às 22 horas. Era a UBS de Santa Felicidade.
Ao longo dos anos seguintes, o horário estendido foi ampliado para outros nove postos – um em cada regional administrativa da cidade – totalizando dez os locais onde a população poderia buscar socorro para casos menos graves de saúde. A providência foi útil para diminuir a procura pelas UPA’s (Unidades de Pronto Atendimento), cuja função é prestar assistência a casos de maior complexidade.
Pois bem: em menos de quatro meses, Curitiba já quase “voltou” a 2012, quase quatro anos. Com exceção de duas UBS (a mesma de Santa Felicidade e outra no bairro Concórdia), todas as demais agora voltaram a encerrar o expediente às 19h e não mais às 22h.
Por que aconteceu isto? Segundo a secretaria municipal de Saúde, a eliminação do horário estendido foi recomendação do Conselho Municipal de Saúde, formado por 36 entidades governamentais e comunitárias, que teria alegado que a demanda de pacientes era pequena durante o período e não “compensava” deixar os postos abertos até mais tarde. Soa estranha a justificativa, mas o presidente do Conselho, Adílson Tremura, que nesta quarta-feira (19) estava em Brasília, não pôde ser contatado pela coluna para confirmar a informação.
Um dos postos que já não funcionam à noite é o da praça Ouvidor Pardinho, que até há pouco dispunha de estrutura para atendimento aos moradores de rua. Era lá que funcionava em caráter permanente um “consultório na rua” – uma das vans que percorrem a cidade prestando serviços médicos, odontológicos, de enfermagem e psicológicos a moradores de rua. No horário estendido – mais adequado para o caso – funcionava a base de controle dos atendimentos e de agendamentos para este público carente.
O Movimento Nacional da População de Rua já oficiou o Ministério Público pedindo sua intervenção para resolver problema. E está também recorrendo diretamente ao prefeito Rafael Greca e ao secretário de Saúde, João Carlos Baracho, para que se expliquem.
“Brigão” não
Beto Richa diz que as delações que atribuem a ele o codinome de “Brigão” certamente não lhe dizem respeito e, portanto, são falsas. É que o apelido não combina, pois numa entrevista à TV Bandeirantes se definiu como “pessoa serena, respeitosa, educada”. Logo, as denúncias que o indicam como beneficiário de doações em caixa 2 feitas pela Odebrecht não são verdadeiras. Não reclamou, contudo, da alcunha de “Piloto”, como também se referiam a ele as planilhas da Odebrecht que registravam doações. Neste caso os delatores não mentiram?
Caso único
Dentre as dezenas de condecorados com a Ordem Militar, em solenidade comemorativa ao Dia do Exército nesta quarta-feira (19), em Brasília, havia um só político – o senador paranaense Alvaro Dias. Nenhum outro senador, deputado, prefeito ou governador recebeu a comenda, fato sintomático nestes dias agitados pela Lava Jato. O comandante do Exército, general Eduardo Villas Boas, indiretamente justificou a não inclusão de mais políticos ao lembrar, no seu discurso, “a aguda crise moral, expressa em incontáveis escândalos de corrupção, que compromete o nosso futuro”. Também sintomaticamente, outro homenageado foi o juiz Sergio Moro, que conduz a Lava Jato.