Se a eleição fosse hoje, o prefeito Gustavo Fruet estaria fadado a perder o cargo para Ratinho Jr., tanto no primeiro quanto no segundo turno – num caso e outro por uma diferença de 4 a 6 pontos porcentuais respectivamente. Os números já são conhecidos para quem leu a Gazeta do fim de semana, que reproduziu a primeira parte da sondagem feita pelo Instituto Paraná Pesquisas dias antes do Natal.
É bom ter cuidado com os primeiros índices. Muitos ainda se lembram das pesquisas realizadas às vésperas da eleição de 2012. Nelas, Fruet perdia em todas, amargando um distante terceiro lugar, atrás de Ratinho e do então candidato à reeleição Luciano Ducci. O Ibope, por exemplo, cravou na boca de urna que Ducci chegaria ao segundo turno sete pontos à frente de Gustavo, um erro histórico.
Com exceção da pesquisa de boca de urna – feita, portanto, após a votação –, a discrepância entre o resultado final da eleição e as pesquisas realizadas semanas antes ou às vésperas do pleito não prova que estivessem erradas. Elas podem ter captado a realidade do momento das entrevistas, mas não o cenário que só se configuraria no dia do pleito.
Alvaro Dias assina no início do ano a ficha de filiação ao Partido Verde (PV), abandonando o PSDB que o elegeu três vezes senador. Já no dia 16 de janeiro aparece na tevê em programa político do partido com postura de quem pretende se lançar candidato à Presidência da República. Leva para o PV uma penca de políticos de vários estados. Dentre eles – especula-se – o prefeito de Londrina, Alexandre Kireeff.
Numa elegante festa de casamento realizada no buffet Nuvem de Coco, sentou-se em torno da mesma mesa a nata do poder estadual: o presidente do Tribunal de Contas, Ivan Bonilha, o primo distante Luiz Abi, o secretário do Cerimonial, Ezequias Moreira, e o dono da Empo, empreiteira preferencial desde os tempos da administração municipal. O “japa bonzinho” da PF não estava presente. A festa acabou sem registro de incidentes.
Logo, chega a ser ingênuo olhar a presente pesquisa imaginando que ela já reflita uma tendência imutável durante os próximos dez meses que ainda nos distanciam da eleição. Tudo pode acontecer neste longo período, diria o conselheiro Acácio.
Pode mudar, inclusive, o péssimo humor que os curitibanos devotam a Dilma Roussef e a Beto Richa, conforme também mostrou a segunda parte da pesquisa. Hoje, candidatos apoiados por eles perderiam votos: 55% disseram que jamais votariam num candidato abençoado pelo governador, índice parecido com 58% que não votariam nos apoiados pela presidente.
Se mantidas as taxas de rejeição a Beto e Dilma, é possível que Gustavo Fruet – que se livrou do estigma do PT desde que este se desligou da administração – ganhe pontos em relação a Ratinho Jr. e/ou a Luciano Ducci, ambos pertencentes ao círculo político de Richa. Tadeu Veneri, candidato do PT apoiado por Dilma, crescerá menos do que suas qualidades políticas e pessoais recomendariam.
Assim como Fruet, também navega fora do arco de Dilma e Beto o jovem deputado Requião Filho, candidato pelo PMDB, que aparece em quarto lugar, grudado no terceiro, o ex-prefeito Rafael Greca (PMN), igualmente longe do governador e da presidente.
Requião Filho segue a linha do pai, o senador e presidente do partido no Paraná, que tem mantido um comportamento pendular em relação à presidente (ora a defende, ora a critica pela política econômica). O filho ganha pontos pela postura oposicionista ao governador, especialmente junto ao professorado.
A Greca se reserva o mesmo papel de demolidor que exerceu na eleição passada: ficou com modestos 10% em 2012, mas foi um dos responsáveis pela derrocada de Ducci. Agora, apesar do pouco tempo que o nanico PMN lhe dará na televisão, certamente assestará suas perigosas baterias irônicas contra Gustavo Fruet.
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