Começam hoje os 45 dias de propaganda eleitoral gratuita no rádio e televisão. É o momento em que, de fato, os candidatos a governador mostrarão sua cara ao distinto público visando a captar sua atenção, a convencê-lo e a emocioná-lo com suas mensagens e, sobretudo, a conquistar seu voto objetivo final que dá sentido e substância à campanha.
Até aqui, passados também já 45 dias da oficialização das candidaturas, não é possível ainda afirmar que o eleitorado já conheça o suficiente dos candidatos para que mereçam, sem mais delongas, sua preferência na urna. Conhece, é bem provável, a história política de cada um e o que já fizeram na vida pública, mas não necessariamente o que pretendem fazer pelo estado que querem governar.
É a partir de hoje que Beto Richa e Osmar Dias vão poder massificar suas propostas e suas diferenças na maneira de ver e na forma pela qual se propõem a administrar o Paraná; as ênfases que darão a esse ou àquele setor; se se voltarão mais ao social ou à infraestrutura; se se dispõem a mudar "isto que aí está" ou a dar continuidade às políticas do passado.
Não se tome tudo o que disserem como um selo de garantia de que as coisas quando eleito um ou outro vão acontecer do jeito que propuseram. Certamente haverá, em meio ao desfile de boas propostas, algumas que eles próprios sabem ser irrealizáveis; outras estarão lá para servir como mera arma de propaganda; mais algumas para criticar as do outro. O conjunto, pois, deve ser visto não apenas como um rol de boas intenções aquelas das quais o povo diz que o inferno está cheio mas também como de sérias e honestas proposições. Afinal, não se deve comparar os dois candidatos que a partir de hoje vão testar nossa simpatia como "odoricos" interessados apenas em ganhar a eleição sem pensar no interesse coletivo. Antes de dar o voto na urna, merecem um voto de confiança se, sobretudo, o discurso de agora referendar o passado que deles conhecemos.
Por isso assistir aos programas eleitorais nem de longe será tempo perdido, pois com certeza emergirão deles perfis de comportamento, linhas políticas, tendências ideológicas, projetos factíveis atributos indubitavelmente úteis para a definição de em quem votar. Recomenda-se, neste sentido, atenção, muita atenção. É um dos poucos instrumentos que o eleitor tem para separar o joio do trigo.
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Olho vivo
Diferente 1
O candidato Osmar Dias deu uma demonstração, ontem, de que decidiu seguir o conselho de alguns de seus mais próximos assessores o de que deve desgrudar sua imagem da de Roberto Requião. A estagnação ou queda nas pesquisas vinha sendo atribuída ao fato de Osmar vir se apresentando como continuador das ideias e programas do ex-governador como ficou claro, por exemplo, na chuva de confetes que despejou sobre Requião ao longo do primeiro debate na TV Bandeirantes, quinta-feira passada.
Diferente 2
Ontem, contudo, ao ser entrevistado na Band News pela jornalista Joice Hasselmann, pela primeira vez Osmar criticou com alguma aspereza pontos sensíveis da administração passada. A ineficiência quanto à segurança pública e o Porto de Paranaguá foram alguns dos itens levantados pelo candidato. Mais: "Mantenho tudo o que falei do governo Requião em 2006", disse Osmar. A pergunta é: esta linha será mantida durante a campanha ou o que foi dito ontem foi apenas ocasional?
Passivo
Como a Justiça é sabidamente morosa, ações contra o estado do Paraná e o ex-governador Roberto Requião iniciadas há anos somente agora estão dando seus passos finais. É o tal passivo judicial de que se falava há tempos que seria deixado para os contribuintes e para o próprio Requião. Uma das ações, promovida às vésperas da eleição 2006 pelo presidente do PPS, Rubens Bueno, teve o resultado anunciado ontem: o ex-governador foi condenado a ressarcir o Tesouro dos gastos com a publicação de um jornal em que, a pretexto de divulgar obras de governo, fazia propaganda pessoal do então candidato à reeleição. A ação foi defendida pelo advogado Luiz Fernando Pereira, que já contabiliza em dezenas as vitórias judiciais contra Requião.
De quem são?
A oposição na Assembleia entrou ontem com pedido de informações sobre o destino que Eduardo Requião deu aos móveis e equipamentos do Escritório de Representação do Paraná em Brasília. Desapareceu quase tudo de lá. Os deputados querem saber que direito tinha o ex-chefe da repartição de levar o material embora.
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