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A pesquisa Ibope/RPC*, divulgada ontem à noite, mostra a inversão das curvas entre os candidatos Beto Richa e Osmar Dias. Na sondagem anterior, realizada duas semanas antes, o candidato tucano havia alcançado 50 pontos, enquanto o pedetista figurava com 34, uma diferença de 16 pontos porcentuais entre eles. Nesta, Richa aparece com 47 e Osmar com 38. As curvas não se cruzaram, mas a diferença diminuiu para 9 pontos.

Efeito Lula? É possível. Os pesquisadores do Ibope foram a campo entre os dias 6 e 8. Assim é provável que o resultado de fato reflita o comício que o presidente fez em Foz do Iguaçu no dia 2 passado em favor de Osmar e Dilma. Coincidência ou não, a pesquisa mostra que Dilma também cresceu 4 pontos no mesmo período no Paraná, passando de 43 para 47. O adversário Serra caiu de 40 para 34 – seis pontos de perda em 15 dias, o dobro do que perdeu o aliado Beto nessas duas semanas.

Pesquisa não pode ser analisada visualizando uma só rodada. A tendência real do eleitorado se mede quando há uma sequência de rodadas, mediante a qual é possível traçar as tais curvas de que tanto gostam de falar os analistas. Entretanto, a rodada do Ibope de ontem comparada com as anteriores pode fornecer alguma pista.

Se desde julho a curva ascendente de Richa parecia consistente, autorizando previsões de que ele ganharia a eleição com facilidade, a de ontem mostrou que a tendência foi interrompida e até caiu um pouco, ainda que dentro da margem de erro. Com Osmar aconteceu o contrário: em queda ou estagnada, a linha de progressão deu uma leve guinada para cima, ainda que também próxima da margem de erro.

O eleitorado do Paraná estaria mudando sua tendência? Se for isso, considerando os valores de queda de um e de subida de outro no espaço de 15 dias, e na hipótese de que as próximas pesquisas continuem desenhando as mesmas variações, pode-se supor que dentro dos 23 dias que faltam para a eleição cheguemos a um quadro, no mínimo, de empate técnico. Eleição apertada.

Fatos novos, é verdade, podem interferir nas tendências. Beto precisa criar nas próximas semanas situações positivas capazes não só de estancar a queda como também de recuperar o terreno perdido. Da mesma forma que Osmar Dias, que não pode vacilar. Este aposta que as duas vindas previstas de Lula ao Paraná serão capazes de fazer as curvas se cruzarem.

(*) A pesquisa ouviu 1.512 pessoas em todo o Paraná entre 7 e 10 de agosto. Está registrada no TRE sob o nº 21.413/2010. A margem de erro é de 3 pontos porcentuais.

Lavoisier entra na campanha

Antoine Lavoisier, francês que viveu no século 18, é considerado o "pai da química moderna". É dele o enunciado segundo o qual "na natureza nada se cria, nada se perde; tudo se transforma". Adaptado à política, substitua-se o "tudo se transforma", por "tudo se copia" – pois os programas de televisão da noite de anteontem dos dois candidatos ao governo parece que foram feitos exatamente para demonstrar a teoria de Lavoisier.

Beto Richa citou três projetos que pretende desenvolver caso eleito. Um deles é a extensão para todo o estado de uma ideia que funciona em Curitiba – o Armazém da Família, que oferece a famílias cadastradas produtos de supermercado a preços mais baixos. "É projeto antigo", explicou Richa, mas, prudentemente, para que não voltem a lembrar de suas origens lernistas, evitou informar que o criador do Armazém foi de Jaime Lerner num de seus três mandatos à frente da prefeitura de Curitiba.

De Lula, prometeu dar mais amplitude ao Bolsa Família. Vai criar o Bolsa Paraná, por meio do qual dará mais R$ 50 para cada família beneficiária do programa federal para melhorar as condições de alimentação dos assistidos.

Foi adiante nas cópias. Disse que nem vai mudar o nome dos programas Luz Fraterna e Leite das Crianças, criados e implantados pelo ex-governador Roberto Requião. Não só elogiou tais programas, como anunciou a intenção de ampliá-los, para atender mais gente.

Em outra aparição na televisão, Richa citou a Irrigação Noturna, também um programa do governo Requião que ele tornará maior e melhor, para permitir que mais produtores rurais irriguem suas terras à noite pagando tarifas reduzidas de energia.

Para quem critica Osmar Dias por ter-se aliado a Requião e a Lula, e por tê-lo acusado também de lernista, ficou parecendo que Richa dispensa Osmar e prefere ele mesmo seguir os passos da trinca toda – Lerner, Requião e Lula.

"Assim não vale!", teria exclamado Osmar Dias – que já prometeu, com poucas variações, as mesmas coisas – ao assistir ao programa de Beto. Mas em seguida entrou o seu. E o que veio? Veio junto o presidente Lula derramando elogios a Osmar e este retribuindo com outros tantos, extensivos a Dilma Rousseff. E também vieram as promessas: se eleito, vai recorrer a Lula em busca de orientação sobre o que fazer como governador do Paraná...

Lavoisier tinha razão.

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