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Alvaro Dias: os partidos no Brasil “preferem o que é retrógrado” | Henry Milleo/ Gazeta do Povo
Alvaro Dias: os partidos no Brasil “preferem o que é retrógrado”| Foto: Henry Milleo/ Gazeta do Povo

Olho vivo

Culpado...

O ex-diretor geral da Assembleia Legislativa Abib Miguel, o Bibinho, terá de cumprir 19 anos de cadeia em regime fechado por peculado, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. A sentença da juíza Ângela Ramina, da 9.ª Vara Criminal, saiu na última quinta-feira, mas só foi conhecida ontem. Outros réus que atuaram com Bibinho em desvios na Assembleia – e citados na série Diários Secretos deste jornal – foram condenados em decisões anteriores.

... ou inocente?

O advogado de Bibinho, Eurolino Reis, promete recorrer. Mantém o antigo argumento: a fortuna que seu cliente amealhou não proveio de corrupção, mas da soja que plantou numa fazenda comprada no Cerrado a preço de banana em 1976. Além disso, Bibinho nem teria autonomia para praticar os atos que lhe são imputados. Pergunta-se ao advogado: se Bibinho é inocente, de quem é a culpa?

"Nunca, governo algum elegeu sucessor ostentando apenas 39% de aprovação. Só devastadores equívocos oposicionistas podem justificar esta gritante contradição: governo condenado/presidente eleita!" A opinião é do senador Alvaro Dias, tucano que figura entre os poucos cardeais da oposição ao PT e ao governo federal, em artigo que assinou para o próprio blog, lamentando a falta de democracia interna dos partidos quando se trata de escolher candidatos.

Embora sem citar o caso do correligionário Aécio Neves, ungido pelo PSDB como candidato da legenda em oposição à reeleição da petista Dilma Rousseff, Alvaro lembra que os partidos políticos usam mal a autonomia e a independência que teriam para adotar um sistema mais democrático de escolha. Ao contrário do que ocorre, por exemplo, nos Estados Unidos, onde os partidos realizam eleições primárias, no Brasil as legendas "preferem o que é retrógrado e escolhem seus candidatos desprezando lideranças, militantes e a população, em autêntica consagração do atraso".

O senador paranaense é autor de um projeto aprovado pelo Senado em 2012 que, embora não torne obrigatórias as primárias, regulamenta essa possibilidade. O processo seria acompanhado e fiscalizado pela Justiça Eleitoral e os meios de comunicação poderiam promover debates públicos entre eles até o mês de junho do ano em que se realizarem as eleições. Encaminhado à Câmara, o projeto lá adormece.

Pelo sistema atual, "a disputa eleitoral – afirma Alvaro – perde muito do seu encanto e a oposição desperdiça a oportunidade de manifestar respeito maior ao eleitor". E ao desperdiçar essa oportunidade, acrescenta, a oposição leva os analistas a considerar a presidente Dilma Rousseff como favorita, apesar de seus baixos índices de aprovação popular.

E finaliza: "Dilma pode até se reeleger, mas muito mais pelas deficiências da oposição que por méritos do seu governo que é a fotografia do fracasso em quase todas as áreas".

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