Olho vivo
Correções
No último domingo, esta coluna tratou da falta de planos e projetos do governo do estado, sem os quais é impossível obter do governo federal e de agências de financiamento recursos necessários para investir em infraestrutura. A coluna recebeu do governo duas correções. A primeira: a BR-158 ligará Campo Mourão à BR-277 (e não a Cascavel, como erroneamente foi mencionado). A segunda: que a licença ambiental para que o governo federal inicie esta obra foi liberada há dez dias e, não, como disse a coluna, estivesse cassada desde janeiro. Pelo jeito, o governo concordou com as demais críticas por considerá-las corretas.
Coincidência? 1
A TV Educativa melhorou muito sua programação desde que deixou de ser o Pravda eletrônico do governo Requião. Com Richa no governo, a emissora incluiu na programação excelentes conteúdos produzidos pela TV Cultura de São Paulo, incluindo o Jornal da Cultura. Na última sexta-feira, no entanto, esse telejornal transmitido em rede nacional dedicou grande reportagem sobre a persistência do nepotismo no Paraná, citando os casos da mulher e do irmão do governador ocupando cargos.
Coincidência? 2
Coincidência ou não, o fato é que, na segunda-feira, o telejornal não foi retransmido pela Educativa. Em seu lugar, apenas uma reportagem sobre a Academia de Letras do Paraná.
Há muita gente aflita para que Gustavo Fruet decida logo o que vai fazer da vida se fica no PSDB ou toma outro caminho para viabilizar sua candidatura a prefeito. A aflição atravessa vários meridianos, de Norte a Sul, de Brasília a Curitiba. Pois é somente a partir dessa definição que as pedras do tabuleiro político vão mesmo começar a se arrumar.
Esse sai-não-sai não é questão tão simples quanto possa parecer. De um lado, está um governador que, ao mesmo tempo, é presidente e líder natural do PSDB paranaense. Que quer a reeleição de Luciano Ducci, não quer dar a vaga a Fruet mas também não quer que ele saia do partido. Contudo, nunca diz isso em público. Não tomou até agora a iniciativa de declarar que seu candidato é Luciano e que Fruet deve mesmo sair de fininho.
Tudo indica que Beto Richa quer que Fruet tome a iniciativa de anunciar a saída do PSDB. Seria, para ele, a situação mais confortável, pois o desobrigaria de demonstrar ter coragem de assumir posições. Se Gustavo decidir primeiro, caberá a Beto Richa apenas pronunciar alguns lamentos e dizer que, já que Fruet pulou para o lado a oposição, não lhe resta alternativa senão a de apoiar o velho e leal companheiro Luciano Ducci.
O impasse está criado, porque Gustavo não se sente obrigado a sair do PSDB. Ninguém do partido, nem mesmo Richa, disse ainda que não o quer candidato. Mas também ninguém disse que o quer com exceção do vice-presidente Valdir Rossoni, voz quase isolada em meio à maioria de funcionários comissionados do governo e da prefeitura que votam na convenção.
Gustavo ouviu de tudo até agora nada, porém, que lhe dê certeza de que contará com a vaga de candidato. Já lhe ofereceram secretarias de estado; já lhe asseguraram vaga de candidato a senador em 2014, já... Tudo, menos o principal. Mas também não chegaram a negar-lhe o direito de "disputar" a vaga de candidato.
Ou seja: Gustavo está sendo cozinhado em banho-maria há oito meses, desde que saiu da eleição de 2010 quase eleito para o Senado com a promessa de que lhe seriam dadas todas as condições para concorrer à prefeitura. Promessas não cumpridas, como logo se percebeu.
O impasse se aprofunda quando Gustavo, bem acomodado no PSDB e cortejado por seus líderes nacionais, não quer nem se sente à vontade para se despedir do partido sem que peçam para que saia. Se o fizer, dará o pretexto a Richa de que só lhe resta apoiar Ducci porque Gustavo abandonou o PSDB para abraçar a oposição.
Então, que não se espere para tão logo o "tchau" de Gustavo. A iniciativa não cabe a ele, mas ao PSDB e ao seu comando (leia-se Beto Richa). Portanto, só mesmo se o governador tomar coragem de se posicionar publicamente em favor de um ou de outro é que a situação ficará clara para todos.
Mas o governador há de? Quem o conhece bem, acha que não: enquanto puder, ele manterá a maldisfarçada indefinição, comportamento mais coerente com a própria história. Basta lembrar a eleição de 2006, quando, por meses, ainda prefeito de Curitiba, balançou entre apoiar Requião e Osmar na eleição de governador. Só no segundo turno encontrou a solução: apoiou Osmar e liberou seu vice, Luciano, para apoiar Requião.
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