"Nosso compromisso é com os mais carentes, com os mais pobres. É por isso que governamos de acordo com a Carta de Puebla."

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De Roberto Requião, cheio de fé, ao discursar para os fiéis que participaram da missa do trabalhador, ontem, no Centro Cívico.

No último dia 23 de abril, durante a reunião do Projeto Mãos Limpas, o governador Roberto Requião revelou que pretende se antecipar a uma possível nova denúncia da oposição. Por isso, segundo disse na ocasião, mandou o Ministério Público investigar informações que lhe teriam chegado por meio de vários deputados e prefeitos envolvendo a Secretaria do Desenvolvimento Urbano e o Paranacidade.

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Os prefeitos denunciam ter sido pressionados a contratar empresas indicadas pela secretaria e pelo Paranacidade para elaborar o plano diretor – requisito de apresentação obrigatória por parte dos municípios para obter verbas estaduais.

Uma busca na Agência Estadual de Notícias revela que o vencedor das licitações para produzir planos diretores em alguns dos municípios mais importantes do Paraná é o consórcio Logit-Logitrans.

O curioso é que uma empresa chamada Logitrans envolveu-se em um escândalo em Ponta Grossa em 2003 (venceu com fraude a licitação para fazer o plano diretor do sistema de transportes da cidade). O caso rendeu uma CPI na Câmara Municipal que atingiu o então prefeito Péricles Holleben de Mello, do PT, recentemente nomeado para uma diretoria da Sanepar.

De quem é a Logitrans? O jornalista Altair Ramalho, do Diário da Manhã de Ponta Grossa, ao comentar a CPI sobre o caso Logitrans, em matéria de 30 de janeiro de 2004, responde: "Ainda serão convocados para a contradança figuras como as de Claudimar Barbosa, secretário municipal da Administração e Negócios Jurídicos; Garrone Reck e Stênio Jacob, da Logitrans".

A Logitrans – Logística e Engenharia de Transportes Ltda. surgiu em 1997, ano em que Stênio Jacob assumiu a Secretaria de Obras de Blumenau a convite do prefeito Décio Lima, do PT. O primeiro cliente da empresa foi justamente a prefeitura de Blumenau.

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Já apareciam ali nomes como Antonio Carlos Marchezetti e Garrone Reck. Os mesmos apontados como diretores da Logitrans em 2003 (quando explodiu o escândalo da licitação fria em Ponta Grossa).

Em abril 2005, associada à paulista Logit, a Logitrans abocanhou os planos diretores de Londrina, Paranaguá, Arapongas, Apucarana e Guarapuava.

Lei estadual exige de todos

A denúncia dos prefeitos sobre pressões para contratar a elaboração de planos diretores encontra respaldo nas estatísticas do próprio governo estadual. Os números oficiais, publicados na Agência Estadual de Notícias, sugerem que existe uma febre: nada menos que 288 municípios – ou 72% das 399 prefeituras do Paraná – estão concluindo ou já aprovaram os seus planos diretores. O estado ultrapassou em muito as determinações do Estatuto das Cidades, que exige o documento apenas de municípios com mais de 20 mil habitantes e os que integram regiões metropolitanas. Por esses critérios, apenas 101 das 399 cidades paranaenses seriam obrigadas a ter plano diretor. No início do governo, eram apenas 26. Em junho de 2006, porém, Requião assinou a Lei 15.229, que, em seu artigo 4.º, estabelece que o estado "somente firmará convênios de financiamento para projetos e obras de infra-estrutura, equipamentos e serviços" com municípios que disponham de plano diretor, independentemente de tamanho ou localização.

Olho vivo

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Medo da CPI 1 – Logo depois de discursar ontem à tarde na Festa do Trabalhador, Requião subiu para o 3.º andar do Palácio Iguaçu acompanhado de alguns amigos – dentre eles o deputado Luiz Cláudio Romanelli, seu líder na Assembléia. Testemunhas afirmam ter notado a preocupação do governador quanto à possibilidade de ser criada a CPI da Sanepar. Teria cobrado de Romanelli mais forte atuação para evitá-la.

Medo da CPI 2 – O tema dominante da conversa do grupo seriam os excessivos gastos com a publicação de editais da Sanepar. Recursos teriam sido direcionados para jornais que hoje negam tê-los recebido a qualquer título. O dinheiro teria ido parar em outro lugar? Essa é a pergunta de Requião, que teria exigido rigorosa apuração antes que a oposição o faça.

Sem resposta – Os hospitais psiquiátricos do Paraná ainda estão à espera do socorro do governo estadual para evitar o fechamento de suas portas. Eles querem que o estado complemente com mais R$ 22 a diária de R$ 28 que recebem do SUS, insuficiente para manter o internamento e tratamento dos pacientes. Os hospitais argumentam que o único estabelecimento mantido pelo governo no Paraná, o Adauto Botelho, gasta oito vezes mais do que os particulares, embora esteja livre de tributos e receba medicamentos de graça.