O jogo duro de obstrução que a oposição fez ontem na Assembléia obrigou o governo a retirar da pauta o requerimento que pretendia transformar o plenário em comissão geral medida destinada a acelerar a aprovação do projeto de Requião de colocar a Copel na disputa por estradas pedagiadas. Tudo a toque de caixa.
O projeto do Copeldágio apelido espirituoso dado pelo titular do www.maxblog.adv.br, advogado Rogerio Distéfano precisa tramitar em regime de urgência, já que o prazo para apresentação das propostas para o leilão termina dentro de 17 dias.
A intenção do governo era atropelar o moroso trâmite do projeto pelas comissões da Casa. O plenário, numa só sessão, se incumbiria de todos os procedimentos regimentais. Com o que a oposição não concordou, pois, segundo seu líder, o deputado Valdir Rossoni, a aprovação do projeto sem maiores discussões equivale a conceder a Requião "uma carta branca que lhe permitirá fazer o que bem entender, por decreto, sem ouvir a Assembléia". O vice-líder da oposição, Élio Rusch, completou: "Com esse projeto, nós continuaremos andando na contramão. Ao invés de se preocupar com as condições básicas do estado, o governador inventa moda. Ele que cuide das rodovias estaduais".
Diante da reação oposicionista e da obstrução, o presidente Nelson Justus chamou os líderes partidários para negociar uma saída. Após longa reunião, o líder governista, Luiz Cláudio Romanelli, concordou não sem antes obter autorização do governador em levar à Assembléia, às 13 horas de hoje, um grupo de técnicos para explicar os obscuros termos do projeto. O debate se dará na Comissão de Constituição e Justiça e, só depois disso, Justus decidirá se o projeto volta a tramitar em regime de urgência.
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Efeito Copeldágio: as ações caíram
As ações da Copel tiveram ontem a segunda maior queda na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Num só dia, com a desvalorização de 5,35% (nas ações PNB) e 3,39% (ações ordinárias), os investidores acumularam uma perda calculada em R$ 142 milhões.
Analistas se recusam a afirmar categoricamente que o anúncio da pretensão da Copel de entrar no ramo do pedágio foi o fator determinante da queda, já que ontem foi um dia de perdas gerais no mercado acionário. A Bovespa fechou com 0,6% de queda média.
Os mesmos analistas, no entanto, não descartam a hipótese de que recai mesmo sobre a decisão do governador Roberto Requião de fazer a empresa aventurar-se num negócio no qual não tem experiência grande parte da responsabilidade pelo prejuízo. O raciocínio é simples: a desvalorização dos papéis da Copel foi muitas vezes maior do que a média da Bovespa e bem maior também do que a observada nas ações das demais companhias energéticas negociadas na bolsa.
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Olho vivo
Sem pais 1 Todos os citados na coluna de ontem como prováveis sócios na Copeldágio trataram de negar ou fugir do assunto. O primeiro a fazê-lo foi o Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas (Setcepar), alegando que a legislação não permite a entidades sindicais envolver-se em negócios empresariais.
Sem pais 2 O advogado Maurício Xavier, dono da C.G. Construtora, diz que sequer dispõe de capital para entrar num empreendimento tão vultoso. Já a Construtora Norberto Odebrecht preferiu o silêncio.
Sem pais 3 Ontem surgiu a versão de que, na verdade, estariam sendo montadas três diferentes associações entre a Copel e empresa privadas para disputar o leilão. Cada uma delas concorreria a um dos três trechos que serão pedagiados e interessam ao governo.
Dobradinha 1 Começam a tomar consistência as conversações que poderão levar o senador Osmar Dias a abandonar a aliança com Beto Richa e a apoiar a petista Gleisi Hoffmann na eleição para a prefeitura de Curitiba. Há motivos de parte a parte para explicar o animado diálogo que se desenrola nos bastidores.
Dobradinha 2 Do lado de Osmar Dias, a principal razão para apartar-se de Beto Richa seria a sinalização que este tem dado de que pretende manter o atual vice-prefeito, Luciano Ducci, como companheiro de chapa. Luciano, que na eleição de 2006 apoiou Requião, é tido como um dos responsáveis pela derrota de Osmar por apenas 10 mil votos.
Dobradinha 3 O senador não "engole" a traição e quer que a posição seja ocupada por um pedetista, no caso o deputado Luiz Carlos Martins.
Dobradinha 4 O PT já percebeu as vantagens de uma aliança com Osmar e acena com a oferta da vaga de vice. E mais: se comprometeria também a apoiar Osmar Dias na eleição de 2010 para o governo .
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"O Estado do Paraná só não está na UTI por falta de leitos."
Do deputado Élio Rusch, vice-líder da oposição na assembléia, ontem, durante a obstrução para barrar a tramitação do projeto que quer transformar a Copel em concessionária do pedágio.
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