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O que teria levado o governador Beto Richa a pedir que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) assuma as investigações sobre a corrupção na Receita Estadual, tirando-as dos promotores do Gaeco de Londrina? A primeira leitura que se pode extrair da iniciativa é bem simplória: o governador teria confessado por antecipação seu envolvimento no caso. E isso é inteligente? Aos olhos dos leigos não, mas quem conhece as complexas tramas processuais viu na iniciativa de seus advogados uma boa dose de esperteza preventiva.

O pedido, no entanto, bateu na trave: o ministro do STJ João Otávio Noronha disse “não”, sob o argumento de que a medida “provocaria prejuízos à marcha do inquérito”. Isto é, não viu razão para tirar o Gaeco do bom trabalho que tem feito até agora.

De qualquer modo, Richa e seus advogados mostram ter aprendido a lição que a Operação Lava Jato e o juiz Sergio Moro estão ensinando. Ao ouvir os delatores mencionarem governadores e parlamentares, Moro nada mais fez até agora do que registrar suas declarações e agregar a elas as eventuais provas ou indícios de envolvimento levantados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal. A imprensa, quando tem acesso, apenas faz o seu papel dando nome aos grandes bois.

Moro, juiz de primeira instância, não levou a julgamento nenhum detentor de foro privilegiado. Simplesmente empacotou os autos referentes aos figurões da política e os remeteu para o Supremo Tribunal Federal (STF). Quando lá chegaram, ao ministro sorteado Teori Zavascki já nada mais tinha a fazer senão revelar publicamente os nomes de todos eles.

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A “inteligência” dos advogados de Richa reside exatamente nisto: eles tentaram evitar a falação dos delatores e não dar tempo ao Gaeco para reunir – se existirem – provas sobre suposto envolvimento do seu cliente. O melhor, então, é tirar da jogada o quanto antes os promotores de Londrina.

Isto é, com o caso passando a ser conduzido pelo STJ em razão do foro privilegiado de que goza o governador, todo o resto caminharia sob o mesmo manto discreto e moroso típico dos tribunais superiores – sem mais os escandalosos vazamentos que dia sim e outro também citam o nome de Richa. São esses vazamentos que atormentam o governador e são a razão para requerer a transferência de foro.

Por enquanto, salvo referências de delatores – que não têm valor de prova – nada pesa contra Beto Richa. Portanto, pela lógica dos leigos, o governador não precisaria se antecipar, mesmo porque, se indícios graves aparecerem, o Gaeco imediatamente terá a obrigação de remeter para o STJ tudo o que disser diretamente respeito a ele, independentemente da sua vontade ou iniciativa.

Mas vá que apareça e que vaze! O melhor porvir estaria tudo longe daqui, em Brasília. Foi o que inteligentemente tentaram.

olho vivo

A saga 1

O ex-deputado Cleiton Kielse, funcionário concursado de nível médio do Tribunal de Contas desde 22 de dezembro de 1993, quase nunca apareceu lá. Já logo no dia da posse pediu licença porque no mês seguinte assumiria uma cadeira na Assembleia Legislativa para cumprir seu primeiro mandato. Como foi sucessivamente reeleito, a cada quatro anos reprisava pedidos de licença do TC. Até que, em 2014, as urnas lhe foram ingratas forçando-o a se apresentar ao serviço no em 1º de fevereiro de 2015.

A saga 2

Mas já no dia 18 Cleiton entrou em licença especial referente ao quinquênio anterior. Mais: inconformado com o salário bruto de R$ 6.914,24, requereu a verba de representação de 80% que a maioria dos funcionários recebe, mesmo porque ele se diplomou em Direito em 2009 pela Tuiuti – o que, no seu entendimento, lhe daria direito à reclassificação para nível superior.

A saga 3

Seus pedidos foram rejeitados pela Diretoria Jurídica e pelo Ministério Público de Contas. Não significa que esses pareceres sejam seguidos pelas instâncias superiores do TC, às quais compete dar a palavra final, provavelmente já na próxima quarta-feira (24), dando um final feliz à saga de Cleiton.

Sem visitas

Os museus do Paraná podem ficar de porta fechada a partir desta semana por falta de vigilantes. Cerca de 80 homens não farão a guarda das instituições, o que as impede de receber visitantes. O motivo é o mesmo que se arrasta há meses: o governo não pagou uma das empresas de segurança privada responsáveis pelo serviço – apesar das tentativas de acordo apresentadas à Secretaria da Fazenda.

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